CANTAR
ALENTEJANO *
Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a Campina
Do sangue que então brotou
Acalma o furor Campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p’ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p’ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a Campina
Do sangue que então brotou
Acalma o furor Campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p’ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p’ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
Vicente Campinas
* Este poema foi musicado por José Afonso, no álbum «Cantigas de Maio»,
editado no Natal de 1971
UMA CANÇÃO DE PAZ
Arraza tudo que se oponha à tua
aspiração de ver a paz na terra
Que a guerra mesmo a menos crua
é sempre guerra
Ergue bem alto a força da palavra
E torna-a mais potente que o canhão
Que a guerra seja apenas sombra escrava
Da má recordação
Arraza tudo que se oponha à tua
decisão de alcançar a paz na terra
Que a guerra mesmo a menos crua
é cirme é sempre guerra
Arraza tudo que se oponha à tua
aspiração de ver a paz na terra
Que a guerra mesmo a menos crua
é sempre guerra
Ergue bem alto a força da palavra
E torna-a mais potente que o canhão
Que a guerra seja apenas sombra escrava
Da má recordação
Arraza tudo que se oponha à tua
decisão de alcançar a paz na terra
Que a guerra mesmo a menos crua
é cirme é sempre guerra
Vicente Campinas
Do livro: "Raiz da serenidade", Ed. Do autor, 1967, Portugal
Do livro: "Raiz da serenidade", Ed. Do autor, 1967, Portugal
LIBERTAÇÃO
Andorinhas de sonho fazem ninho
nos beirais
e nas janelas
da casa-esperança sob um céu de anil.
nos beirais
e nas janelas
da casa-esperança sob um céu de anil.
E neste homem sozinho
que vai acompanhando todo o mundo
no caminho
onde está encerrada a sua vida
despertam temporais nos seus corcéis
atiram-se bandeiras para a luta
incêndiosde procelas ferem fundo
na inconsequente e consequente lida
de querer ser aquilo que há-de ser
sol tempestade pão paz alegria
— simples homem irmão de toda a gente!
que vai acompanhando todo o mundo
no caminho
onde está encerrada a sua vida
despertam temporais nos seus corcéis
atiram-se bandeiras para a luta
incêndiosde procelas ferem fundo
na inconsequente e consequente lida
de querer ser aquilo que há-de ser
sol tempestade pão paz alegria
— simples homem irmão de toda a gente!
Vicente Campinas