Vinha pela beira-mar
pé descalço
pisava entre areia e espuma
olhar a beber o mar
cantava as vagas
que rolavam uma a uma.
Toda a praia entardecia
em dourados de poente
o sol na água tecia
rendas em tom d’oriente.
Adivinhavam-se mouras
sentadas no areal
o mouro do tempo ausente
desferia o alaúde
Pérsia de sonhar virente.
Enleio que anoitecia
caiam azuis no mar
por entre estrelas cadentes
e navios singrando o ar.
a lua pérola redonda
de manso vinha poisar
sobre a fundura da onda
Alagando-a de luar.
Quando veio a escuridão
quando nada mais se via
no alto via-se a lua
muito branca, de luz fria.