
Onde estão os cravos vermelhos?
Alguém sabe onde se colhem,
Alguém sabe onde se cultivam?
Preciso urgentemente de um cravo vermelho,
Preciso urgentemente de colocar um cravo vermelho ao peito.
Cansei-me dos cravos de estufa,
Abomino os cravos de papel que as crianças fazem na escola.
Cravos precisam-se.
Os poetas precisam de cravos vermelhos,
Os poetas já não cantam os cravos,
Os poetas sem cravos ficaram egoístas.
Carlos Maduro
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(se os poetas sem cravos rubros ficam ou se tornam egoístas... o que pessoalmente não ceio, creio sim que perdida a Esperança lhes falta o motor que os põe a produzir, fiéis ao seu intimo,o que fará aos sistematicamente insensíveis e alheios ao sofrimento geral,e pouco acostumados a reflectir sobre as consequências duma má política sobre a vida no dia a dia e a incidência sobre a vida e a sua qualidade, para eles próprios, pelo menos a deles e a dos que amam, filhos, netos, velhos pais!
Atentem no vosso voto aquando das eleições, votem com sensatez e inteligência, com reflexão! uma pequena sardinha ao alcance da bocarra do tubarão, e com a primeira vai todo o cardume, por isso votem em quem tem como vós a mesma necessidade de se defender
e não se deixem ludibriar pelas artimanhas dos esfomeados prontos a devorar tudo e todos!
Pensem, e não acreditem na falsidade do lobo que abertas as portas do curral não tem outra ideia senão a de se encher, e a dor alheia, é-lhes indiferente!
Vejam como mal dirigido e governado tem sido Portugal, vejam o custo de vida em proporção com os vossos salários, e não tornem a votar em sorrisos falsos e hipócritas! não aceitem mais que façam troça de vocês!
Votem com cérebro e com consciência dos vossos próprios interesses! Unam-se aos que tal como vós, vivem com esforço do fruto do seu trabalho, e se esfolam para dar aos filhos um presente decente e um futuro melhor.
Nao se deixem enterrar vivos, pela esperteza malévola dos interesses dos grandes que se aproveitam do vosso trabalho, para viver à grande e à francesa, enquanto nas vossas casas a vossa família vive a esticar o magro ordenado em meses cada vez mais longos!
Votem com o pensamento claro! Votem pela vossa defesa e pelo vosso direito de viver sem angústias, sem faltas do mais necessário,abram as portas à vossa alegria de viver!
o Futuro está nas vossas mãos, e no presente ainda depende dum voto!
é tão simples como isso! não deixem degradar-se mais as vossas condições de vida! Não percam o Direito de gerir as vossas vidas!
lembrem que a bilha de barro não pode aliar-se à de ferro! ou é estilhaçada. os poderosos, os ricos e os patrões são a bilha de ferro que vos pode destruir! eles têm a força do dinheiro que os defende, vocês a vossa força é unirem-se com os que iguais a vós,têm a força de quem trabalha e sabe servir-se de suas mãos! com a mesma sabedoria e clareza sirvam-se de vossos cérebros para serem donos de vossas vidas!
Enquanto estivermos em Democracia é simples! não a deixem destruir, porque ai, sim, o perigo para a reconquistar será grande e prolongado. Da última vez, levou 48 anos de lutas e sacrifícios para que a longa noite fascista, fosse vencida e a Aurora de Abril, nos devolvesse a dignidade e o Direito à Palavra! A Liberdade não pode perder-se. Não podemos deixar acorrentar o pensamento dos nossos filhos nem o nosso!
Por isso não temos direito a enganos!
25 de Abril Sempre, Viva a República, Viva a verdadeira Democracia, em que o povo tem poder de decisão, através dos seus representantes eleitos,VIVA PORTUGAL
Marília Gonçalves
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Sosígenes Costa |
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O PAVÃO VERMELHO
Ora, a alegria, este pavão vermelho,
está morando em meu quintal agora.
Vem pousar como um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.
Clarim de lacre, este pavão vermelho
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.
É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
neste pavão pomposo e de chavelho.
Pavões lilases possuí outrora.
Depois que amei este pavão vermelho,
os meus outros pavões foram-se embora.
(1937-1959)
CHUVA DE OURO
As begônias estão chovendo ouro,
suspendidas dos galhos da oiticica.
O chão, de pólen, vai ficando louro
e o bosque inteiro redourado fica.
Dir-se-á que se dilui todo um tesouro.Nunca a floresta amanheceu tão rica.
As begônias estão chovendo ouro,
penduradas nos galhos da oiticica.
Bando de abelhas através do pólenzinindo num brilhante fervedouro,
as curvas asas transparentes bolem.
E, enquanto giram num bailado belo,as begônias estão chovendo ouro.
Formosa apoteose do amarelo!
(1928)
DUAS FESTAS NO MAR
Uma sereia encontrou
um livro de Freud no mar.
Ficou sabendo de coisas
que o rei do mar nem sonhava.
Quando a sereia leu Freud
sobre uma estrela do mar,
tirou o pano de prata
que usava para esconder
a sua cauda de peixe.E o mar então deu uma festa.
E no outro dia a sereiaachou um livro de Marx
dentro de um búzio do mar.
Quando a sereia leu Marxficou sabendo de coisas
que o rei do mar nem sonhava
nem a rainha do mar.
Tirou então a coroaque usava para dizer
que não era igual aos peixinhos.
Quebrou na pedra a coroa.
E houve outra festa no mar.
(1934) Sosígenes Costa