1° de Maio Dia do Trabalhador,
1° de Maio de tanto desempregado
1° de Maio de teu sangue e do suor
pelo teu pão ganho a custo e tão contado
1° de Maio de Alentejos de searas
Marinhas Grandes de batalhas contra os Párias
desse Maio que vai de Norte a Sul
negrume imundo que cobre o céu azul
1° de Maio de ceifeiras, pescadores
dos operários fabris de cansaço e dissabores
1° de Maio para o povo português
que se desperta, vai ser Maio todo o mês!
1° de Maio quando a mesa do ricaço
ostenta o luxo que é fruto do teu cansaço
1° de Maio que renasce cada ano
entre promessas e mentiras e engano
1° de Maio é tempo de despertar
o pão que é teu e que falta amadurar
1° de Maio de colheitas por fazer
do teu suor que não pára de correr
Outros festejam entre risos, rendas, vinho
faltas herdadas desde há muito em teu caminho
hoje é o dia de te ergueres contra a desgraça
é bem maior do que o medo e a ameaça
Hoje é o Maio de sangue de Catarina
essa Mulher que foi mãe e heroína
Ondas de sal que inundaram a campina
e desse mar de labutas luto e dores
triste quinhão da vida dos pescadores
Hoje é o Maio dos artistas operários
que erguem o mundo contra ventos que contrários
levam as casas e lhes deixam por abrigo
casas ao vento onde o mês é inimigo
de longos dias a contar o mês sem fim
enquanto ricos vivem sempre no festim!
Pois se hoje é Maio vamos todos despertar
todos nós temos direito de sonhar
porque o trabalho foi regado com suor
que a alegria seja a paga do labor
o sofrimento não nos serve de salário
queremos que Abriil volte ao nosso calendário
não queremos leis dum poder que é arbitrário
Queremos Abril 25 a escrever o nosso erário
e que o Mundo se retorne em seu contrário
Marília Gonçalves