Eu tenho um travo a trevo
Trovador
Que trila trina entorna
Poesia
Traz-me transido o coração em flor
Desfolhando a dália que desfeita
Dardeja entre pétalas perdidas.
O laço labirinto que me prende
Legado do jardim de minhas lágrimas
É a laguna azul desse lamento
Que me lamina a alma o corpo a face
como fábula ou lenda ou conto antigo
uma falua longe vem do mar
a faia da falésia é de faiança
a tinir timbres de água
Temerosa.
Como tabu de seda
Ou tafetá a arder
O tempo talismã talvez me trave
O vagaroso andar que vacilante
Vai ao vaivém dos dias
Como nave.
Vem um odor a nardo
Ou de narciso
o nauta natural
Neles navega
Neblina de sons
Que o tem cativo
Numa nesga de luz de nevoeiro
e esse travo a trevo trovador
vai rumo ao meu veleiro voador.
Marília Gonçalves