Não, mas íamos muito a Setúbal, meus pais, minha avó materna, moravam em Palmela e aproveito para contar algo que penso, nunca esquecerei, a minha neta mais velha nasceu em 2000. Quando tinha ano e meio, levei-a com meu marido, para o lado dos moinhos e muito em frente até ela ver os carneirinhos, as crianças têm sempre o coração perto dos animais. A Katia como comprovou o futuro, tinha uma imensa curiosidade acompanhada de memória de elefante, que eu cultivava a gosto. Assim nesse mesmo caminho, mostrava-lhe as oliveiras e explicava a diferença de cor das azeitonas. Atenta escutava-me. Em casa de minha mãe, meu pai havia falecido anos antes, tudo a interessava, mesmo um sumo a que ela deu o nome de sumo de Palmela. Como ela acordava cedo, eu levantava-me para me ocupar dela. Por isso mal o sol se punha, íamos deitar as duas, no mesmo quarto e depressa adormecíamos. Chegou o fim da época estival e regressámos a casa perto de Paris. Passou o ano. Voltaram de novo os grandes dias e com eles o regresso a Portugal. Por conseguinte quando a Katia tina dois anos e meio, ela chegava com a mãe se comboio, com outra filha minha. Fomos esperá-las a Santa Apolónia a minha neta dormia profundamente, talvez cansada da viagem. Peguei-lhe ao colo e dormiu sempre. Ao chegarmos a Palmela, levei-a para cima com o cuidado de não a acordar e fui com ela, com os seus dois anos e meio, para o quarto onde dormíamos as duas o ano anterior, Deitei-a e estendi-me a seu lado, de medo que ao acordar, vendo-se em casa estranha, se assustasse. Mais um quarto de hora, a minha pequenina acordou. Olhou para mim, olhou em volta e de imediato exclamou:-vojinha, não me digas que estamos em Palmela!!! que garota! atravessou a escolaridade toda, com médias se 18/20. Agora anda no 3° ano de Arquitectura e é Pintora. Quando precisava de dinheiro para os estudos ia trabalhar em restaurantes, sem nunca nos pedir do nosso dinheiro de reformados, e nem à mãe atingida de doença grave de que felizmente se curou, isto dos restaurantes, antes do Covid, como tem Bolsa, vai esticando e para o ano como excelente aluna que continua a ser, vai pelo ERASMUS para a Grécia. Se conto tudo isto é para que Portugal se orgulhe dos filhos, que mau grado nosso, vivem em França. Mas adoro Palmela e de Setúbal, ode íamos muitas vezes pescar para o Pontão, Conhecemos pescadores que levavam farnel quente para a noite e que repartiam entre o grupo.Foram eles que nos indicaram restaurantes onde se comiam choquinhos fritos, muito em conta, mas travessa cheia com excelente acompanhamento. Gostei mesmo muito, duma terra e doutra.Quem me dera poder regressar. Saudade que me transporta vezes sem fim. Se aborreci, desculpe não era essa a intenção. Com o meu sempre abraço de Abril, extensivo a todos os Amigos que nos lerem.
Marilia Gonçalves
- Poeta del Mundo, poeta pela Paz.
FOTO DA Katia Mendes de Castro