25 de Abril Sempre
Espasmo interior
ou revolta fulminante
qual o nome para a dor
vinda do meu tempo infante?
Algozes vis destruíram
em feroz atrocidade
os sorrisos que fugiram
ao futuro da verdade.
Antecedendo o dia luminoso
eles mataram, feriram sem remorso
da tortura fazendo intimo gozo
curvando ao povo as almas e o dorso.
Mas a alma do povo é resistente!
De humilhações de feridas de peçonha
que lhes fechavam as portas do presente
em crueldade bárbara, medonha:
Ânimo erguido! Na luta, na arena
na solidão feroz de cada cela
desprezando o sarcasmo da hiena
caindo em bando sobre uma gazela
o povo foi erguendo em cada não
a história portuguesa do futuro:
fez luz nascer da escuridão!
Um jardim nascia no monturo.
Marília Gonçalves