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O BLOGUE UNIVERSAL E INTERNACIONALISTA


A praça é do povo. Como o céu é do condor. É o antro onde a liberdade. Cria águias em seu calor! ...

A palavra! Vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.

Castro Alves
Jornal de Poesia

Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? / Em que mundo, em que estrelas tu te escondes / Embuçado nos céus? /Há dois mil anos te mandei meu grito / Que, embalde, desde então corre o infinito... / Onde estás, Senhor Deus?

Castro Alves


MINHA LEI E MINHA REGRA HUMANA: AS PRIORIDADES.

Marília Gonçalves

Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres.
Albert Einstein

Perguntas Com Resposta à Espera

Portugal ChamaS e Não Ouvem a Urgência de Teu Grito? Portugal em que http://www.blogger.com/img/gl.bold.gifinevitavelmente se incluem os que votando certo, viram resvalar de suas mãos a luz em que acreditavam; A LUTA CONTINUA )
Quem Acode à Tragédia de Portugal Vendido ao Poder dos Financeiros?! Quem Senão TU, POVO DE PORTUGAL?! Do Mundo inteiro a irmã de Portugal a filha. Marília Gonçalves a todos os falsos saudosistas lamurientos, que dizem (porque nem sabem do que falam) apreciar salazar como grande vulto,quero apenas a esses,dizer-lhes que não prestam! porque erguem seus sonhos sobre alicerces de sofrimento, do Povo a que pertencem e que tanto sofreu às mãos desse ditador!sobre o sofrimento duma geração de jovens ( a que vocês graças ao 25 de Abril escaparam)enviada para a guerra, tropeçar no horror e esbarrar na morte, sua e de outros a cada passo! sobre o sofrimento enfim de Portugal, que é vossa história, espoliado de bens e de gentes, tendo de fugir para terras de outros para poder sobreviver, enquanto Portugal ao abandono,via secar-se-lhe o pobre chão, sem braços que o dignificassem! Tudo isso foi salazar, servido por seus esbirros e por uma corte de bufos e de vendidos, que não olhavam a meios,para atingir seus malévolos fins!Construam se dentro de vós há sangue de gente, vossos sonhos, com base na realidade e não apoiando-os sobre mitos apodrecidos, no sangue de inocentes!!! Marília Gonçalves (pois é! feras não têm maiúscula!!!)

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Oliveira Árvore da PAZ

dos Poetas e da Paciência persistente


Oliveira




5
gerações
























CANÇÃO DE ALANDROAR

(Poema dito em4 de Outubro de1986 na escadaria do castelo de Alandroal perante uma audiência de centenas de pessoas)


Aquela branca flor de alandroeiro
era a única luz do alandroal.
Nem a lua rompia o nevoeiro
nem o sol punha um riso matinal.

Ali reinava a treva o dia inteiro.
Ser de noite era um estado natural.
Não duravam as flores no canteiro
e apodrecia a água no canal.

O vento ameaçava, em tal berreiro
que tremia de medo o canavial.
Trovejava o relâmpago certeiro
zunindo como um látego infernal.

Tal o rancor, o ódio verdadeiro
a abater-se em torrente no local,
que até mesmo o impávido coveiro
pedia ajuda aos mortos do coval.

Mas o povo sorria, prazenteiro,
numa beatitude divinal.
Bailava e patinhava no lameiro
indiferente aos dentes do chacal.

Os homens riam com olhar rafeiro
e as crianças, em saltos de pardal,
vinham brincar com ossos no palheiro
e mascarar a dor de carnaval.

Foi quando rebentou a flor. Primeiro
era um botão, um tópico, um sinal.
Depois desabrochou e, logo, um cheiro
a espaço aberto dominou o vale.

Vieram as crianças a terreiro
entoando cantigas de natal.
Veio o pastor, o cavador, o oleiro,
o almocreve, a ceifeira, o maioral.

Uma flor branca abriu ao povo inteiro
o clarão de uma esperança universal.
Amainou a água turva do ribeiro,
deixou de ser agreste o matagal.

Estoiraram foguetes no outeiro,
repartiu-se irmãmente o pão e o sal.
Já se apertava o braço ao companheiro,
abriam-se olhos negros no olival.

Eis que, lá longe, surge um cavaleiro
galopando veloz, branco de cal,
num corcel negro a deslizar ligeiro
como núvem em pleno temporal.

Aproxima-se mais o viageiro
(esqueleto emergido do coval).
Traz na boca um sorriso traiçoeiro
e, a tiracolo, o ódio no bornal.

Desembaínha um arrepio. Ligeiro
esconde-se nas sombras de um portal.
Desfere um golpe. E a flor do alandroeiro
cai, desfeita de dor, no lodaçal.

Um grito de alma ecoa no terreiro.
Um pesadelo instala-se, brutal,
quando a flor branca rola no ribeiro
e parte, envolta num palor mortal.

No mesmo instante, a meio de um junqueiro,
brota uma flor de sangue, sem igual.
Desde esse dia de ódio derradeiro
nunca mais ninguém riu no alandroal.

Carlos Domingos





Atahualpa Yupanqui

(Héctor Roberto Chavero) (1908-1992).

Basta Ya

¡Ay! Ya viene la madrugada,
Los gallos están cantando.
Compadre, están anunciando
Que ya empieza la jornada... Ay... Ay...
¡Ay! Al vaivén de mi carreta
Nació esta lamentación.
Compadre, ponga atención
Que ya empieza mi cuarteta.
No tenemos protección... Ay... Ay...
Trabajo para el inglés,
Trabajo de carretero,
Sudando por un dinero
Que en la mano no se ve... Ay... Ay...
¡Basta ya! ¡Basta Ya!
¡Basta ya que el yanqui mande!
El yanqui vive en palacio,
Yo vivo en uno ¡barracón!
¿Cómo es posible que viva
El yanqui mejor que yo?
¡Basta ya! ¡Basta ya!
¡Basta ya que el yanqui mande!
¿Qué pasa con mis hermanos
De Méjico y Panamá?
Sus padres fueron esclavos,
¡Sus hijos no lo serán!
¡Basta ya! ¡Basta ya!
¡Basta ya que el yanqui mande!










Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!






Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!

para que o terror e o horror do passado dum
estado podre e velho nunca mais torne a ser


Movimento Cívico Não Apaguem a Memória!

No passado dia 5 de Outubro de 2005, um conjunto de cidadãos reuniu-se junto à antiga Sede da PIDE/DGS, reafirmando o protesto público contra a conversão daquele edifício em condomínio fechado e contra o apagamento da memória do fascismo e do sofrimento causado aos portugueses. No local, ficou então uma faixa com os nomes de muitos dos que foram assassinados pela ditadura que oprimiu Portugal durante quase 50 anos.
Gravura de José Dias Coelho (1923-1961) — assassinado por uma brigada da PIDE, na rua que agora tem o seu nome, ao Calvário, em Lisboa, a 19 de Dezembro de 1961. Destinou-se a ilustrar a realização de uma reunião do MUD-Juvenil, combinando elementos estéticos da “Guernica”, de Pablo Picasso, com os de uma alegoria à juventude. Gravura de José Dias Coelho (1923-1961) — assassinado por uma brigada da PIDE, na rua que agora tem o seu nome, ao Calvário, em Lisboa, a 19 de Dezembro de 1961. Destinou-se a ilustrar a realização de uma reunião do MUD-Juvenil, combinando elementos estéticos da “Guernica”, de Pablo Picasso, com os de uma alegoria à juventude.
É finalidade desta iniciativa cívica continuar essa acção, convertendo-a no impulso simbólico dum vasto movimento de cidadãos, plural e aberto, de exigência da salvaguarda, investigação e divulgação da memória do fascismo e da resistência, como responsabilidade do Estado, do conjunto dos poderes públicos e da sociedade

OLIVEIRA



Paz Paciência Persistência

Poetas
5 Gerações








Frutos não se Colhem Num Dia



CASA NA CHUVA

A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei porque voltou esta tarde
se minha mãe já se foi embora,
já não vem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar: Ouves?
Oiço, mãe, é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto.


Eugénio de Andrade
Trinta Poemas



Blogue dedicado Aos Capitães de Abril

Aos Resistentes Portugueses

À memória de meu Pai, António Gonçalves

A todos os que passaram pelas mãos e masmorras da PIDE

A quantos forram assassinados pela defesa da Liberdade de Portugal

e da Dignidade do Povo Português

Nos 48 anos de Fascismo/Salazarismo

Para a memória do Povo de Portugal





Água:Vida











PROTECTION DE LA RESSOURCE EN EAU

Prémio Nobel de Literatura


José Saramago



Prémio Nobel de Literatura




Fala do Velho do Restelo ao Astronauta


Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.

José Saramago

POEMA À BOCA FECHADA

Não direi :
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é doutra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisternas de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vasa de fundo em que há raízes tortas.

Não direi :
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que não me conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais boiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quanto me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago

Não posso adiar o amor para outro século

António Ramos Rosa

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa


Mediadora da Palavra

Um rumor irrompe das nocturnas
margens. Sombras deslumbrantes.
Um fulgor que desnuda e que despoja.
Campo de água ágil. Dança

Imóvel. Uma cegueira arde
Incendiando o tempo. Pátria
áspera de delicado alento.
Soberano marulhar do inexplorável.

Unânime é a pedra. Selvagem
a palavra despedaça a língua.
Um silêncio central domina e orienta
A substancia primária. A palavra inicia.

Rapidez da água entre resíduos
obscuros. Talvez o diadema.
Talvez a obscura dança aérea.
O leve poder do fogo, as suas marcas

ácidas. Pulsação
dos poros. Ardor do silêncio

no nocturno centro. Fulgor do desejo.
Uma deusa de água espraia-se nas palavras.


António Ramos Rosa poemas


















Manuel da Fonseca
  1. Os olhos do poeta

O poeta tem olhos de água para reflectirem todas as cores do mundo,
e as formas e as proporções exactas, mesmo das coisas que os sábios desconhecem.
Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas,
e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria,
com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento.
Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaias vencidos
e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias
e o movimento ululante das cidades marítimas onde se falam todas as línguas da terra
e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas
e a luz do deserto incandescente e trémula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos,
e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram
e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada à hora da infância
e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas
e correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando a tempestade:
- todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta.
Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório,
sai uma estrela voando nas trevas
tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes.
E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta
que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo.


Manuel da Fonseca

Estradas

Não era noite nem dia.
Eram campos campos campos
abertos num sonho quieto.
Eram cabeços redondos
de estevas adormecidas.
E barrancos entre encostas

cheias de azul e silêncio.
Silêncio que se derrama
pela terra escalavrada
e chega no horizonte
suando nuvens de sangue.
Era hora do poente.
Quase noite e quase dia.

E nos campos campos campos
abertos num sonho quieto
sequer os passos de Nena
na branca estrada se ouviam.
Passavam árvores serenas,

nem as ramagens mexiam,
e Nena, pra lá do morro,
na curva desaparecia.

Já de noite que avançava

os longes escureciam.
Já estranhos rumores de folhas
entre as esteveiras andavam,
quando, saindo um atalho,
veio à estrada um vulto esguio.
Tremeram os seios de Nena

sob o corpete justinho.
E uma oliveira amarela
debruçou-se da encosta
com os cabelos caídos!
Não era ladrão de estradas,
nem caminheiro pedinte,
nem nenhum maltês errante.

Era António Valmorim
que estava na sua frente.

— Ó nena de Montes Velhos,
se te quisessem matar
quem te haverá de acudir?


Sob este corpete justinho
uniram-se os seios de Nena.

— Vai te António Valmorim.
Não tenho medo da morte,
só tenho medo de ti.

Mas já noite fechava
a saída dos caminhos.
Já do corpete bordado
os seios de Nena saíam
— como duas flores abertas

por escuras mãos amparadas!
Aí que perfume se eleva
do campo de rosmaninho!

Aí como a boca de Nena
se entreabre fria fria!
Caiu-lhe da mão o saco
junto ao atalho das silvas
e sobre a sua cabeça
o céu de estrelas se abriu!

Ao longe subiu a lua
como um sol inda menino
passeando na charneca…
Caminhos iluminados
eram fios correndo cerros.
Era um grito agudo e alto

que uma estrela cintilou.
Eram cabeços redondos
de estevas surpreendidas.
Eram campos campos campos
abertos de espanto e sonho…

Manuel da Fonseca


AMIGOS e COMPANHEIROS

Associação 25 de Abril

Associação dos Capitães de Abril

http://25abril।org/


Ode à Paz

Natália Correia


Cesse o ímpio desterro, ó Mães, e redivivo
Restaure o rito as torres das primitivas crenças!
Vossa espectral ausência foi-nos tempo perdido
Em factícias ciências.


Fomos nós que fugimos ou vós as foragidas
De um descarnado credo? e em vagos horizontes
Do nosso sangue errais, a prantear-nos longínquas...
Ó Mães descei dos montes!


Estorcem-se em batalhas os campos dolorosos
E, numa correria por sonhos maus, em trânsito,
De guerra em guerra, somos um vaguear autómatos
Numa névoa de sangue.


Perdulários perdemos os nossos nomes próprios
E nas cinzas do verbo os números ensinam
A lógica mais triste de sermos uns para os outros
Motivos de chacina.


Antes que as flores expirem numa lenta agonia,
Passe um bando de mísseis e nos leve as garras,
De iluminar o nada a luz fique vazia
E apodreçam as águas.

Antes que o tempo venha morrer nos nossos olhos,
Voltai do monte, ó nácar das madrugadas rústicas!
Ó Mães! Se os próprios deuses são vossos filhos pródigos,
Perdoais nossas culpas!

Das moradas do ser éreis o muro e a telha,
Lençol tecido por mistérios femininos;
Numa inocência agrária, a lenha, o linho a ideia
Segura dos caminhos.

Éreis, de madrepérola, os pilares dos céus claros,
A pureza do pão e a limpeza dos ventos.
Foi isto há tanto tempo. Para que estrela mudastes
As colunas do templo?


Onde cantam as aves que emudeceis nos ecos?
Nascem e morrem os deuses. Só vós que os procriais
E lhes fiais os fados sois por cima dos séculos
Puramente imortais.


Vinde, sábias de novo, inspirar os oráculos,
Expulsar dos vaticínios os rostos funerários.
Apressai-vos, ó Mães! Que as pestes já estão prontas
Nos nossos calendários.


No tráfego da ira, semáforos nucleares
Já impedem o trânsito para as últimas esperanças.
Vinde, meigas e mágicas ó fadas minerais
De perdidas lembranças!


Com a frescura da origem voltai novamente
Brilhe o ovo de prata de que somos nascidos,
A paz entre nos sonhos; e à casta nascente
Retrocedam os rios.

Cesse o nosso castigo, Mães despregai da cruz
A estampa triste deste agonizar infindo.
O deus prostrado e tétrico que ensanguentou a luz
Também é vosso filho.

Que pomba nos trará notícia do armistício,
Que rosa deixará um perfumado rasto
Quando um deus condenado à lição do suplício
Diviniza o holocausto?

Libertai-o e entre os deuses dai-lhe o lugar sadio
De filho humilde às vossas sentenças naturais.
Adorar só um deus é um orgulho sacrílego
Que não nos perdoais.

Vinde fartes e férteis , claras vogais do verbo
Formosíssimas ânforas de bondade uterina!
Esconjurai, ó frutíferas!, os senhores dos ponteiros
Que marcam a chacina.


























Cantata de Paz

Sophia de Mello Breyner Andresen

Vemoos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.

Indispensáveis

Amigos


Avenida da Liberdade



Blogue dos Capitães de Abril



















Sophia de Mello Breyner Andresen



Pátria



Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou

Rente aos ossos com toda a exatidão
Dum longo relatório irrecusável



E pelos rostos iguais ao sol e ao vento



E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras

Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavr as deslumbradas


— Pedra rio vento casa

Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro



Eu minha vida daria
E vivo neste tormento




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Mulheres I

Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulhe

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Luís Carlos Pimenta Gonçalves,

Professor Auxiliar da Universidade

Aberta,

deseja-lhe as boas-vindas







logfa dsad



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L’eau : un enjeu pour l’humanité

Défense de L'eau

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Danielle Mitterrand

Andorinha em Livre Voo

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Instituições







Protecção Universal da Infância



Refúgio Aboim Ascenção

Faro

O Direito à Dignidade


Os Putos

Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.

Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.

Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos

Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta

Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo

A aprenderem a ser homens.

As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo

Um berlinde abafado na escola

Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor।

Ary dos Santos

UNESCO

Portal Unesco


Defesa e Cidadania

Defesa do Consumidor


Associação de Defesa dos Direitos Humanos



Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres

II

Resistência PAZ Persistência

Iqbal Masih

né en 1983 et mort le 16 avril 1995, était un jeune Pakistanais devenu une figure de la lutte contre l’esclavage moderne






Castro Alves

menino Poeta
Libertador de Escravos


Com cerca de doze anos era muito menina quando certa tarde ao voltar do liceu deparei em vendedor fortuito, numa bancada de livros usados com livro de banda desenhada de edição brasileira, sobre Castro Alves, sua obra poética, sua vida, sua obra humana . Na primeira adolescência, nascida em família antifascista, em pleno salazarismo, e guerra colonial, como ficar alheia ao todo generoso de Castro Alves. Com ele aprendi a força da palavra, eu que dizia poesia desde muito menina, seleccionando sempre poemas com sentido de fraternidade e libertação, compreendi, melhor que nunca, a força da poesia. Hoje mulher, poeta, não esqueço minha veemente paixão pelo menino poeta libertador de escravos. Castro Alves não foi apenas grande poeta, embora menino foi um grande homem. E ainda hoje ao visitar os sites que lhe fazem referência os meus olhos marejam-se, e a mesma voz que ouvi menina balbucia: meu amor.

Marília Gonçalves





O Navio Negreiro
(Tragédia no mar)


'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam

Como turba de infantes inquieta.


'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...


'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...

Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...


'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas

Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...


Donde vem? onde vai? Das naus errantes

Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.


Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!

Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!


Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!

Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente

Pelas vagas sem fim boiando à toa!


Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!


Esperai! esperai! deixai que eu beba

Esta selvagem, livre poesia,
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................


Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?

Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!


Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,

Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.



II




Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso

Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.

Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.


Do Espanhol as cantilenas

Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,

Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!


O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,

Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!



Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,

Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu!...




III



Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano

Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!



IV



Era um sonho dantesco... o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...


Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!



E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,

Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,

Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!


No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."


E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...

Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...




V



Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!

Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas

De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!


Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós

Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...

Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...


São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...


São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...

Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,

Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.


Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,

Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
...Adeus, ó choça do monte,
...Adeus, palmeiras da fonte!...
...Adeus, amores... adeus!...


Depois, o areal extenso...

Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,

Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.


Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,

O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado

Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...


Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.

E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...


Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus,

Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...




VI



Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...




Fatalidade atroz que a mente esmaga!

Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!



São Paulo, 18 de abril de 1869.
(O Poeta, nascido em 14.03.1847,
tinha apenas 22 anos de idade)



Portugueses, que um dia à procura da Esperança
partiram de PORTUGAL
que razões vos levaram para longe de vossas casas,
de vossas famílias
de quanto vos era querido
Quem governava Portugal nessa época
quem é responsável do sofrimento que vos fez partir
quantas vezes a chorar?
é importante sermos verdadeiros connosco
não fugir as perguntas e as respostas
que nos põe em frente da realidade da vida
é importante procurar no interior do nosso sentir
a resposta a estas perguntas
pela nossa PAZ interior!

Marília