Poema no Tempo Ido
Trazia fundos marinhos
e cores apenas sonhadas
trilava na voz dos ninhos
de primaveras passadas.
Talvez fosse devaneio
ou algo a concretizar
com olhar de corpo inteiro
intempéries no olhar.
Mas sonhos são poço fundo
onde se espraia o luar
Circes e deusas do mundo
esgarçavam o seu cantar.
Ai de mim de longe venho
perdi o velho caminho
com águas da cor de estanho
e perfume a rosmaninho.
surgiram numes, poetas
paisagens de apetecer
mas tinham falas secretas
do que nunca chega a ser
um remoinho de treva
afundou-se no meu pão
misto de trigo e de esteva
mordendo o meu coração.
Marília Gonçalves

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