МАРИНА ДЕВЯТОВА ❀ ЮБИЛЕЙНЫЙ КОНЦЕРТ
В КРЕМЛЕ ❀ 20 ЛЕТ ВМЕСТЕ С ВАМИ
1° de Maio Dia do Trabalhador,
1° de Maio de tanto desempregado
1° de Maio de teu sangue e do suor
pelo teu pão ganho a custo e tão contado
1° de Maio de Alentejos de searas
Marinhas Grandes de batalhas contra os Párias
desse Maio que vai de Norte a Sul
negrume imundo que cobre o céu azul
1° de Maio de ceifeiras, pescadores
dos operários fabris de cansaço e dissabores
1° de Maio para o povo português
que se desperta, vai ser Maio todo o mês!
1° de Maio quando a mesa do ricaço
ostenta o luxo que é fruto do teu cansaço
1° de Maio que renasce cada ano
entre promessas e mentiras e engano
1° de Maio é tempo de despertar
o pão que é teu e que falta amadurar
1° de Maio de colheitas por fazer
do teu suor que não pára de correr
Outros festejam entre risos, rendas, vinho
faltas herdadas desde há muito em teu caminho
hoje é o dia de te ergueres contra a desgraça
é bem maior do que o medo e a ameaça
Hoje é o Maio de sangue de Catarina
essa Mulher que foi mãe e heroína
Ondas de sal que inundaram a campina
e desse mar de labutas luto e dores
triste quinhão da vida dos pescadores
Hoje é o Maio dos artistas operários
que erguem o mundo contra ventos que contrários
levam as casas e lhes deixam por abrigo
casas ao vento onde o mês é inimigo
de longos dias a contar o mês sem fim
enquanto ricos vivem sempre no festim!
Pois se hoje é Maio vamos todos despertar
todos nós temos direito de sonhar
porque o trabalho foi regado com suor
que a alegria seja a paga do labor
o sofrimento não nos serve de salário
queremos que Abriil volte ao nosso calendário
não queremos leis dum poder que é arbitrário
Queremos Abril 25 a escrever o nosso erário
e que o Mundo se retorne em seu contrário
Marília Gonçalves
O dia da mais bela Revolução
Nasceu uma criança e era Abril
Nasceu talvez tão cedo e era tarde
nasceu quando era o mês das águas mil
no dia incendiado em Liberdade.
Nasceu duma promessa por fazer
Que estava por cumprir em cada olhar
Nasceu uma criança por haver
Nasceu uma criança pra sonhar.
Nasceu mas tão real, tão verdadeira
Que era o futuro ali à nossa mão
Onde afinal nascia a Terra inteira
Nascia uma criança e era o pão
E era a Luz a arder de tal maneira
O dia da mais bela Revolução.
Marília Gonçalves
E CHEGOU ABRIL
Meu coração de poeta
nasceu em Lisboa um dia
numa cidade secreta
que há dentro da nostalgia.
Foi feito de largos gestos
de pais, de tios e de primos
e de emprestados avós...
E foi crescendo embalado
por pregões que ainda havia
nesse tempo ignorado
que a Liberdade mordia.
Meu coração de poeta
que me deu voz muito cedo
olhos e mãos e carícias
ia soletrando medo
no meu país de polícias.
Mas coração de poeta
tem asas e lesto voa
pra de repente cair.
Minha cidade Lisboa
poeta do meu sentir.
Calçadas, pedras e ruas
Praça do Chile, Avenidas
Arroios e seu mercado...
desdobravam-se-te vidas
no teu chão amordaçado.
Mas Lisboa era Lisboa
e um coração a nascer
descobre que ainda voa
mesmo se lhe faz doer.
Voavam jornais dobrados
pelas varandas adentro
dos meus olhos que guardavam
a poeira que em bailado
estremecia na janela
entre a luz do cortinado.
Lisboa era muito mais
era o Jardim Constantino
onde bandos de pardais
ensinavam o menino
o ardina sem jornais.
Mas ia muito mais longe
Lisboa não acabava
prolongava-se no mar
nas corridas das varinas
chinelas a dar a dar.
Minha Lisboa de cegos
tocadores de concertina
ou de carros de morangos
e de ciganas que às vezes
passavam a ler a sina ...
Minha Lisboa poeta
nos meus olhos de menina!
Marília Gonçalves
Alexandre est dérivé du prénom grec Alexandros, qui signifie « Défenseur de l'humanité » ou « Qui repousse l'ennemi ».
Segundo nome de meu filho ALEXANDRE
nome de meu netto ALEXANDRE
ASSIM SEJA
Amigos(as), Companheiros(as), Camaradas
Cumprir Abril é ser Abril pra sempre
é ser mais que palavra sementeira
onde se cumpre amor se inscreve grava
uma história nossa companheira
onde cada página é um grito
de Luz beleza Universal
onde o povo se grita
é porque digno
sabe que em si se escreve
Portugal
cumprir Abril é ser do mundo inteiro
aqui à nossa porta paraíso
onde cada palavra é um canteiro
a reflorir sempre que é preciso
cumprir Abril é ser mais do que somos
sangue natural que nos circula
é não ter medo do que um dia fomos
Erguermo-nos em Povo altivo e forte
que não se deixa nunca espezinhar
e que em nome da vida enfrenta a morte
com sementeiras de luz no seu olhar!
Marília Gonçalves
Meu amor quero ir contigo
aonde tu fores irei
será meu corpo o abrigo
do mundo que te sonhei.
Meu orvalho da manhã
chuva no solo de estio
sou tua amante ou irmã
erva semente navio.
Estendo a teus pés o meu manto
sou eu repara sou eu...
que por ti transformo o pranto
no verso que amanheceu.
Marília Gonçalves
Consequências
Gérard Philipe dans un enregistrement historique
des années '50 du poème d'Alfred de Vigny 'La mort du loup'.
Gérard Philipe dans un enregistrement historique
des années '50 du poème d'Alfred de Vigny 'La mort du loup'.
Elle avait la jupe légère
Qui s’envolait au vent.
C’était la jolie laitière
Qui vendait son honneur naguère,
Belle et cheveux au vent.
Si un homme la prenait
Tout en sifflotant,
Elle chantait, le laissait faire
Et en faisait autant.
Elle a hérité de sa mère
Son courage vaillant
S'opposant à la misère,
Chantonnant au vent.
Elle avait la belle affaire
De ses deux parents.
Apprit la chanson
De la terre,
Tournoyant pourtant
Avec sa jupe de bergère
S'envolant au vent.
Les garçons, quand elle passait,
La regardait longtemps.
Comment ne pas voir la bergère
Et ses yeux d'enfant ?
Ingénue, la bergère
Montrait en passant
Sa jupe blanche et légère
Qui s'envolait, volait légère
Avec ses beaux volants.
Où est passée la bergère
Que les garçons aimaient tant
Quand en allant à la rivière
Elle faisait des ronds dans l’air
Montrant son petit pied blanc.
Marília Gonçalves
Ribatejo
Dobrados sobre a terra ao sol ardente
robustos camponeses se moviam.
Trabalho sobre o que ontem foi semente
entre seus dedos ásperos, verdes riam.
Brilhavam como sóis miniaturais
os milheiros, as uvas, as maçãs,
e nos rostos de bronze, esculturais,
iam nascendo manhãs sobre manhãs.
Neles havia traços de franqueza.
Os meus olhos loiros infantis
guardavam tesouros de beleza
dessa colheita que em seus olhos fiz.
Ó minha humana escola solidária
quando não era mais que uma menina
a minha alma livre e libertária
incendiou-se na vida campesina.
Em cada gesto vosso, a descoberta...
de vós só aprendi o que há de bom!
O vosso coração, de porta aberta
é que foi dando ao meu, o vosso tom.
Quando eu chegava, já as andorinhas
tinham voltado ao ninho, nos beirais.
Meu olhar voando sobre vinhas,
poisava na brancura dos casais.
Envolvente odor a sardinheiras
inebriava o ar e os sentidos...
em passadas curtas, mas ligeiras
descobria nos dias proibidos
com meus pés infantis, a Liberdade
pra sempre inscrita no meu coração!
Nessa autêntica fonte de bondade,
a vossa generosa rectidão,
transformou em juvenil realidade
a colheita, a dádiva do pão!
Agora quando em mim chegou a tardeestá ainda presente, a vossa mão!
Marília Gonçalves