À Querida memória de minha Avó
No teu quarto minha avó
havia um mundo secreto:
perfume de pão-de-ló,
rendas de bilros no tecto,
na mesa de cabeceira
o candeeiro redondo
duma luz opalescente...
nunca soube se essa luz
era luar que descia
de teu olhar sorridente.
Tinhas os olhos azuis...
isso de estrelas de luas
perdia-se facilmente
na escuridão que há nas ruas
para vir suavemente
habitar ao pé de ti...
e eu, sorria contente
do sonho que aí vivi.
Ah, o mundo da infância
nos cuidados da avó
deslizava brandamente.
Também no teu quarto havia
armários e gavetas
e a caixa de costura
cantos de prata esculpida
que teu irmão um artista
inventara para ti.
Na magia do teu quarto
acordavam meus sentidos
havia um cheiro encerado
nos móveis adormecidos.
O meu sentir esfuziante
bem desperto e acordado
descobria tua essência
no gesto de cada instante:
havia uma transparência
uma mágica ternura
trazendo à nossa presença
o que parecia lonjura.
Tudo era compreensão
no espaço do meu sonhar...
sobre minha, tua mão
era canção de embalar.
Desapareciam os medos
iluminava-se a sombra.
Adormecia em teus dedos
minh’alma branca de pomba.
Marilia Gonçalves
No teu quarto minha avó
havia um mundo secreto:
perfume de pão-de-ló,
rendas de bilros no tecto,
na mesa de cabeceira
o candeeiro redondo
duma luz opalescente...
nunca soube se essa luz
era luar que descia
de teu olhar sorridente.
Tinhas os olhos azuis...
isso de estrelas de luas
perdia-se facilmente
na escuridão que há nas ruas
para vir suavemente
habitar ao pé de ti...
e eu, sorria contente
do sonho que aí vivi.
Ah, o mundo da infância
nos cuidados da avó
deslizava brandamente.
Também no teu quarto havia
armários e gavetas
e a caixa de costura
cantos de prata esculpida
que teu irmão um artista
inventara para ti.
Na magia do teu quarto
acordavam meus sentidos
havia um cheiro encerado
nos móveis adormecidos.
O meu sentir esfuziante
bem desperto e acordado
descobria tua essência
no gesto de cada instante:
havia uma transparência
uma mágica ternura
trazendo à nossa presença
o que parecia lonjura.
Tudo era compreensão
no espaço do meu sonhar...
sobre minha, tua mão
era canção de embalar.
Desapareciam os medos
iluminava-se a sombra.
Adormecia em teus dedos
minh’alma branca de pomba.
Marilia Gonçalves
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