Apoiam-se um as outro
Estão felizes assim
olhos de potro
a comer paisagem.
Não há tempestade
nem há sóis nocturnos
apenas saudade
inventos de mundo
do que é Poesia..
Marília Gonçalves
Apoiam-se um as outro
Estão felizes assim
olhos de potro
a comer paisagem.
Não há tempestade
nem há sóis nocturnos
apenas saudade
inventos de mundo
do que é Poesia..
Marília Gonçalves
O sonho de quem está vivo
ver a aragem nos olhos
a ondular a paisagem
a criar vozes diurnas
ou febris noites de amor.
Elevar ao cimo a vida
à transparência da cor.
Marília Gonçalves
Parei a olhar a vida
colhi flores de solidão
sementeira preenchida
de tanto ser coração.
No espanto que me ganhava
crescia minha memória...
paisagem que me habitava
em país sem ter história.
Quem sou eu? D’aonde venho
qual o futuro caminho
no tempo com o tamanho
duma mortalha de linho.
Marília Gonçalves
Voltei atrás era tempo
de colheitas e vindima
andei nos braços do vento
e fui encontrar-me acima
do que podia alcançar...
ficam versos nesta rima
em poesia do mar.
Em tudo apenas paisagem
mesmo entre a vontade humana
continuei na viagem
nesta procura que engana
minha dor,
que é a coragem
de erguer-me a chorar na lama.
Marília Gonçalves
Ó meu amor meu amor
ó clara manhã d’estio
ao espraiar a minha dor
nas margens verdes do rio.
Ó murmúrio das águas
risadas irrequietas
adormecem minhas mágoas
meigas trovas de poetas.
Ó manhã calma, harmonia
do meu sonho a despertar
ó vozes da alegria
a viver para o olhar.
Marília Gonçalves