Gazela
Gazela que tão de manso
vens do fundo do caminho
a avançar sem descanso
como velas de moinho.
Gazela da inocência
a pisar a erva apenas
os olhos da inclemência
mordem as noites serenas.
Pudesses ter tu também
cruel força de viver
não haveria ninguém
que te pudesse vencer.
Mas a tua mansidão
a tua serenidade
são as armas que virão
voltar-se contra a bondade.
Marilia Gonçalves