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flor da coragem |
Para que se saiba o que é a força das Mães e isto mesmo quando os filhos crescem.
Passou-se com a minha filha do meio; Mãe solteira, a filha pequenina tinha pouco mais de dois anos, ela cerca de trinta.
Certa noite, pouco tempo depois de ter ido morar para o andar, num prédio restaurado de há pouco, onde os poucos vizinhos que ocupavam os mais andares, pouco se conheciam, ouviu minha filha tremendo estrondo, que lembraria um arrombar de porta. o Barulho cessou e a Cláudia preparou-se para dormir.
A Filha por acaso, nessa noite, encontrava-se deitada com a mãe e dormia a sono solto. Nisto, um estrondo mais horrendo que o primeiro. Não lhe ficaram dúvidas, tinham acabado de lhe arrombar a porta de casa. Olhou a filha a dormir. não teve tempo de mais, viu um homem; embarretado à porta do quarto. talvez que se estivesse sozinha, sem a filha que entretanto acordara com o estrondo, a reacção não tivesse ido a mesma. Nunca se sabe. Mas de repente, A Cláudia em pé, desata aos murros e ao empurrões ao homem e leva-o de escantilhão, berrando-lhe aos ouvidos, contra a intromissao na sua casa! e isto até à porta da rua. Quando ali chegou, viu a porta partida e exclamou: ainda por cima partiste-me a porta e lá foi o homem de roldão pela escada abaixo.
Foi então que a Cláudia sentiu medo. Medo que ele voltasse e que com a porta arrombada, passado o efeito de surpresa, diante da reação de uma jovem mulher, voltasse e determinado. Encostou a porta e encostou-se por detrás a fazer força. Ao telefone chamou o pai e as irmãs e a polícia. Eu, a quem ninguém quis assustar
( o meu aneurisma, sempre) continuei a dormir e só na manha seguinte, soube o que se tinha passado. Fiquei fula, de não me terem chamado! Nas noites seguintes fomos dormir para casa da filha, tanto mais que a porta esperava reparação.
E pronto, acabou-se a história!
Mas fica o aviso: Cuidadinho com as Mães! porque serenas ou doces, se nos tocam nos filhos, nem a Rua nos faz medo. E nossos filhos estão em perigo! não se vê a quantidade de suicídios, causados pelo Capital, que lança tanto filho nosso no desespero? Não se vê tantos dos nossos filhos a perderem as suas casas, por culpa da Banca e do patronato?
Pois em cada mãe, num instante pode despertar uma Cláudia!
não se acautelem, não arrepiem caminho, e depois não se venham queixar! que isto de Mães é uma carga de trabalhos! Porque sabemos o valor de cada instante que velamos um berço pequenino, porque conhecemos as inquietações de cada doença infantil, de cada ameaça por mais leve que seja que nos pese sobre um filho!
Nós somos as Mães!
Por isso já sabem e olhem que quem vos avisa, neste caso, vosso inimigo é!
Marília Gonçalves