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O BLOGUE UNIVERSAL E INTERNACIONALISTA


A praça é do povo. Como o céu é do condor. É o antro onde a liberdade. Cria águias em seu calor! ...

A palavra! Vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.

Castro Alves
Jornal de Poesia

Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? / Em que mundo, em que estrelas tu te escondes / Embuçado nos céus? /Há dois mil anos te mandei meu grito / Que, embalde, desde então corre o infinito... / Onde estás, Senhor Deus?

Castro Alves


MINHA LEI E MINHA REGRA HUMANA: AS PRIORIDADES.

Marília Gonçalves

Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres.
Albert Einstein

Perguntas Com Resposta à Espera

Portugal ChamaS e Não Ouvem a Urgência de Teu Grito? Portugal em que http://www.blogger.com/img/gl.bold.gifinevitavelmente se incluem os que votando certo, viram resvalar de suas mãos a luz em que acreditavam; A LUTA CONTINUA )
Quem Acode à Tragédia de Portugal Vendido ao Poder dos Financeiros?! Quem Senão TU, POVO DE PORTUGAL?! Do Mundo inteiro a irmã de Portugal a filha. Marília Gonçalves a todos os falsos saudosistas lamurientos, que dizem (porque nem sabem do que falam) apreciar salazar como grande vulto,quero apenas a esses,dizer-lhes que não prestam! porque erguem seus sonhos sobre alicerces de sofrimento, do Povo a que pertencem e que tanto sofreu às mãos desse ditador!sobre o sofrimento duma geração de jovens ( a que vocês graças ao 25 de Abril escaparam)enviada para a guerra, tropeçar no horror e esbarrar na morte, sua e de outros a cada passo! sobre o sofrimento enfim de Portugal, que é vossa história, espoliado de bens e de gentes, tendo de fugir para terras de outros para poder sobreviver, enquanto Portugal ao abandono,via secar-se-lhe o pobre chão, sem braços que o dignificassem! Tudo isso foi salazar, servido por seus esbirros e por uma corte de bufos e de vendidos, que não olhavam a meios,para atingir seus malévolos fins!Construam se dentro de vós há sangue de gente, vossos sonhos, com base na realidade e não apoiando-os sobre mitos apodrecidos, no sangue de inocentes!!! Marília Gonçalves (pois é! feras não têm maiúscula!!!)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Homem que plantava árvores


aqui filme em francês

Foi com espanto e emoçao crescente que descobri desde o inicio até ao final o filme de animaçao

de Frederic Back com a voz do actor Philippe Noiret, sobre a vida de um homem nos Alpes da Provença, sul da França,

De narrativa de Jean Giono foi feito este belo filme, mola real de esperança no ser-humano e na sua capacidade de se ultrapassar, vencendo dor e adversidades para atingir o cume da generosidade e da bondade expontânea e util,

O Filme de uma qualidade gràfica que nos surpreende, transporta-nos no tempo, no espaço até cada passo do narrador e inevitavelmente até aos interminàveis passos, numa extensao inicialmente deserta do personagem fascinte de Elzear Boufier,

Apos o fim do filme fui debruçar-me àvida sobre outro livro, outro filme “ Se Todos os Homens Quisessem”

e um hino à Esperança cresceu em mim, afinal um Mundo melhor, fraterno e justo depende da vontade e da constância de cada um de nôs!

Se cada ser humno avançar construtivo no combate pela vida, a alegria voltarà às nossas vidas, abandonados cupidez, invejas, interesses mesquinhos, se soubermos colocar acima de todos os interesses que nos afastam da nossa essência, o Amor Superior pela vida de cada um, onde claro se inscreve a nossa, reencontrando assim a finalidade de nosssas vidas entao produtivas e uteis, o que terà a força construtiva de generar e fazer crescer bondade à nossa volta

Para que afinal, no instante derradeiro, possamos olhar a Paz do Caminho percorrido, e partir suavemente levando no olhar o fruto dessa sementeira de beleza de amor e de paz!


Afunal há sempre algo de imprtante a fazer com nossas vidas, e talvez com actos que tais fosse o fim das depressoes nervosas

Saber que nossa vida se concretiza pela simplicidade, pela beleza e pela utilidade


Para o bem de todos

Guerra Junqueiro


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,

fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,

aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,

sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,

pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;

um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;

um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,

e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que

um lampejo misterioso da alma nacional,

reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.


Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,

não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,

sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,

descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,

capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,

da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.


Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;

este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,

tornado absoluto pela abdicação unânime do País.


A justiça ao arbítrio da Política,

torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.


Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,

incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,

iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,

e não se malgando e fundindo, apesar disso,

pela razão que alguém deu no parlamento,

de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

Guerra Junqueiro, 1896.

Resposta do Grande Chefe Seattle a Washington

1854

Em 1854, "O Grande Chefe Branco" em Washington fez uma oferta por uma grande área de território indígena e prometeu uma "reserva" para os índios.

A resposta do Chefe Seattle, tem sido considerada uma das declarações mais belas e profundas já feitas sobre o meio-ambiente, um verdadeiro Poema de Ecologia

“Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A idéia é estranha para nós.
Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los?
Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o
a respiraçao: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo
ar o homem branco agonizante , é insensível ao mau cheiro

Cada pinhal brilhante, cada praia de areia, cada névoa
nas florestas escuras, cada insecto transparente, zumbindo,
é sagrado na memória para o meu povo.

A energia que flui nas árvores traz consigo a memória
e a vida do meu povo.
A energia que flui das árvores traz consigo a memória
do pele vermelha.

Os mortos do homem branco esquecem sua pátria quando
vão caminhar entre as estrelas.
Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra,
pois ela é a mãe do pele vermelha.
Fazemos parte da Terra e a Terra faz parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs, os cerdos, o cavalo,
a grande águia, são nossos irmãos.
Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do cavalo,
e o homem, todos pertencem à mesma família.

Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede-nos demasiado
O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugar
onde poderemos viver confortavelmente.
Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Por isso iremos considerar sua proposta de nos comprar a terra.
Mas não vai ser fácil.
Pois esta terra é sagrada para nós.

A água brilhante que corre as ribeiras e rios não é
simplesmente água, mas o sangue de nossos antepassados.
Se vos vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que
ela é o sangue sagrado de nossos antepassados.
Se vos vendermos a terra , devem lembrar que
ela é sagrada para o pele vermelha, e devem ensinar a vossos filhos que ela é sagrada
e que cada reflexo da água transparente de cada lago fala do passado e
da vida de meu povo.
O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai.

Os rios nossos irmãos matam nossa sede.
Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se vos vendermos nossa terra, devem
ensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos,
por isso vocês devem ter para com os rios o mesmo
carinho e respeito que têm para com vossos irmãos.
Nós sabemos que o homem branco não compreende nossa maneira de ver.
Para ele um pedaço de terra é igual a outro, ele é um estranho
que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa.
A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda.
Ele rouba a Terra de seus filhos, e também com isso não se importa.

A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos
o homem branco trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu como coisas que possam ser compradas como animais ou contas brilhantes.
Sua ganância devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto.
Não sei.
Nossos costumes diferem dos seus.
A visão das cidades co homem branco fere o olhar do pele vermelha.
Talvez porque o pele vermelha é um selvagem e nada entende.

Não existe lugar tranquilo nas cidades do homem branco.
Não há onde se possa escutar o onde se possa ouvir o desabrochar das flores na primavera na nem o som das asas de um insecto.
Mas talvez seja porque eu sou um selvagem que nada entende.
O ruído provocado pelo homem branco parece servir apenas para ferir o ouvido do pele vermelha.
E o que é a vida se um homem não pode escutar o canto solitário
de uma ave ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa.
Sou um homem vermelho e não compreendo.

O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, e
o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ou
perfumado pelos pinheiros.

O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio verão limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros. O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Como um homem agonizante há vários dias, o homem branco é insensível ao mau cheiro

vocês devem se lembrar de que o ar
é precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritos
com toda a vida que ele sustenta.

Mas se vendermos nossa terra ao homem branco vMas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém

O vento que deu a nosso avô seu primeiro sopro também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento adoçadoe pelas flores dos prados.

Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.
Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco
deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e não entendo de outra forma.
ou um selvagem e não compreendo outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um comboio em movimento

Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fumegante
que nós só matamos
para pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos

.
Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem.
Todas as coisas estão ligadas.

O que sao os homens sem os animais? Se todos os animais se fossem, os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontecerá com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avôs.. Todas as coisas estão ligadas Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terra
é rica das vidas de nossos antepassados.
Ensinem as seus filhos o que ensinamos aos nossos,
que a Terra é nossa mãe.
Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra.
Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.

Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem –


o homem pertence à Terra.
Isto nós sabemos.
Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.
Todas as coisas estão ligadas. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos. Isto sabemos: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisa estão ligadas como o sangue que une a família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra.

Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra.
O homem não teceu a teia da vida – ele é apenas um fio dela.
O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de
amigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.

Ainda poderemos ser irmãos.
Veremos.
De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia
descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus.
Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejam
possuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo.
Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para com
o homem vermelho como para com o branco.
A Terra é preciosa para Ele, e danificar a Terra é acumular desprezo
por seu criador.
Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.

A terra lhe é preciosa, e ferí-la, é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos. Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o fim. Começa a sobrevivência

terça-feira, 29 de setembro de 2009


On juge le degré de civilisation d'un peuple à la manière dont il traite ses animaux"

Mahatma Gandhi

texto que espero seja lido e relido pelo novo titular do Ministério da Educação…

1

"A titularidade foi dada a professores bons, excelentes, maus e muito maus. Não premiou nada, porque baralhou tudo. Ficarão por muito tempo
célebres os braços-de-ferro que Margaret Thatcher manteve com os sindicatos do Reino Unido, como conseguiu vencê-los, e como à medida que
os humilhava, mais ia ganhando o eleitorado do seu país. Na altura a primeira-ministra britânica era a voz da modernidade liberal, criou discípulos por toda parte, e ainda hoje, apesar do negrume da sua era, há quem se refira à sua coragem como protótipo da determinação governativa. Mas neste diferendo que opõe professores e Governo, está enganado quem associa o seu perfil ao de Maria de Lurdes Rodrigues. Se alguma associação deve ser feita - e só no plano da determinação -, é bom que o faça directamente com a pessoa do primeiro-ministro.
De facto, a equipa deste Ministério da Educação tem-se mantido coesa, iniciou reformas aguardadas há décadas, soube transferir para o plano da
realidade as mudanças que em António Guterres foram enunciadas como paixão, conseguiu que o país discutisse a instrução como assunto de
primeira grandeza, fez habitar as escolas a tempo inteiro, fez ver aos professores que o magistério não era mais uma profissão de part-time, arrancou crianças de espaços pedagógicos inóspitos, e muitos de nós pensámos que a escola portuguesa ia partir na direcção certa. Quando José Sócrates saía com todos os ministros para a rua, nos inícios dos anos lectivos, via-se nesse gesto uma determinação reformista que augurava um caminho de rigor. Não admira que o primeiro-ministro várias vezes tenha falado do óbvio - que era necessário determinar quem eram, na escola portuguesa, os professores de excelência. Era preciso identificá-los, promovê-los, responsabilizá-los, outorgar-lhes credenciais de liderança. Era fundamental que se procedesse à sua
escolha. Mas a sua equipa legislou sobre o assunto e infelizmente errou.

2.

Errou ao criar, de um momento para o outro, duas categorias distintas, quando a escola portuguesa não se encontrava preparada para uma
diferenciação dual. A escola portuguesa tinha o defeito de não diferenciar, mas tinha a virtude de cooperar. O prestígio do professor junto dos alunos e dos colegas não era contabilizado, mas era a medida da sua avaliação. Pode dizer-se que era uma escola artesanal que necessitava de uma outra sofisticação. Mas, para se proceder a essa modificação com êxito, era preciso compreender os mecanismos que a sustentavam há décadas, e tomar cuidado em não humilhar uma classe deprimida, a sofrer dia a dia o efeito de uma erosão educacional que se faz sentir à escala global. Só que em vez da aplicação cuidadosa e gradual de um processo de mudança, a equipa do Ministério da Educação resolveu criar um quadro de professores titulares, a esmo, à força e à pressa. No afã de encontrar a excelência, em vez de se aplicar critérios de escolha pedagógica e científica, aplicaram-se critérios administrativos, de tal modo aleatórios que deixaram de fora grande percentagem de professores excelentes, muitas vezes os responsáveis directos pelo êxito pedagógico das escolas.
O alvoroço que essa busca de um quadro de excelência criou está longe de ser descrito devidamente. Basta visitar algumas escolas para se perceber como a titularidade está distribuída a professores bons, excelentes, mas também a maus e muito maus, e foi negada a professores competentes. Isto
é, criou-se um esquema que não premiou nada, porque baralhou tudo. Os erros foram detectados por muita gente de boa fé, em devido tempo, mas o
processo avançou, a justiça não foi reposta, nem sequer a nível da retórica política. Pelo contrário, aquilo que a razão mostrava à evidência foi sendo desmentido, adiado, ridicularizado, ou desviado para o campo da luta sindical dita de inspiração comunista.

3.

O segundo instrumento ao serviço da excelência não teve melhor sorte. Era preciso inaugurar nas escolas uma cultura de responsabilidade que até agora fora relegada para determinismos de vária ordem, menos os estritamente pedagógicos, o que era um vício da escola portuguesa, pelo menos até à publicação dos rankings. Mas aí, de novo, a equipa do Ministério da Educação funcionou mal. Se os campos de avaliação do desempenho dos professores estão mais ou menos fixados, e começam a ser universais, os parâmetros em questão foram pensados por mentes burocráticas sem sentido da realidade, na pior deturpação que se pode imaginar em discípulos de Benjamin Bloom, porque um sistema que transforma cada profissional num polícia de todos os seus gestos, e dos gestos de todos os outros, instaura dentro de cada pessoa um huis clos infernal de olhares paralisantes. Ninguém melhor do que os professores sabe como a avaliação é um logro sempre que a subjectividade se transforma em numerologia. Claro que não está em causa a tentativa de quantificação, está em causa um método totalitário que se transforma num processo autofágico da actividade escolar. Aliás, só a partir da
divulgação das célebres grelhas é que toda a gente passou a entender a razão da pressa na criação dos professores titulares - eles estavam destinados a ser os pilares dessa estrutura burocrática de que seriam os pivots. Isto é, quando menos se esperava, e menos falta fazia, estavam lançadas as bases para uma nova desordem na escola portuguesa. Como ultrapassá-la?

4.

Não restam muitos caminhos. Ultimamente, almas de boa fé falam de cedência de parte a parte. Negociação, bondade, comissões de sábios. A
questão é que não há, neste campo, nenhuma justiça salomónica a aplicar. O objecto em causa não é negociável. Tendo em conta uma erosão à vista, só a Maria de Lurdes Rodrigues, que sabe que foi longe de mais, competiria dizer "Não matem a criança, prefiro que a dêem inteira à outra", mas já se percebeu que não o vai fazer. Obcecada pela sua missão, que começou tão bem e está terminando mal, quererá ir até ao fim, mesmo que do papel dos mil quesitos que alguém engendrou para si só reste um farrapo. É pena. Depois de ter tido a capacidade de pôr em marcha uma mudança estrutural indispensável para a modernização do ensino, acabou por não ser capaz de ultrapassar o desprezo que desde o início mostrava ter em relação aos professores. E, no entanto, numa política de rosto humano, seria justo voltar atrás, reparar os estragos, admitir o erro sem perder a face. Ou simplesmente passar o mandato a outros que possam reiniciar um novo processo. De facto, em Portugal existem vários vícios na ascensão ao poder. Um deles consiste em não se saber entrar no poder. Pessoas sem perfil técnico, ou humano, aceitam desempenhar cargos para os quais não foram talhados. Parece que toda a gente gosta de um dia dizer ao telefone, no telejornal, "Papá, sou ministro!", com o resultado que se conhece. Outro é não se saber sair do poder. Houve um tempo em que Mário Soares ensinou ao país como os políticos saem no tempo certo, para retomarem, quando voltam a ser úteis. Os grandes políticos conhecem a lei do pousio. E o objecto da disputa deve ser sempre mais alto do que a própria disputa. É por isso estranho e desmedido o que está a acontecer.

5.

José Sócrates deverá estar a pensar que pode ter pela frente um golpe de sorte - Margaret Thatcher teve a guerra das Falklands - e até pode vir a ter uma maioria absoluta outra vez. Aliás, pelo que se ouve e vê, a frase da ministra da Educação "Perco os professores mas ganho o país", cria efeitos de grande admiração junto duma população ansiosa por ver braços-de-ferro no ar, sobretudo se eles vierem do corpo de uma mulher. Não falta quem faça declarações de admiração à sua coragem, como se a coragem prescindisse da razoabilidade. E até é bem possível que a Plataforma Sindical um dia destes saia sorridente da 5 de Outubro com um acordo qualquer debaixo do braço, como já aconteceu. Mas a verdade é que, a insistir-se neste plano, despropositado, está-se a fomentar uma cadeia de injustiças e inoperâncias que só a alternância democrática poderá apagar. Se José Sócrates pediu boas soluções e lhe ofereceram estas, foi enganado, e deveria repensar nos seus contratos. Mas se ele mesmo acredita neste processo kafkiano, é uma desilusão, sobretudo para os que confiaram na sua capacidade de ajudar o país a mudar. Neste momento, entre nós, a educação tornou-se uma fábula".

Lídia Jorge


Pela VOZ LIVRE dos POETAS

Dai aos poetas a fala

De forte resolução

Não tem razão quem se cala

Ao ver o mundo que exala

Em falta de opinião.



Morre à sede uma criança

Entre milhares que se vão

Poetas gritai a esperança

Fazei dos versos canção.

A justiça é uma balança

Que não nos pesa a razão.



Outra além morre de fome!

E nos deixamos morrer?

Poetas gritai seu nome

Que nenhuma força dome

A razão que tem que ser!



Poetas erguei a voz

Morre o mundo em todos nós.


Marilia Gonçalves




















2.
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“O meu Ideal”
Música!
Música bela,
arte Sem igual
estarás tu, meu ideal,
ao meu alcance,
ao alcance…
dum ente mesquinho
como eu?
Tu, que és a esperança
do pobrezinho,
o bálsamo sagrado
dos que sofrem,
dos que a felicidade
desconhecem
o ungüento suave,
não me dirás
onde existes,
em que lume azulado
tu crepitas,
em que coração desventurado
tu palpitas?...
Onde te encontras?
É nas moitas tristes,
espalhadas pelos montes,
e banhadas pelas águas frias
das fontes,
que te achas?
ou, no botão de rosa
a desabrochar,
na dália formosa
a desfolhar?
Tu, que beijas a fronte
do pobre órfão,
que carícias não conhece,
que afogos desconhece,
como a esperança duma benção;
tu, arte incomparável,
que enxugas os olhos
à viúva triste,
que, inconsolável,
chora a morte do marido,
que já não exsite...;
tu, dos desventurados
a esperança,
a aurora a raiar
aos olhos do náufrago desgraçado,
que, ao sôpro do vento forte,
vagueia sem norte,
ao sabor das águas;
onde, onde existes?
Tu, que foste para mim,
para o meu coração,
de abròlhos plantado,
como o sol,
que em rúbido arrebol,
se ergue por detrás das serras,
a raiar
por sôbre as terras...,
ou como a lua num cemitério,
por entre os ciprestes, a espreitar,
e em plaguas enluaradas,
a beijar
as tumbas frias, abandonadas;
onde te encontras?
Não me dirás
a mim, que to recebi,
e no meu coração,
tão pequeno, tão desventurado,
te acolhi,
com aquela ternura
com que a mãi,
cheia de desventura,
beija o filho amado,
com aquela alegria,
com que o prêso inocente,
em fria masmorra atirado,
saúda
o primeiro raio de sol,
que, pela fresta esguia,
Ihe vem beijar...
os pés algemados!;
não me dirás
onde te encontras?
Em que botão a estiolar,
em que lírio a desabrochar
te acharei, bela arte
por mim almejada?
Que palácio encantado,
que paraíso d’ilusão
te serve de morada?
Eu, que me tenho arrastado
da mais alta serra
ao vale mais fundo,
por arrozais louros
e montes rochosos,
por palmares verdejantes
e areais calcinantes,
por prados em flôr,
por trilhos dolorosos...
com palácio algum encantado
topei...
No meu caminho pela terra,
pelo imenso mundo,
cheio de perigo e mal,
à tua procura,
à procura do meu Ideal!
Onde existes?
No solitário eremitério,
nas moitas de urzes,
mesquinhas e tristes,
abandonada,
desprezada
na encosta do monte?
Estarás por ventura
atrás das rochas escondida,
despercebida
aos olhos daquele que te procura?
Ou disfarçada
em frescas boninas,
em margaridas finas
da encosta florida?
Onde te encontras bela arte?
Será na fria fonte,
Onde se banham joviais
Os belos pardais?
Será a tua morada
em algum triste cemitério
entre os goivos e as cruzes
dos frios covais?
Será, em várzeas imensas,
ao sôpro da brisa, murmurantes,
em arecais verdejantes
entre palmeiras densas,
ou, em belos jardins
entre os “zaiôs” em flor
e “mogarins”
de perfumes inebriantes,
entre belas rosas
e dálias formosas
a sorrirem d’amor,
onde correm,
sôbre leito d’areia fina
as águas rumorosas
da ribeira cristalina?
a que gruta d’ilusão,
a que caverna escura
te acolheste?
Que palácio encantado,
que palhota obscura
te acoita assim,
arte sublime,
que foges dos olhos de quem te procura?
Em que covil escuro,
to escondeste,
para assim
eu não te achar
e em parte alguma te encontrar,
en que, incansável,
em vão te procuro?...
O sol punha-se
lançando
nas nuvens azuladas
largas pinceladas
de sangue,
esbanjando,
por tôda, a parte,
raios fulgurantes de luz,
e os alegres passarinhos
recolhiam-se aos seus ninhos,

Cansado
do longo caminhar,
mais cansado que um romeiro,
mais trópego que um velho peregrino,
à minha cabeça descansei
na fresca alfombra,
à sombra
dum esguio coqueiro
donde balouçava
um frágil ninho abandonado...
Era o silêncio soturno das frias tumbas,
o silêncio mudo das catacumbas,
que reinava naquele remanso ameno,
esquecido na solidão que seduz!
Embalado
pelo sôpro da brisa fresca,
dormi... e sonhei:
— Num lago calmo
de água cristalina,
vogava silencioso
um cisne formoso
de brancura peregrina.
Na sua superfície espelhenta,
lisa e nua,
reflectia
a face ebúrnea da lua,
num céu de nuvens lavado,
como uma moeda de marfim
em vasta peça de setim...,
a rolar, a deslisar,
como uma formosa
e multicôr mariposa,
num belo jardim
perfumado,
por cima das flôres
a esvoaçar,
a doidejar...
A servir de moldura
a isso tudo,
sorria viçosa a verdura
luxuriante
de “zaiôs” em flôr,
de belas rosas,
de “mogarins” de perfume inebriante,
de dálias formosas
a desabrocharem d’amor!
A brisa fresca,
que suave soprava,
trouxe-me aos ouvidos extasiados,
os sons magoados
duma melopeia dolente,
duma melodia plangente,
triste, a transparecer
uma intensa paixão:
cheia de vida expressão:
era o cisne que cantava
as desventuras do seu viver!
Mãos mágicas dedilhavam,
harpas encantadas,
que soltavam sons dolentes,
acompanhando
um violino mavioso,
a soltar sons vibrantes,
melodiosos, plangentes...
que se iam pêrder
nas profundezas da minha alma!
A natureza inteira escutava
e o meu coracão inteiro palpitava!
Uma voz suave e calma
me animava,
aos meus ouvidos segredava,
dizendo: “Levanta-te
e segue animoso!
Não vaciles
perante obstáculos
nem pares, antes
que me encontres,
que eu estou
ao alcance de todos!
Eu estou em tudo o que é belo,
embora singelo...,
em tudo o que arrebat a alma»!
O sol sumia-se no oceano,
como, a luz da tocha,
sacudida por gigantesco sôpro,
E, pelo duro trilho,
entre a urze e a rocha,
subia, devagar, risonho,
cheio de confiança
a transbordar de esperança
o caminheiro de somho,
o paladino da arte,
que vai à busca da perfeição,
do seu elevado Ideal,
arcano da imortalidade,
que Meyerbeer sintetizou,
que Beethovem idealizou!

ORLANDO DA COSTA
Aluno do 6º ano do Instituto Abade Faria
1º Prémio do Concurso Literário, organizado
pela Associação Escolar do Liceu (1944)
Publicado na Revista “ALA” da Associação Escolar do Liceu Nacional de Afonso de Albuquerque – 1945, Pgs 62-64

Pela PAZ


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Fresques

Les as-tu vus ces vieux passants
Arborant leurs batailles, leur rêves
Les yeux emplis de songes
Les mains vêtues de gestes
Une histoire sur leurs lèvres
Les as-tu vus passer
Résistants à l’automne
Voletant irréels dans un monde concret
Les as-tu vu passer
(ce cortège sublime
Dont ils ont le secret)
Ce sont les vieux poètes
Qui passent en nos regards
L’éternelle jeunesse agite leur pensée
Les éternels amants du matin et du soir
Nous les dirions absents, notre vision nous trompe
De toutes les batailles ils sont bien présents
Ils portent un étendard de mots et de couleurs
Ils traversent le temps sillonnant la parole
Impromtu symphonie jaillissant dans leur cœur
Sonate de poèmes colombe qui s’envole
Ils sont à nos cotés et cheminent tout seuls
Nous ne saurons jamais
la racine carrée du poids de la parole

Marília Gonçalves

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Esperança semeia-se pela PALAVRA
e pela PALAVRA se chega à PAZ!

Por Marília Gonçalves*


PORTUGAL: Há muitos anos atrás, era eu uma menina, tal como deve ter acontecido com os não amnésicos políticos, lembro que era voz corrente, que o Salazar e a pandilha fúnebre e sinistra que o acompanhava estavam de pedra e cal, e que nada mudaria ou faria mudar este estado de coisas que o Povo português tinha que resignadissimamente ir suportando como praga eterna de gafanhotos que nos devastava as vidas e a Esperança. Era assim uma espécie de maldição lançada sobre a credulidade consciente ou não, e sobre os incautos, que lhes bebiam os falsos sorrisos e as maneiras estudadas de quem quer saquear a casa alheia, tendo o dono aberto as portas por suas mãoscrédulas e descuidadas.

Vivia- se num mundo restrito, de aparências, onde a hipocrisia tinha ares benevolentes; sorridentes, ocultando na capa nocturna do obscurantismo a crueldade de que vivia e com que comandava Portugal. O drama é que muitos filhos do povo se habituaram aos ares falsos e tomavam-nos como exemplo, o que poderia dar a parecer que havia uma serenidade de ânimos e que tudo corria pelo melhor, no melhor dos países.

Tive a sorte de crescer num meio antifascista, e isto de ser antifascista nesse tempo não se baseava apenas nas frases proferidas em família nem em princípios sem estrutura. A ideia tinha um esqueleto, que lhe conferia a postura correcta, verídica, credível desde a mais tenra idade. Era um comportamento e não atingia ainda junto dos mais pequenos a tonalidade formal da palavra explícita.

Era esse comportamento que nos fazia antifascistas sem mesmo sabermos que o éramos. Aprendizes de ser humano com a diversidade do exemplo por modelo.

Crescíamos a pensar e a sentir de outra forma. Diferentes na conquista da livre Igualdade.

Pois por isso essas frases escutadas no exterior não nos atingiam, uma infantil semente de esperança crescia vicejante contra todos os males.

Mostrou o futuro que tínhamos razão! Uma Primavera, amanheceu Abril, um Abril único, nunca visto, vestido de cravos rubros e de olhos que viam o Futuro aberto à sua frente pela primeira vez!

Ora hoje o Mundo em guerra está faminto dum Universal Abril!

As guerras sempre injustas, matam inocentes. Pois hoje, como ontem durante o fascismo em Portugal, os ânimos cansados descrêem da PAZ. Não lhe vêem o caminho.

O Ser Humano descrê de si próprio.

Pois tal como em Portugal floriu o cravo de Abril, contra todas as descrenças, também a PAZ no MUNDO terá o seu ABRIL! e Florirá!

Porque é inevitável, porque é anti-humano o que se passa actualmente na Palestina no Iraque, entre outros países que vivem no horror e no terror! Porque contraria as leis da Vida!

Apenas cada um de nós tem que através da Palavra positiva semear a certeza desse inevitável dia a atingir! Urgente!

Ou consentindo na barbaridade é o nosso próprio fim que preparamos, porque as forças que se opõe são tão poderosas que se lhes não pomos de imediato cobro, alastram a pestilência da guerra que nos pode atingir mundialmente! Ai, e isso ninguém quer, porque enquanto é na casa dos outros, o nosso egoísmo consente e cala, cobarde, mas se pode atingir-nos a nós ...

E como é o que bem [mal] nos pode acontecer; o melhor é gritar aos nossos governos que mudem de atitude e tomem uma posição firme e enérgica a exigir a Paz imediata e sem condições!

E se agirmos assim a Paz virá a ser!

E um Mundo melhor pode começar enfim para todos e para cada um!



Marília Gonçalves POETA del MUNDO

As Portas que Abril Abriu



Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.

Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação

uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.

Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.

Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.

Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.

Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.

Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
– pode nascer um país
do ventre duma chaimite.

Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.

E então por vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
desceram homens sem medo
marujos soldados «páras»
que não queriam o degredo
dum povo que se separa.
E chegaram à cidade
onde os monstros se acoitavam
era a hora da verdade
para as hienas que mandavam
a hora da claridade
para os sóis que despontavam
e a hora da vontade
para os homens que lutavam.

Em idas vindas esperas
encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras
arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua
com sete pedras na mão
e uma pedra de lua
no lugar do coração.

Dizia soldado amigo
meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama
temos a mesma ração
dormimos na mesma cama
comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo
soldadinho ou capitão
este povo está contigo
a malta dá-te razão.

Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.

Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril
fez Portugal renascer.

E em Lisboa capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.

Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
onde um povo se curvava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.

Essas portas que em Caxias
se escancararam de vez
essas janelas vazias
que se encheram outra vez
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez
que espreitavam como espias
todo o povo português.

Agora que já floriu
a esperança na nossa terra
as portas que Abril abriu
nunca mais ninguém as cerra.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.

Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.

E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

E então operários mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.

A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam.

Porém cantar é ternura
escrever constrói liberdade
e não há coisa mais pura
do que dizer a verdade.

E uns e outros irmanados
na mesma luta de ideais
ambos sectores explorados
ficaram partes iguais.

Entanto não descansavam
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam
silêncios boatos murmúrios
risinhos que se calavam
palácios contra tugúrios
fortunas que levantavam
promessas de maus augúrios
os que em vida se enterravam
por serem falsos e espúrios
maiorais da minoria
que diziam silenciosa
e que em silêncio fazia
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo
e com ordenados régios
o alvor do socialismo
e o fim dos privilégios.

Foi então se bem vos lembro
que sucedeu a vindima
quando pisámos Setembro
a verdade veio acima.

E foi um mosto tão forte
que sabia tanto a Abril
que nem o medo da morte
nos fez voltar ao redil.

Ali ficámos de pé
juntos soldados e povo
para mostrarmos como é
que se faz um país novo.

Ali dissemos não passa!
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça
odeia a quem desgraçou.

Foi a força do Outono
mais forte que a Primavera
que trouxe os homens sem dono
de que o povo estava à espera.

Foi a força dos mineiros
pescadores e ganhões
operários e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
que deu o poder cimeiro
a quem não queria patrões.

Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
— cumpriu-se a revolução.

Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções.

Por isso o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos.

E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.

Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha.

E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal.

Os tais homens que sentiram
que um animal racional
opõe àqueles que o firam
consciência nacional.

Os tais homens que souberam
fazer a revolução
porque na guerra entenderam
o que era a libertação.

Os que viram claramente
e com os cinco sentidos
morrer tanta tanta gente
que todos ficaram vivos.

Os tais homens feitos de aço
temperado com a tristeza
que envolveram num abraço
toda a história portuguesa.

Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
– Não havia estado novo
nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.

Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.

Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.

E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
dum país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser
pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.

No Minho com pés de linho
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho
na Beira com requeijão
e trocando agora as voltas
ao vira da produção
no Alentejo bolotas
no Algarve maçapão
vindimas no Alto Douro
tomates em Azeitão
azeite da cor do ouro
que é verde ao pé do Fundão
e fica amarelo puro
nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo
o povo deita-lhe a mão!

É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de que nós temos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução.

Quem a fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.

Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.

Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

José Carlos Ary dos Santos


sábado, 19 de setembro de 2009


A um trovador

(Ao José Afonso, no dia em que, estando eu
atrás das grades, o vi entrar, sob prisão em, Caxias)

Apagou-se uma estrela e logo
uma canção perfurou o silêncio.
Assim, semeemos a noite de canções
para que as estrelas não durmam.

E é por isso que eu te exorto,
trovador de árias amargas,
a arrancar da viola os acordes
da tua inquietação.
Tudo o que bulir dentro de ti,
amor, revolta, espanto, saudade,
dores, esperanças, raivas e certezas,
são essas as munições
que armam a canção.

Empunha a tua voz
e investe contra o ódio
que se tornou muralha.

Canta!
Nos postigos da fome ou nos portais do frio,
nas esquinas dos ventos traiçoeiros
ou nos cais onde plangem as distâncias
há sempre uma canção
que, dentro de ti, espera.
Nas vozes caladas pelos silvos das fábricas
ou entre os medos que uivam nos pinhais
há canções, à espreita, para ti.

Canta!
Desprende a tua voz pelos espaços.
Se te mandam calar, tu não te cales!
Se a guitarra te quebram
os ecos saberão
acompanhar o teu canto.


Canta, trovador!

Mesmo se te algemarem,
a canção voará
em estilhas de revolta e sóis de esperança.

Canta!

Se te esmagam a voz,
os teus olhos continuarão
a disparar canções
para além da mordaça.

Canta!

Se quiserem matar-te,
nem mesmo assim te cales
– milhões de vozes cantam já contigo.

Canta, mesmo que te matem!


(Prisão de Caxias, Maio de 1973)

Carlos Domingos

sexta-feira, 18 de setembro de 2009


A B A T A L H A

D A P A Z




Nós não gritamos paz como quem chora

ou como cristãos lançados às feras.

O nosso canto é um brado de vigília

a estremecer a noite armadilhada.

Semeamos poemas e canções,

abraços e bandeiras,

ateando o amor por toda a terra,

deixando o sonho fecundar a esperança.

Somos um coro imenso de vontades,

desejos de cristal e timbres de aço.

Damos as nossas mãos a outras mãos,

tantas que cheguem para enlaçar o mundo.

Defendemos a Paz por tudo o que respira,

pelo caudal de sangue em que viaja a vida,

pelos rios que se projectam das montanhas

em ânsia de ser mar,

pelas sementes que irrompem da noite

a caminho da luz,

pelas flores que teimam em ser frutos,

pelas searas que aspiram a ser pão,

pelos barcos que partiram

e querem voltar,

pelas mãos que trabalham e acariciam,

pelos olhos que vêem e choram,

pelas bocas que gritam e beijam,

pelas crianças que aguardam a sua vez

de assumir o mundo.

Lutamos pela Paz com os dentes cerrados

e empenhamos a vida pela vida.

Aguentamos firme contra o pesadelo

– até que a nuvem negra se disperse

e caia em branda chuva sobre as nossas mãos.

Carlos Domingos (Poeta del Mundo)

Vivre simplement pour que d'autres puissent simplement vivre


(Gandhi)

La richesse d'un pays ne se mesure pas à son PIB. mais à celle du plus pauvre de ses habitants. Améliorez son sort et toute la société en sera meilleure.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

HOMENAGEM ao Zeca


vamos todos visitar o ZECA
pelos seus 80 anos

Arte e Amor presentes
80 Anos do ZECA

ZECA E ABRIL

AQUI

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

poesia



Nauta

Navega o meu corpo em tuas mãos
é fome, sede, desejo, claro dia
searas ou pomares ou rios de prata
na luz que por seres tu de ti nascia.
Meu corpo foi veleiro d’entre espuma
a correr para a seiva a alagar
a ausência de ser coisa nenhuma.
Em tuas mãos morria devagar.

Navega o estranho mar em cujo brilho
eu semeei o sonho de inventar
o bojo que é o ventre onde teu filho
é fruto de além tempo e aquém-mar.
Chamo por ti na voz do meu silêncio
paraste rente ao cais no mar de bruma
mas os teus olhos vão brilhando mais
estrelas na noite acesas uma a uma.

Navego e o tempo não é meu
se ando à tua procura é minha fome
onde a arder meus sentidos acendem
as letras que escrevem o teu nome.


Marília Gonçalves

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Chamar por ti Poesia!


Chamar por ti Poesia! Poetas estro, musa, em defesa da cidade, pedir-te verve e força duradoira, que a batalha é de brio, de amor logrado, um grito na cidade obscura, aberta a desaires e esquecimento. Lisboa te chamaram, cidade que atravessou os tempos, épocas, a história, resistiu a cercos e à fome, viu investir suas muralhas, viu séculos de gesta, Restelos de advertência, poetas de faces veras, a soluççar à porta de tuas verdades; heróica foste resistindo. A voz de teus bardos te guiava, rumo a ti, à tua construção, quando nos ares se desfiava em luz, cidade rosa, cidade flor, amor cidade. Resististe, que afinal a força é resistir, e nas longas noites, as tertúlias eram ainda voz tua, a percorrer os bairros e os becos, nossa cidade de sede que o Tejo apazigua ou acomete, cidade de portos, de canoas que te levam no longe, à tua procura, cidade, de partidas e chegadas, quando chegas a ti? Muito haveria a dizer, pelos teus prédios, as tuas velhas casas (não estarei a recordar a Velha Casa desse grande génio da música em Portugal, que é António Vitorino de Almeida) e quem não tem uma velha casa a lembrar a infância, aqueles que a povoaram e não voltam mais? As tuas velhas casas, teus belos edifíícios, que o tempo afronta, como larva a desfazer-te na nossa lembrança; a paisagem humana vai-se perdendo, modifica-se até nela não nos reconhecermos, preservemos pois a voz das pedras que abrigaram nossos avós; guardemos a memória de seu esforçado viver, preservando a beleza das construções que nos deixaram, que nos dignificam e nos distinguem, de outras vivêências, de mérito, sem dúvida, mas nestas paredes que desabam estão inscritos os sonhos dos que nos precederam, está o nosso próprio reconhecimento cultural e regional, em suma o eco de tudo o que nos fez, e tantos poetas cantaram, Lisboa, reconhece-se pela paisagem, pelas colinas, pelo Tejo, mas tambm pela luz que doira as suas casas, porque as pessoas, de cidade em cidade, cada vez se parecem mais umas com as outras. Preservemos pois aquilo que nos diferencia e enriquece, o que não deve perder-se, o nosso Patrimóónio arquitectónico. E que a voz dos poetas nos guie e dê alento, para defender a história de uma magnifica cidade: LISBOA



Marília Gonçalves


O Pensar de Marx

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

HIGIENE Reforçada H1N1


O TERROR E PÂNICO NAO EVITAM O VÍRUS
A HIGIENE SIM

H1N1 -GRIPE SUÍNA (GRIPE A)


PERGUNTAS E RESPOSTAS:

> PERGUNTA
> RESPOSTA

1.-
> Quanto tempo dura vivo o vírus suíno numa maçaneta ou superfície lisa?
> Até 10 horas.

2. -
> É útil o álcool em gel para se limpar as mãos?
> Torna o vírus inactivo e mata-o.

3.-
> Qual é a forma de contágio mais eficiente deste vírus?
> A via aérea não é a mais efectiva para a transmissão do vírus, o
> factor mais importante para que se instale o vírus é a humidade,
> (mucosa do nariz, boca e olhos) o vírus não voa e não alcança mais
> de um metro de distância.

4.-
> É fácil contagiar-se em aviões?
> Não, é um meio pouco propício para ser contagiado.
>
> 5.-
> Como posso evitar contagiar-me?
> Não passar as mãos no rosto, olhos, nariz e boca. Não estar com
> gente doente. Lavar as mãos mais de 10 vezes por dia.

6.-
> Qual é o período de incubação do vírus?
> Em média de 5 a 7 dias e os sintomas aparecem quase imediatamente.

7.-
> Quando se deve começar a tomar o remédio?
> Dentro das 72 horas os prognósticos são muito bons, as melhoras são
> de 100%

8.-
> De que forma o vírus entra no corpo?
> Por contacto ao dar a mão ou beijar-se no rosto e pelo nariz, boca e
> olhos.

9.-
> O vírus é mortal?
> Não, o que ocasiona a morte é a complicação da doença causada pelo
> vírus, que é a pneumonia.

10.-
> Que riscos têm os familiares de pessoas que faleceram?
> Podem ser portadores e formar uma rede de transmissão.

11.-
> A água de tanques ou caixas de água transmite o vírus?
> Não porque contém químicos e está clorada

12.-
> O que faz o vírus quando provoca a morte?
> Uma série de reacções como deficiência respiratória, a pneumonia
> severa é o que ocasiona a morte.

13.-
> Quando se inicia o contagio, antes dos sintomas ou até que se
> apresentem?
> Desde que se tem o vírus, antes dos sintomas.

14.-
> Qual é a probabilidade de recair com a mesma doença?
> De 0%, porque fica-se imune ao vírus suíno.

15.-
> Onde encontra-se o vírus no ambiente?
> Quando uma pessoa portadora espirra ou tosse, o vírus pode ficar nas
> superfícies lisas como maçanetas, dinheiro, papel, documentos,
> sempre que houver humidade. Já que não será esterilizado o ambiente
> se recomenda extremar a higiene das mãos.

17.-
> O vírus ataca mais às pessoas asmáticas?
> Sim, são pacientes mais susceptíveis, mas ao tratar-se de um novo
> germe todos somos igualmente susceptíveis.

18.-
> Qual é a população que está atacando este vírus?
> De 20 a 50 anos de idade.

19.-
> É útil a máscara para cobrir a boca?
> Existem alguns de maior qualidade que outros, mas se você não está
> doente é pior, porque os vírus pelo seu tamanho o atravessam como se
> este não existisse e ao usar a máscara, cria-se na zona entre o
> nariz e a boca um microclima húmido próprio ao desenvolvimento
> viral: mas se você já está infectado use-o para não infectar aos
> demais, apesar de que é relativamente eficaz.

20.-
> Posso fazer exercício ao ar livre?
> Sim, o vírus não anda no ar nem tem asas.

21.-
> Serve para algo tomar Vitamina C?
> Não serve para nada para prevenir o contágio deste vírus, mas ajuda
> a resistir seu ataque.

22.-
> Quem está a salvo desta doença ou quem é menos susceptível?
> A salvo não esta ninguém, o que ajuda é a higiene dentro de lar,
> escritórios, utensílios e não ir a lugares públicos.

23.-
> O vírus se move?
> Não, o vírus não tem nem patas nem asas, a pessoa é quem o coloca
> dentro do organismo.

24.-
> As mascotes contagiam o vírus?
> Este vírus não, provavelmente contagiem outro tipo de vírus.

25.-
> Se vou ao velório de alguém que morreu desse vírus posso me contagiar?
Não.

26.-
> Qual é o risco das mulheres grávidas com este vírus?
> As mulheres grávidas têm o mesmo risco mas por dois, podem tomar os
> antivirais mas em caso de contágio e com estrito controlo médico.

27.-
> O feto pode ter lesões se uma mulher grávida se contagia com este
vírus?
> Não sabemos que estragos possa fazer no processo, já que é um vírus
novo.

28.-
> Posso tomar ácido acetilsalicílico (aspirina)?
> Não é recomendável, pode ocasionar outras doenças, a menos que você
> tenha prescrição por problemas coronários, nesse caso siga tomando.

29.-
> Serve para algo tomar antivirais antes dos sintomas?
> Não serve para nada.

30.-
> As pessoas com SIDA, diabetes, cancro, etc., podem ter maiores
> complicações que uma pessoa sadia se contagiam com o vírus?
> SIM.

31.-
> Uma gripe convencional forte pode se converter em influenza?
> NÃO.

32.-
> O que mata o vírus?
> O sol, mais de 5 dias no meio ambiente, o sabão, os antivirais,
> álcool em gel.

33.-
> O que fazem nos hospitais para evitar contágios a outros doentes que
> não têm o vírus?
> O isolamento.

> 34.-
> O álcool em gel é efectivo?
> SIM, muito efectivo.

35.-
> Se estou vacinado contra a influenza estacional sou inócuo a este
> vírus?
> Não serve para nada, ainda não existe vacina para este vírus.

36.-
> Este vírus está sob controlo?
> Não totalmente, mas estão tomando medidas agressivas de contenção.

37.-
> O que significa passar de alerta 4 a alerta 5?
> A fase 4 não faz as coisas diferentes da fase 5, significa que o
> vírus se propagou de Pessoa a Pessoa em mais de 2 países; e fase 6 é
> que se propagou em mais de 3 países.

38.-
> Aquele que se infectou deste vírus e se curou fica imune?
SIM.

39.-
> As crianças com tosse e gripe têm influenza?
> É pouco provável, pois as crianças são pouco afectadas.

40.-
> Medidas que as pessoas que trabalham devam tomar?
> Lavar-se as mãos muitas vezes ao dia.

41.-
> Posso me contagiar ao ar livre?
> Se há pessoas infectadas e que tussam e/ou espirrem perto pode
> acontecer, mas a via aérea é um meio de pouco contágio.

42.-
> Pode-se comer carne de porco?
> SIM pode e não há nenhum risco de contágio.

43.-
> Qual é o factor determinante para saber que o vírus já está controlado?
> Ainda que se controle a epidemia agora, no inverno boreal
> (hemisfério norte) pode voltar e ainda não haverá uma vacina.

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Réfléchir Reflectir

La où règne la violence, il n'est de recours qu'en la violence.

Bertolt Brecht

terça-feira, 8 de setembro de 2009

sábado, 5 de setembro de 2009

RESISTIR

Hommage à Jean-Pierre Thimbaud
Fusain de Boris Taslitzky
réalisé dans la clandestinité
en octobre 1941


Poèmes - Ballade de celui qui chanta dans les supplices -

ce poème est dédié à Gabriel Péri

Et s'il était à refaire
Je referais ce chemin
Une voix monte des fers
Et parle des lendemains

On dit que dans sa cellule
Deux hommes cette nuit-là
Lui murmuraient "Capitule
De cette vie es-tu las

Tu peux vivre tu peux vivre
Tu peux vivre comme nous
Dis le mot qui te délivre
Et tu peux vivre à genoux"

Et s'il était à refaire
Je referais ce chemin
La voix qui monte des fers
Parle pour les lendemains

Rien qu'un mot la porte cède
S'ouvre et tu sors Rien qu'un mot
Le bourreau se dépossède
Sésame Finis tes maux

Rien qu'un mot rien qu'un mensonge
Pour transformer ton destin
Songe songe songe songe
A la douceur des matins

Et si c'était à refaire
Je referais ce chemin
La voix qui monte des fers
Parle aux hommes de demain

J'ai tout dit ce qu'on peut dire
L'exemple du Roi Henri
Un cheval pour mon empire
Une messe pour Paris

Rien à faire Alors qu'ils partent
Sur lui retombe son sang
C'était son unique carte
Périsse cet innocent

Et si c'était à refaire
Referait-il ce chemin
La voix qui monte des fers
Dit je le ferai demain

Je meurs et France demeure
Mon amour et mon refus
O mes amis si je meurs
Vous saurez pour quoi ce fut

Ils sont venus pour le prendre
Ils parlent en allemand
L'un traduit Veux-tu te rendre
Il répète calmement

Et si c'était à refaire
Je referais ce chemin
Sous vos coups chargés de fers
Que chantent les lendemains

Il chantait lui sous les balles
Des mots sanglant est levé
D'une seconde rafale
Il a fallu l'achever

Une autre chanson française
A ses lèvres est montée
Finissant la Marseillaise
Pour toute l'humanité

Louis Aragon