À tua espera em meus lábios há trigo
em minha mão paisagem vicejante.
Na minha voz há o cantar de amigo
nascido no inicio do instante.
Sobre a colina o feno dorme louro
sorriso solar vai-se esvaindo
o teu corpo distante meteoro
acena-me de longe e vai fugindo.
À tua espera nascem-me manhãs
nós olhos que entardecem sem saber
brotam cantatas rubras e pagãs.
Até à claridade me doer
as noites eternizam-se
proximidade que nunca chega a ser.
Marilia Gonçalves