Perdeste a escadaria, branco mármore
rosado pela luz d’oiro poente
esqueceste o teu caminho e era tarde
eu, à espera de ti antigamente.
Esqueceste esses pórticos perdidos
nas ondas verdes do mar
desperta a todos os sentidos
no areal da cor da luz solar.
Quiseste subir como ninguém
sobre degraus do todo inexistente
só eu parada, a ver-te tão aquém
de Virgílios de Homeros de um Vicente.
Quis dar-te asa de espuma e maresia
tu sorriste, por não acreditar…
por não saberes que minha escadaria
eram poemas esculpidos sobre o mar.
Marília Gonçalves
Poema dito por mim "Encontro de Poetas" no Hotel Eva em Faro, em que defendi o RCP-VILLEJUIF, Apelando á Solidariedade dos Poetas presentes, para a indispensável Defesa da Língua Portuguesa, em França. Entre os Poetas, estavam dois grandes Amigos de António Aleixo: Tóssan que desenhou o Poeta Aleixo e de quem fui grande Amiga, assim como da Esposa "Manela" e a mais família em Bela Salema. Estava presente também o Dr Joaquim Magalhães, grande apreciador da minha Poesia, o "Secretario de Aleixo", como este se referiu ao Professor de Liceu, que me disse, quando o convide a minha casa perto de Paris, ter ensinado francês toda a sua vida, sem nunca ter a oportunidade de ver Paris.
Marilia Gonçalves.
De quem essa ronda de gestos disformes
ossos que chocalham, as bocas enormes
em tão franco riso que eu outro não vi?
São os dançarinos da pálida morte
são os seus convivas são a sua corte
que chama por ti.
Vem bailar connosco despe essa farpela
diz-nos com franqueza se alguma aguarela
a nós se igualou em risos em cor?
Despe o falso aspecto que esconde teu fundo
vem rir vem cantar, deixa esse mundo
que cobre um sorriso com prantos e dor!
Há muito despimos a máscara horrenda
da hipocrisia delicada renda
tecida pela vida em loura ilusão
na morte encontrámos uma voz sincera
não esconde quem?
nem que a vida era
a pele da traição.
Marília Gonçalves
Os versos são um farrapo
ai, versos nunca dão pão!
Não são mais que um pobre trapo
a que limpo o coração.
Marília Gonçalves
É fim da peça
vai cair o pano
Da história imensa
o que vai ficar
recordações
críticas
ofensa
nada mais resta
o palco vai fechar
Marília Gonçalves
Tempo de amor
caminho a dois
por onde andei sozinha...
quando acendi a luz do teu olhar
e apagaste a minha !
Marília Gonçalves
Horas longas
Penedias aceradas
Como pombas
Alvas pombas
Ultrajadas
Horas sem terra
Sem vento
Sem sementes
Mas contudo
Tão presentes
Como perfume
Ou memória
A adejar
Na porta aberta
Da nossa história.
Marília Gonçalves