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O BLOGUE UNIVERSAL E INTERNACIONALISTA


A praça é do povo. Como o céu é do condor. É o antro onde a liberdade. Cria águias em seu calor! ...

A palavra! Vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.

Castro Alves
Jornal de Poesia

Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? / Em que mundo, em que estrelas tu te escondes / Embuçado nos céus? /Há dois mil anos te mandei meu grito / Que, embalde, desde então corre o infinito... / Onde estás, Senhor Deus?

Castro Alves


MINHA LEI E MINHA REGRA HUMANA: AS PRIORIDADES.

Marília Gonçalves

Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres.
Albert Einstein

Perguntas Com Resposta à Espera

Portugal ChamaS e Não Ouvem a Urgência de Teu Grito? Portugal em que http://www.blogger.com/img/gl.bold.gifinevitavelmente se incluem os que votando certo, viram resvalar de suas mãos a luz em que acreditavam; A LUTA CONTINUA )
Quem Acode à Tragédia de Portugal Vendido ao Poder dos Financeiros?! Quem Senão TU, POVO DE PORTUGAL?! Do Mundo inteiro a irmã de Portugal a filha. Marília Gonçalves a todos os falsos saudosistas lamurientos, que dizem (porque nem sabem do que falam) apreciar salazar como grande vulto,quero apenas a esses,dizer-lhes que não prestam! porque erguem seus sonhos sobre alicerces de sofrimento, do Povo a que pertencem e que tanto sofreu às mãos desse ditador!sobre o sofrimento duma geração de jovens ( a que vocês graças ao 25 de Abril escaparam)enviada para a guerra, tropeçar no horror e esbarrar na morte, sua e de outros a cada passo! sobre o sofrimento enfim de Portugal, que é vossa história, espoliado de bens e de gentes, tendo de fugir para terras de outros para poder sobreviver, enquanto Portugal ao abandono,via secar-se-lhe o pobre chão, sem braços que o dignificassem! Tudo isso foi salazar, servido por seus esbirros e por uma corte de bufos e de vendidos, que não olhavam a meios,para atingir seus malévolos fins!Construam se dentro de vós há sangue de gente, vossos sonhos, com base na realidade e não apoiando-os sobre mitos apodrecidos, no sangue de inocentes!!! Marília Gonçalves (pois é! feras não têm maiúscula!!!)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

TERRA FERIDA








AI AI AI AI

vejam bem o que fazem


Meu Insulto à burguesia

Este é o Povo
e quando o Povo Acorda.....
e Não esqueçam:
acorda SEMPRE
!!!!!!





A Quem Enfiar a Carapuça somente


Meu Insulto à burguesia
que apunhala a História a frio
e com cutelos e chicotes
faz correr o sangue em rio!
dos homens faz seus archotes!
Olha o homem que trabalha!
olha a mão que é mesmo mão!
se só ages em canalha que és,
monstro sem perdão
o povo um dia há-de vir
ao sol à explosão da luz
o seu devido exigir

a ti, ferida, cancro, pus!
Julgaste poder ao povo
fazer passar mais torturas
tornar outra vez de novo
noites sombrias, mais escuras?

Mas Sabes que Abril raiou!
que para trás não voltamos
o povo em fúria gritou: não esqueças,
nós aqui estamos!


Marília Gonçalves


Nota- da explicação a amigo:
pus no blogue poema que considerava resíduo do sofrimento familiar e claro meu, nunca pensei nem fazê-lo aparecer num livro,por não lhe reconhecer qualidade literária para isso, mas diante dos últimos acontecimentos, achei que forma, agora tinha pouca importância e que luta é luta e nem tudo pode ser belo quando nos despejam esterco por cima

abraço amigo e Alerta
Marília

poema com cerca de trinta anos


Súplicas Vãs



Retornemos meu amor

à Pátria amada

amigos de mansinho

presa nos olhos

a estrela da alvorada

aves risonhas de regresso ao ninho.


Marília Gonçalves


e tanto tempo volvido ainda aqui estamos!

Agora é tarde... muito tarde!

terça-feira, 27 de abril de 2010

à Memória de meu Pai





Provemos aos mortos que não os traímos devolvendo aos vivos a terra dos vivos.

Sidónio Muralha




Último Abismo



Que voz é esta que o silêncio habita
que nos sufoca, nos prende a vontade
que vozes soam na nossa alma aflita
entre o segundo e a eternidade?


À beira do abismo impenetrável
quando se cala o brilho dum olhar
cambaleantes sobre o insondável
nós olhamos, olhamos, sem conseguir pensar.



Em nosso semblante a transparência finda
a cor da parca imunda penetra-nos a face
ou é o silêncio que nos habita ainda...

E nenhum grito há que nos liberte
nem palavras nem prantos nem sorrisos
ante a verdade gélida e inerte.

Marília Gonçalves


ao meu Pai

Onde está o campo antigo

os meus infantis montes

quando eu ia contigo

escalar a poeira

de abertos horizontes?


Marília



à memória de meu pai, minha ternura

Sou ainda a menina

que levavas

a passear contigo

agora não te encontro

sinto-me sozinha

meu amigo.


Da prisão politica de meu Pai em Caxias

Se soubesses o que é

para a criança

ver o pai

ao pé dum carcereiro

a saber que o pai

apenas ali está por amor

que tem ao mundo inteiro!

Se soubesses o que é para a criança

ver o pai ao pé dum carcereiro...


Marília Gonçalves



Pai, à tua mãe



À mãe de meu pai, minha lembrada avó

meu pai nasceu acidentalmente perto de Huelva

em

Zalamea la Real


Poema a Maria

Quanto muro quanta casa que paredes

lavaste com teus olhos fontes rios

quanto chão regaste com as sedes

que te levam mundo fora, além navios


quantas urnas de sal perdido sol

caiaste com teu leite

quanto silêncio se fez no rouxinol

do flamenco aceso no teu peito?


Que trilhos, que caminhos percorreste

no obscuro tempo verdes anos

que em alva cabeleira converteste


e não lhe chamem erros, desenganos

porque hora a hora mulher em ti crescente

livre do sono dos ancestrais decanos.



Marília Gonçalves




mais estórias na História

No DESPERTAR DO 25 ABRIL DE 1974

Naquela manhã idêntica a tantas outras, meu irmão saía de casa para ir para o Liceu. Despediu-se do pai que nesse momento começara a barbear-se. Deve como de costume ter-se despedido da avô e da mãe e começou a descer as escadas do 3° andar que o separavam da rua. Precisamente no momento em que agarrou a maçaneta da porta da rua, parou surpreendido e assustado. Um grito indescritível ecoava pelas escadas, batia contra as paredes com tal força que de imediato percebeu tratar-se de grito do pai!
Subiu as escadas de quatro em quatro, a uma velocidade a que o medo obrigava (nosso pai era muito doente e por vezes havia cenas semelhantes em casa que não anunciavam nada de bom e que acabavam muitas vezes na ida de nosso pai para o hospital.
A porta de casa abriu-se ao seu chamamento. Qual não é o espanto quando depara com um pai que exultava de alegria explosiva e comunicativa!
Ora o que se tinha passado era o seguinte: enquanto fazia a barba, meu pai de transístor aceso ouviu a transmissão da noticia de que em Portugal estava a dar-se um golpe de estado. Para quem sempre acreditara na possibilidade da queda do regime salazar/caetano, nunca lhe passou pela cabeça que o golpe viesse ainda de forças mais reaccionárias, Para ele era límpido! o Golpe era de esquerda e era para libertar Portugal e seu povo. Para quem na altura se encontrava exilado desde 1962, era o concretizar do sonho, da espera de cada dia
E foi uma ronda de alegria infinda que encheu a casa
A mãe, eufórica até mais não, precipitou-se para o quiosque mais próximo onde foi comprando todos os jornais que surgiam procurando noticias mais aprofundadas.
Eu em Faro, infelizmente, como meus pais não tinham telefone (nem todos os exilados políticos tiveram exílios dourados, como foi o caso de uns quantos) não podia comunicar com eles e partilhar assim o que apesar de pouco íamos obtendo de notícias vindas de Lisboa!
A minha avó materna, que já vira muito e muitas vezes se decepcionara com anúncios logrados da queda do regime, mantinha-se num estado de fleuma, aguardando confirmação e concretização do acontecido
Mas foram dias de exuberância e excitação, de preparativos para a vinda de meu pai a Portugal, que as dificuldades agravadas pela sua doença complicavam e assim so a 4 de Maio o recebemos em Lisboa onde chegou de camioneta. Família e amigos ostentavam cravos vermelhos e eu tinha uma espécie de xaile vermelho pelas costas que cruzava sobre o coração
Assim que as aulas acabaram chegou a família toda e foi o Verão de 1974 o reencontrar de uma vida repartida por todos e partilhada por amigos e povo que começava a colher as primeiras conquistas de Abril, que dia apôs dia se concretizavam!
Num país em que os Militares eram o nosso orgulho e que passavam a fazer parte da grande família portuguesa
Por toda essa inesquecível alegria, pela fraternidade, pelo nosso olhar límpido e seguro e por quanto de bom e humano Abril nos trouxe VIVA O 25 DE ABRIL DE 1974 PARA TODO O SEMPRE
e VIVA A VIDA que o 25 de Abril compensou de quanta agrura possamos ter vivido anteriormente

Marília Gonçalves

(nota- enquanto escrevi este breve texto, todos os que partiram e que choro, meu pai, minha avó minha tia ( a viúva de Alex, Alfredo Dinis (assassinado pela PIDE) o meu avô preso 24 vezes que resistiu ao Tarrafal e tantos outros, estiveram aqui, presentes e vivos, tão vivos como o estavam no 25 de Abril de 1974, uma profunda alegria me acompanhou durante estes momentos de escrita! Essa alegria que foi de todos, durante esse período único na História da Humanidade)
Afinal os Homens podem ser positivos e bons!



Avózinha

tonalidades

Que saudades avózinha

dos contos que me contavas

quando eu ainda menina

nada sabia do tempo

e soltava minhas asas

entre sonho, pensamento.

Na tua voz me embalavas

os contos brandos macios

na voz em que mos contavas

era entre grave, serena.

A tua mão branca fina

poisava sobre a morena

cabeleira da menina.

Sentada numa cadeira

feita por teu irmão Zé

que conhecia a maneira

de transformar de moldar

com arte, sabedoria,

dos que domam a canseira

a fazer de noite o dia

sentada nessa cadeira

teu conto era mais verdade

havia na brincadeira

algo de seriedade.

No agrado de meus olhos

ao sorrirem para ti

não inventavas passado

o futuro era ali.

Presa nas tuas palavras

no azul que havia em ti

brincavam as tranças loiras

que ainda tens na memória...

teu conto era a vida inteira

tua vida, minha história.

Os anos foram passando

mas vejo o mesmo sorriso

a pairar sobre meu leito...

Meu pequeno paraíso

no teu quarto branco estreito

onde havia o mais preciso.

Ainda hoje estás sentada

na mesma eterna cadeira

embalo da meninice

a minha vida primeira:

A ternura do sorriso

que voltavas para mim

transportou-me a sábio mundo

onde o sonho principia

e começa o imaginário.

A volta do tempo ido

é que me trouxe ao que sou

entre o riso ou o gemido

o meu olhar não mudou.

Vejo tua mão na minha

acariciares-me a testa.

Avózinha


Ó minha querida velhinha

ser menina era uma festa.

Agora mulher e mãe

a tua lembrança doce

o teu vulto ao pé de mim

trazem meu dia de hoje...

A fazer-me ser assim!


Marília Gonçalves


à minha Avó materna

Lisboa, na casa antiga

ali à Ponta Delgada

havia uma rapariga

a mais velha da filharada

que tinha compridas tranças

atadas com verdes sonhos

os irmãos (eram crianças)

descuidados e risonhos.

O pai era marinheiro

sempre que ia para o mar

não falava da partida;

mas queria sempre ao chegar

a família reunida

sobre o cais a acenar.

Na casita tão antiga

onde havia a rapariga

com sonhos por naufragar

a mãe era boa amiga,

partiu para não voltar...

Também quis ser marinheira

da nau onde parte a vida

que se vai de tal maneira

que a nau só tem despedida.

Nunca mais volta do mar...

Não se lhe pode acenar.


Marília Gonçalves



À Querida memória de minha Avó

No teu quarto minha avó

havia um mundo secreto:

perfume de pão-de-ló,

rendas de bilros no tecto,

na mesa de cabeceira

o candeeiro redondo

duma luz opalescente...

nunca soube se essa luz

era luar que descia

de teu olhar sorridente.

Tinhas os olhos azuis...

isso de estrelas de luas

perdia-se facilmente

na escuridão que há nas ruas

para vir suavemente

habitar ao pé de ti...

e eu, sorria contente

do sonho que aí vivi.

Ah, o mundo da infância

nos cuidados da avó

deslizava brandamente.

Também no teu quarto havia

armários e gavetas

e a caixa de costura

cantos de prata esculpida

que teu irmão carpinteiro

inventara para ti.

Na magia do teu quarto

acordavam meus sentidos

havia um cheiro encerado

nos móveis adormecidos.

O meu sentir esfuziante

bem desperto e acordado

descobria tua essência

no gesto de cada instante:

havia uma transparência

uma mágica ternura

trazendo à nossa presença

o que parecia lonjura.

Tudo era compreensão

no espaço do meu sonhar...

sobre minha, tua mão

era canção d’embalar.

Desapareciam os medos

iluminava-se a sombra.

Adormecia em teus dedos

minh’alma branca de pomba.

Marília Gonçalves


A dor não é colorida

não tem peso não tem voz

por isso não há medida

pró que trazemos em nós



Marília

O Contestatário privilegiado




Os desafios necessários

É raro um Governo de direita ser derrubado pelas suas próprias Forças Armadas.
Em 25
de Abril de 1974, isso sucedeu em Portugal. Nas ruas, nos cafés, nos transportes colectivos, o ambiente é de alegria. O semblante normalmente triste dos portugueses resplandece com as
perspectivas de «libertação do País do regime que há longo tempo o dominava». O Programa
do Movimento das Forças Armadas Portuguesas parece, na verdade, satisfazer todas ou quase
todas as aspirações de um povo que durante largos anos viveu «em crescente desenvolvimento
de uma tutela de que resulta constante apelo a deveres com paralela denegação de
direitos» (...)
Houve um pronunciamento militar, magistralmente concebido e executado, cavalheirescamente
conduzido. O chamado «movimento dos capitães» demonstrou que não era apenas
mais uma organização para diagnosticar e não actuar. Actuou, quando entendeu, com
coesão e com extraordinária rapidez e simplicidade, conseguiu dominar o País, quase não
havendo derramamento de sangue, a não ser o da autoria da D.G.S.

25 DE ABRIL. UMA AVENTURA PARA A DEMOCRACIA. TEXTOS JORNALÍSTICOS

Redacções da Guidinha

Entre 1969 e 1980, Luís de Sttau Monteiro (1926-1993) publicou as suas célebres «Redacções da Guidinha», primeiro no suplemento A Mosca do Diário de Lisboa, depois em O Jornal.
Já publicámos uma primeira «Redacção» e, correspondendo a vários pedidos, relembramos hoje outra, também de 1973 (A Mosca, 11 de Agosto).


Não não não ele há coisas que não se fazem a uma menina ingénua como eu que ainda nem sequer estudou biologia e organização política e que ainda está na idade de comer gelados e de chupar bombons e de fazer chichi atrás de uma árvore sem os guardas se chatearem sim porque não é só cá na Graça que há velhinhos não senhor também os há noutros sítios e o pior é que um dia fico assim o que peço quando isso acontecer é que não me deixem fazer nada nem abrir o bico porque uma coisa é a gente ser velho porque tem de ser e outra coisa é a gente ser velho e dar vontade de rir como dava o meu Avô que Deus tem se o tiver sim porque não há certeza nenhuma dele estar na tal mão de Deus não senhor porque se havia uma pessoa difícil de apanhar era ele quando se raspava de casa para fazer discursos nas esquinas sobre isto e sobre aquilo principalmente sobre o Benfica que era o clube de que ele gostava muito mas como a gente sabia como ele era dávamos pela falta dele seguíamo-lo porque aqui na Graça o povo ri que é uma coisa doida se calhar não é aqui na Graça se calhar o povo ri em toda a parte porque o povo é muito dado ao riso mas isso é capaz de ser política e eu em política não me meto não senhor para não estragar a vida ao meu Pai lá na repartição de maneira que o melhor é mudar de assunto mas ainda dentro deste assunto quero dizer isso da sardinha deve ser mentira porque a sardinha está cara como burro e o povo já teve de a deixar agora só se ri com o carapau do besugo do peixe-espada e dos jaquinzinhos que estão cada vez mais caros e o preço deles dá cada vez menos vontade de rir ai meu Deus que lá vou eu outra vez a falar de preços assim lá tramo o meu pai na repartição nestas coisas não há como estar calado mas como é que uma pessoa pode estar calada enfim muda de assunto Guidinha que ainda te arrependes ora vamos lá então a mudar de assunto e a falar duma coisa que ninguém mesmo que tenha má vontade possa dizer que é política este ano o Verão está muito bom há muita gente na praia já vi um cão de coleira fazer chichi na areia nas piscinas também há muita gente e nas ruas também e nos parques também cá a Graça está cheia de gente só cá não estão os que foram embora lá porquê não sei só se for por maldade sim porque há muita gente com a maldade entranhada que não sai nem com sabão-macaco outra coisa que se vê muito cá na Graça é o povo a rir de felicidade ri-se que é uma coisa doida principalmente na véspera da partida a Graça é muito estranha não há quem a entenda senão quem a entenda mas o melhor é eu mudar outra vez de assunto porque as pessoas são muito sensíveis e podem pensar que eu estou a falar de coisas de que não estou a falar como por exemplo de elefantes já que falei de elefantes explico que são uns bichos que têm um nariz enorme mas é que mesmo enorme mas no meio daquela cabeçona em que têm o nariz tem muito pouco miolo.


A Guidinha

Poupança a Poupança

Enche a Gente o Papo de Ar


Estou farta de batatas até aos olhos não posso ver batatas à minha frente porque tenho um azar danado enquanto toda a gente hoje tem o DIA mundial da poupança eu nasci numa casa em que andamos há cinco anos ou mais sim ou mais que eu tenho a impressão de que nunca vivemos senão assim mas o melhor é voltar ao que eu estava a contar enquanto toda a gente tem um dia mundial da poupança nós lá em casa andamos no ANO inteiro da poupança e o pior é que já vamos no quarto ano da poupança e para quê sim para quê?
ara chegarmos vivos ao fim do mês vivos mas cheios de batatas até aos olhos (...) deviam dar uma medalha ao meu Pai porque ele é um homem bestial que inventou a tal poupança antes do resto do mundo cá para mim deviam pôr o retrato dele nos livros de história ao lado dos retratos dos navegadores porque ele descobriu a poupança antes dos outros sim porque a verdade é que a gente lá em casa anda a navegar em poupança antes dos outros há tantos anos que nem conhecemos outra coisa eu cá por mim estou à espera para ver se compro um livro de matemática porque com o dinheiro que o meu Pai ganha nem para o ano mas para voltarmos outra vez ao que eu estava a dizer o que eu quero é que ponham debaixo dos cartazes (do Dia Mundial da Poupança) «Viva o Pai da Guidinha que inventou o Ano da Poupança Doméstica» ou qualquer outra coisa parecida para se fazer justiça”



Luís de Sttau Momteiro, Redacções da Guidinha

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Site a Visitar rico em documentários

A Vida de Quem Partiu


A Aldeia das Gralhas


Aldeia de Gralhas

Terra Lusitana

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no período do Estado Novo, o medo apoderava-se dos cidadãos, conforme o demonstra o seguinte poema
de José Cutileiro:


"É a medo que escrevo. A medo penso.
A medo sofro e empreendo e calo
A medo peso os termos quando falo.
A medo me renego, me convenço.
A medo amo. A medo me pertenço.
A medo repouso no intervalo
De outros medos. A medo é que resvalo
O corpo escrutador, inquieto, tenso.
A medo durmo. A medo acordo. A medo
Invento. A medo passo. A medo fico.
A medo meço o pobre, meço o rico.
A medo guardo confissão, segredo
Dúvida, fé. A medo. A medo tudo.
Que já me querem cego, surdo, mudo"

A LUTA CONTINUA

IGUALDADE UNIVERSAL= DIGNIDADE DE CADA UM




Pela Fraternidade, por uma autêntica Democracia,
por todos os DIREITOS CÍVICOS, SOCIAIS, E LABORAIS.
Pela Vida com Esperança, Pelo Direito à Alegria de Viver
que cada um seja um Cidadão participativo




sobre o horror do Fascismo em Portugal

Nunca choraremos bastante quando vemos
O gesto criador ser impedido!
Nunca choraremos bastante quando vemos
Que quem ousa lutar é destruído
Por troça, por insídia, por venenos
E por outras maneiras que sabemos
Tão sábias, tão subtis e tão peritas
que não podem sequer ser bem descritas

Sophia de Mello Breyner Andresen



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Deixo aqui o testemunho do Francisco, (neto de Aristides Sousa Mendes) que viveu "in loco" o 25 de Abril. Um homem e uma familía que faz parte da história do nosso país... Por isso sinto-me sempre Honrada com a contribuição dele para o Urban Jungle. Um bem haja Francisco!

(CONTINUA)



CITAÇÕES Bertolt Brecht


Apenas a violência pode servir onde reina a violência, e / apenas os homens podem servir onde existem homens


Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político


O pior analfabeto é o analfabeto político.


O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
Do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
O menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
Pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Nada é impossível de Mudar
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
Sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
De humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
Nada deve parecer impossível de mudar."
Privatizado
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente,
Seu pão e seu salário. E agora não contente querem
Privatizar o conhecimento, a sabedoria,
O pensamento, que só à humanidade pertence”



Bertolt Brecht

Bertolt  Brecht Bertolt Brecht
Alemanha
[1898-1956]
Escritor/Dramaturgo






Poema
Louvor do Revolucionário Quando a opressão aumenta
Muitos se desencorajam
Mas a coragem dele cresce.
Ele organiza a luta
Pelo tostão do salário, pela água do chá
E pelo poder no Estado.
Pergunta à propriedade:
Donde vens tu?
Pergunta às opiniões:
A quem aproveitais?

Onde quer que todos calem
Ali falará ele
E onde reina a opressão e se fala do Destino
Ele nomeará os nomes.

Onde se senta à mesa
Senta-se a insatisfação à mesa
A comida estraga-se
E reconhece-se que o quarto é acanhado.

Pra onde quer que o expulsem, para lá
Vai a revolta, e donde é escorraçado
Fica ainda lá o desassossego.

Bertolt Brecht

Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quint
ela


Poema
A Verdade Unifica Amigos, gostaria que soubésseis a Verdade e a dissésseis!
Não como cansados Césares fugitivos: Amanhã vem farinha!
Mas como Lenine: Amanhã à noitinha
Estamos perdidos, se não...
Ou como se diz na cantiguinha:

Irmãos, com esta questão
Quero logo começar:
Da nossa difícil situação
Não há que escapar.

Amigos, uma forte confissão
E um forte SE NÃO!

Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quintela




Poema
De que Serve a Bondade 1

De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?

De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?

De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?

2

Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!

Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!

Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!

Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quintela

domingo, 25 de abril de 2010

VIVA O 25 DE ABRIL DE 1974 Perguntas de um operário letrado



Perguntas de um operário letrado

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis.
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
da Lima dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a Guerra dos Sete Anos.
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?

Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantos histórias.
Quantas perguntas.

Bertold Brecht

e só nos faltava agora que este Abril não se cumprisse


De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse

ARY DOS SANTOS


VIVA O 25 DE ABRIL DE 1974

UNIDADE à ESQUERDA INCONTORNÁVEL


Vamos Reconquistar Abril


ABRIL REVOLUÇÃO DOS RUBROS CRAVOS

Marília

sábado, 24 de abril de 2010

Alvorecer do 25 de ABRIL de 1974

CANTAR A LIBERDADE

A Canção «Grândola Vila Morena», escrita e cantada por José Afonso, foi a senha para que o Movimento das Forças Armadas avançasse para a revolução dos cravos na madrugada de 25 de Abril de 1974.



Grândola, Vila Morena

1.
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

2.
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

3.
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade


4.
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

5.
À sombra d’uma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

6.
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

A Canção da LIBERDADE

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Cravos de Abril

Vermelha flor

Pétalas mil

De rubra cor.

Abril florido

Cravos de Junho

Entrando em Maio

Esperança em punho.

Cravos de Abril

Na história acesa

No céu de anil

Nasce a certeza

Da Liberdade

Pura e fraterna

Sem a maldade

De quem governa.

Abril em flor

Abril de risos

Semeia amor

Gestos precisos

A Pátria avança

Devagarinho

Ave ou criança

Deixando o ninho.

Alvoreceram no dia novo

Novas sementes

Para o rei-povo.


Marília Gonçalves



A casa de meus pais perdida há tanto
de risos e luar
de sol ardente
onde poisava meu olhar
contente
meu inocente olhar
alheio ao mal
que vem do sofrimento
meu terno e doce olhar
onde se via
sentir e pensamento...



Caíram noites sobre meu olhar
não noites como noites conhecidas
terríveis noites, noites sem sonhar
de monstros e de feras escondidas
noite sombria, noite de ameaça
onde todo o futuro se extinguia
Ó Noite do Terror que nunca passa
onde o nascer do dia não surgia

Foi uma longa noite repartida
por tudo o que é sensível e verdade
foi horrífica noite repetida
que gela o tempo e todo o espaço invade

uma noite de séculos, milénios
que ali em meio século se vivia
que abocanhava a arte, alunos, génios
noite que cada dia renascia
que cegava a palavra
ardia livros
tentava prender o pensamento
essa tremenda noite de agonia
quando até o tempo era cinzento.
Mas nas dobras noite havia quem
alheio à realidade se escondia
e não via o pranto de ninguém
nem a terra e o luto que a cobria
foram tantos e tais esses vexames
tantas e tais afrontas se sofria
da negação da dor e sofrimento
que em cada Humano os astros implodiam
de ondulantes trigais à fome ao vento
e que em flâmulas a noite convertiam

caía aqui e ali um nosso irmão
como um sol se desfaz no horizonte
à espera da partícula de pão
que se reparta a rir de monte em monte.




Por isso se ouvia opresso grito
brado puro que canta a Liberdade
num alerta que enchia o infinito
num ideal de Paz e igualdade




Marília Gonçalves



25 de Abril Sempre

Espasmo interior

ou revolta fulminante

qual o nome para a dor

vinda do meu tempo infante?

algozes vis destruíram

em feroz atrocidade

os sorrisos que fugiram

ao futuro da verdade.

Antecedendo o dia luminoso

eles mataram feriram sem remorso

da tortura fazendo íntimo gozo

curvando ao povo as almas e o dorso.

Mas a alma do povo é resistente!

De humilhações de feridas de peçonha

que lhes fechavam as portas do presente

em crueldade bárbara medonha:

Ânimo erguido! Na luta na arena

na solidão feroz de cada cela

desprezando o sarcasmo da hiena

caindo em bando sobre uma gazela

o povo foi erguendo em cada não

a história portuguesa do futuro:

fez luz nascer da escuridão!

Um jardim nascia no monturo.


Marília Gonçalves