
Soneto a Maria
À mãe de meu pai, minha lembrada avó
Quanto muro quanta casa que paredes
lavaste com teus olhos fontes rios
quanto chão regaste com as sedes
que te levam mundo fora, além navios
quantas urnas de sal perdido sol
caiaste com teu leite
quanto silêncio se fez no rouxinol
do flamenco aceso no teu peito?
Que trilhos, que caminhos percorreste
no obscuro tempo verdes anos
que em alva cabeleira converteste
e não lhe chamem erros, desenganos
porque hora a hora mulher em ti crescente
livre do sono dos ancestrais decanos.
Marília Gonçalves