Deixei ir meu sonho a trote
por entre ervagem e vento
meu galope sem chicote
na espora do pensamento.
Deixei-o ir luzidio
esse cavalo bravio
rédea solta e olhos nus...
atravessou vales, montanhas,
parou à margem do rio
meu poldro de cor castanha
quando o meio-dia caiu.
Meu Bucéfalo de luz
Pégaso alvo e alado
foram esperança que depus
neste cavalo indomado.
Nem sei se é cavalo ou sonho
se tarde, noite, se dia,
tinha a força aonde ponho
a esperança que me nascia.
Deixei-o seguir a trote
a cor da noite tomou
ao luar, em brando archote
ainda mais se iluminou.
Levei-o por estrada antiga
atravessando memória
até à infância amiga
início da minha história.
Saltou veredas de susto
que havia dentro de mim
a procurar rumo justo
levando-me aonde vim...
Deixei-o trotar, trotar
cauda solta, crina ao vento
como versos a brotar
do fundo do pensamento.
Era cavalo ou um sonho...
tenha o nome que tiver
ora a chorar ou risonho
é meu olhar de mulher.
Marilia Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário