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O BLOGUE UNIVERSAL E INTERNACIONALISTA


A praça é do povo. Como o céu é do condor. É o antro onde a liberdade. Cria águias em seu calor! ...

A palavra! Vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.

Castro Alves
Jornal de Poesia

Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? / Em que mundo, em que estrelas tu te escondes / Embuçado nos céus? /Há dois mil anos te mandei meu grito / Que, embalde, desde então corre o infinito... / Onde estás, Senhor Deus?

Castro Alves


MINHA LEI E MINHA REGRA HUMANA: AS PRIORIDADES.

Marília Gonçalves

Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres.
Albert Einstein

Perguntas Com Resposta à Espera

Portugal ChamaS e Não Ouvem a Urgência de Teu Grito? Portugal em que http://www.blogger.com/img/gl.bold.gifinevitavelmente se incluem os que votando certo, viram resvalar de suas mãos a luz em que acreditavam; A LUTA CONTINUA )
Quem Acode à Tragédia de Portugal Vendido ao Poder dos Financeiros?! Quem Senão TU, POVO DE PORTUGAL?! Do Mundo inteiro a irmã de Portugal a filha. Marília Gonçalves a todos os falsos saudosistas lamurientos, que dizem (porque nem sabem do que falam) apreciar salazar como grande vulto,quero apenas a esses,dizer-lhes que não prestam! porque erguem seus sonhos sobre alicerces de sofrimento, do Povo a que pertencem e que tanto sofreu às mãos desse ditador!sobre o sofrimento duma geração de jovens ( a que vocês graças ao 25 de Abril escaparam)enviada para a guerra, tropeçar no horror e esbarrar na morte, sua e de outros a cada passo! sobre o sofrimento enfim de Portugal, que é vossa história, espoliado de bens e de gentes, tendo de fugir para terras de outros para poder sobreviver, enquanto Portugal ao abandono,via secar-se-lhe o pobre chão, sem braços que o dignificassem! Tudo isso foi salazar, servido por seus esbirros e por uma corte de bufos e de vendidos, que não olhavam a meios,para atingir seus malévolos fins!Construam se dentro de vós há sangue de gente, vossos sonhos, com base na realidade e não apoiando-os sobre mitos apodrecidos, no sangue de inocentes!!! Marília Gonçalves (pois é! feras não têm maiúscula!!!)

segunda-feira, 18 de março de 2013

Ria Formosa

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Mágico Algarve

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Escrever

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A Morte do Amor

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Percepção

Percepção



Nunca pedirei
frases de amor
nem escritas nem faladas
eu trago em mim
a fome e o pavor
do templo das oferendas recusadas.


Marília Gonçalves

domingo, 17 de março de 2013

PORQUÊ



PORQUÊ

De criança muito cedo, versos despertaram em mim a sensibilidade, talvez hereditária. Voz poesia perto dos seis anos, a emoção foi modelando o meu pensar, meu sentir.
Hostil ao programa escolar imposto pelo fascismo, deleitei-me com poesias, que não eram senão encontro com minha realidade interior.
Muito cedo comecei a dizer poemas em festas familiares, de amigos, mesmo no trabalho de meu pai. A Balada da Neve, o Fiozinho da Fonte, ambos de Augusto Gil foram dos primeiros poemas que disse em público.
Seguiram-se outros, A Cabra o Carneiro e o Cevado, ou a Noite Perdida, de António Feijó.
Aos dez anos, meu pai, foi preso pela PIDE aquando dos movimentos políticos, que surgiram com a campanha eleitoral de Humberto Delgado.
Ao ser posto em liberdade os maus tratos a tortura durante encarceramento, a que se seguiu o despedimento do escritório onde trabalhava, acabaram com a sua saúde frágil.
Na Amadora, após a prisão, meu pai apresentou-me poetas que costumavam reunir-se num dos cafés centrais. Por essa altura, conhecera também o poeta Ulisses Duarte apreciador da minha força infantil de dizer a poesia, deu-me poemas seus para meu repertório, como Se Caiu na Papironga- e Deixa-me Sonhar
Pouco mais tarde escreveu um poema para mim- A Menina e a Boneca, em que havia uma referencia ao Milagre das Rosas, revisitado.
De poemas de quase incitação à resistência, poemas ternos, fiz sempre a escolha do que pretendia dizer em púbico, sem esforço, menos ainda forçada, ou para fazer jeito.
Há anos que o nome de Maria Dulce era citado em casa. Meu pai tinha-lhe grande admiração desde que a vira declamar, menina ainda.
Interrompi meus estudos, para vir com minha mãe, preparar a vinda de meu pai cada vez mais doente.
No dia em que o vi chegar, Paris, pareceu-me um sonho. Não pensei que conseguisse passar a fronteira.
Chegou em Abril, mal sabíamos nós, que outro ABRIL lhe abriria as portas do regresso.
As peripécias da estadia de minha mãe e minha durante os meses de espera, são como as de tanta gente, não merecem que me atarde nelas, visto terem-me tirado tempo suficiente na altura em que ocorriam.
Meu irmão pequenino então, veio também para Paris donde partimos em Maio, ele com quatro anos minha mãe e eu.
De regresso à Amadora, fui chamada a Coimbra ao pé duma tia doente. Meu tio, durante os quinze dias que passei em casa deles, mostrou-me Coimbra. Saber dizer as sensações que a velha Cidade me despertou...tantas foram. Tão próxima me andava a fronteira ainda na contrariedade do pensamento. Coimbra fascinou os meus quinze anos, não mais esqueci vida fora, magia, encantamento que de lá trouxe e não mais perdi.
No mês de Agosto seguinte, fomos de férias para as Ferreiras no Algarve. A praia próxima era a de Albufeira.
Conheci assim meu marido, que se encontrava nos Açores na aviação, a fazer o serviço militar.
Aos dezasseis anos voltamos todos para França. O estado de saúde de meu pai agravara-se. Não sabiam os médicos se o poderiam salvar.
Mais uma vez longe do país corria todas as manhãs a comprar o Monde ao quiosque mais próximo a cerca de dois quilómetros de casa. Esperança de notícias de Portugal. notícias que claro não apareciam nunca. Pelo menos a notícia esperada. A do fim do fascismo. Todas as manhãs a mesma sofreguidão, seguida do mesmo desalento.
O meu pai melhorara, embora fosse sempre um grande doente. Começamos a militar com amigos portugueses em Saint Denis. Ao Domingo vendíamos jornais, dávamos outros. Tempo de grande solidariedade esse em que jornais nos chegavam sem que soubesse bem donde. Os portugueses não estavam autorizados a fazer política em França. Houve dias em que vi os jornais serem-me arrancados das mãos por compatriotas nossos para desaparecerem escondidos numa barraca, porque tínhamos sido denunciados por alguém e a polícia procurava-nos.
Nós embora a nossa família estivesse em casa de meus avós paternos, casa muito modesta, olhávamos o "bidonville" com olhos do exterior. Na nossa desdita acrescentada pela impossibilidade de voltar a Portugal e pela doença do meu pai, sofríamos de ver nossos irmãos , muito jovens ainda, desertores, que o Luís Cília tão bem soube cantar, a viver naquelas condições que o fascismo, ao longe continuava a ditar.
As festas da Associação dos Originários de Portugal eram na época meio de expressão cultual, de exilados, desertores e emigrantes. Aí cantava então o Luís Cília de guitarra na mão a brandir a sua justiça. Por aí também eu disse poemas como -Maldição- do Jaime Cortesão, conheci o poeta Campinas amigo que muito impressionava minha juventude, com seus cabelos brancos, a falarem-me de mais lutas, próprias e de amigos Aí conheci e aprendi a dizer o nome de Catarina, ceifeira do Alentejo, assassinada a exigir pão para os filhos. Assim quando o António Vicente Campinas me pediu que dissesse o seu poema Catarina, disse ser para festa daí a quinze dias, senti medo, medo verdadeiro do palco pela primeira vez. Veio o futuro a provar que havia de quê. O poema era grande, veio a formar um livro, e quinze dias era apertado. Falhou-me a memória no palco. O Campinas à minha frente assistia tranquilamente à desfaçatez com que fui compondo os versos à medida que me iam surgindo. atrás de mim o filho dele, que devia servia-me de ponto, de mãos na cabeça, aflito nem sabia onde procurar os pedaços desordenados que o publico aceitava por desconhecimento. Que me perdoe a memória do poeta que pela minha anda sempre com a mesma ternura.
Voltando atrás, meus poemas infantis, escritos no tempo da instrução primária, tinham ficado abandonados por aqui e por ali, como tudo o que tínhamos em casa. Não se salvou nada da casa de meus pais, nem meus livros de estudo. Talvez por isso, o alfarrabista de Faro me conhece tão bem. Que continuo a procurar não os meus livros evidente, mas de livros de escola que me tragam os versos que li, menina.
o fascismo onde passava era pior que um incêndio!
Não poupava nada, arrasava tudo ao passar. Tudo por lá ficou, livros, bonecos ,brinquedos. Móveis e recordações. Como com outros, com muitos outros e quantos, quantos em mais trágica situação.
Da nossa infância todos sentimos saudades, pla ternura que nela recebemos, mesmo se há terríveis recordações que a acompanham.
Quando aos dezoito anos parti para me casar, meus pais, os amigos recearam as consequências do meu regresso a Portugal. O fogo da juventude levava-me a caminho do amor. E das desilusões. Depois de arriscar por amor pensava encontrar o que procurava. A juventude ? assim. Se aludo ao meu casamento é que nos meus versos desde o inicio do meu casamento, há o desabafo que mostra a minha decepção. Depois fui mãe .criei os filhos. Não tinha tempo para escrever com vários filhos pequenos.
Não havia à minha volta quem me pedisse versos. Arte não era o que se esperava de mim. Deixei a poesia; guardada no meu íntimo, para ocasião mais propícia.

Marília Gonçalves
 






Ó curva do dia


maré toda branca


sempre a extravasar


de que pólo vem tua fantasia


se apenas em sonho a pude encontrar.





De que serra agreste


de que vale outeiro


vêm tuas velas


azuis cor do ar


de que aldeia estranha


onde sou moleiro


vem a poesia da cor do luar?




Marília Gonçalves





quarta-feira, 13 de março de 2013

Capitão de Abril em Luta por Portugal. João Andrade da Silva


  • Caríssimo Companheiro de Abril Andrade e Silva

Dirijo-me em especial a si, porque foi magoado após o 25 de Abril 

Que isso possa ter acontecido a um dos Homens da Liberdade dos que nos ofertaram a Luz há tanto negada, que nos deram a possibilidade de beber Ar de o sorver, como nunca dantes havíamos feito, parece-me de tal modo absurdo e ridículo, tão ingrato como falto do mais elementar sentido humano para quem tal fez

Mas como no outro dia referi numa resposta a si também

O 25 de Abril foi decerto a mais bela página de História que se escreveu em Portugal e até no Mundo
Uma Revolução em que quem detinha as armas tudo fez para nunca ter que servir-se delas!
Mas nem a melhor revolução pode operar milagres, as mentalidades foram parte da herança desse quarenta e oito anos de sofrimento do nosso País.
Por isso pelo vosso humanismo exemplar é o meu coração de menina que foi magoado também e prematuramente que vos diz Obrigada!

Por isso que mais uma vez vou escrever aqui mais um pedacinho de acontecimentos da minha vida de menina filha de antifascista ;
O meu pai pertencia ao MUD. Se é certo que as simpatias políticas eram vermelho vivo
era esse o Movimento a que estava ligado.
Meu pai foi preso a 22 de Maio de 1958. Lembro-me de tudo como se fosse hoje e se não esqueci a data, é que na véspera 21 por conseguinte , tinha sido o aniversário de meu pai.
De manhã nesse dia 22 fui para o Externato que frequentava . Vivíamos na Amadora
Do que na classe se passou nessa manha não me lembro de nada de especial porque não havia razão para isso. Uma manhã em que a vida decorria como em todas as outras manhãs e tardes escolares.
À hora de almoço fui a casa para cerca das 14 horas entrar nas aulas outra vez.
Quando cheguei a casa , eu tinha então dez anos, minha mãe veio abrir-me a porta.
Nada havia na expressão de minha mãe que me alertasse para o que quer que fosse.
Foi por isso com espanto que ao ir entrando corredor adiante, comecei a ver a casa virada dos pés para a cabeça, tudo entornado no chão! Tudo fora do sítio habitual. Gavetas fora dos móveis roupas por todo o lado Dirigi-me à cozinha. O mesmo espanto! Tudo revirado e até a despensa tinha as prateleiras esvaziadas. Tudo, tudo espalhado por todo o lado
Enquanto fui observando aquele estado de coisas não me lembro de mais uma vez ter notado algo de estranho no rosto de minha mãe. Mas as palavras que o espanto havia retido, acabaram por sair em forma de pergunta. O que é que aconteceu? E minha mãe o mais naturalmente do mundo respondeu-me:
- Nada! Foi o papá que teve que teve que ir para o Porto de repente e não sabia de umas coisas importantes que tinha que levar e com a pressa foi isto que deu.
- Lembro-me de um mutismo que me tomou, crédula mas estranha. Eu era uma criança sensível que já dizia poesia há alguns anos e em vários sítios. A própria directora do externato que era uma pessoa extraordinária de rectidão e justiça que fazia desabelhar as crianças assim que aparecia pela sua expressão que podia à primeira vista parecer dura, me chamava quando havia algum momento livre para ir declamar para ela. E quanto mais o poema apelasse para sentimentos humanos mais ela exultava. Pois mesmo essa sensibilidade não conseguiu captar senão aquela sensação de espanto que me invadiu.
- É verdade que não muito antes, uma tarde, meu pai chegara a casa com o fato manchado de azul e algo ofegante. Ouvi-o a dizer a minha mãe que na manifestação em Lisboa a guarda republicana lançara os cavalos sobre a multidão e que lhe parecia que umas crianças que iam a passar não teriam ficado bem.
- Mas a conversa não era comigo e nada mais fiquei a saber.
Não percebia patavina de política nessa idade. O que me ensinavam era a proteger os mais fracos, os pobres a gostar das pessoas Mas política, daquilo que pensavam ou faziam até aí nada soube.
Minha avó materna apareceu (para mim inopinadamente e levou-me para casa de familiares onde vivia a sua irmã Josefa, ( a viuva do Alfredo Dinis, mas isso na altura ainda sabia menos, nem que tal pessoa tinha existido. Nessa casa que era a da irmã do Alex, fui recebida com carinho muito mais intenso que o habitual. É possível que bem no fundo de mim começasse a germinar alguma sementinha de ideia, mas sem mais. Uma impressão, uma estranha impressão.
Não voltei à escola até ao fim de semana. No Domingo seguinte minha mãe que estava grávida, tinha mandado fazer um vestido e um casaco comprido rosa velho, parece que o estou a ver...
Disse-me:
- vais ao casamento da prima mas assim que chegares dizes que o papá foi para o Porto e que por conseguinte nem sei se tenho que ir ter com ele, portanto não vou ao casamento, embora tenha muita pena.
É claro que essa minha frase à chegada perto da família tinha a finalidade de os prevenir da minha ignorância dos factos. Assim aconteceu. Acabado o recado fizeram-me um sorriso meigo e nada mais. 
Na segunda-feira de manhã, minha mãe completamente tranquila quanto ao meu estado de desconhecimento preparou-me e lá fui para a escola. Externato ou não externato nunca me lembro de dizer senão vou para a escola.
Acabada de sentar na minha carteira, entra a Isabelinha, neta dum amigo de meu pai, e rápida 
Lança-me;
Então o teu pai foi preso? De repente num salto estava em pé, e sem hesitar, numa verdade luminosa que não sabia donde me surgia retorqui enérgica:
- Está ! Mas não foi por matar nem roubar! Mas porque é bom! 
- Companheiro, nesse momento ergui alto a cabeça e os olhos num jeito que me ficou até hoje e nunca mais em nenhuma circunstância, alguém conseguiu vergar-me a cabeça nem fazer-me baixar os olhos.
E era apenas o início de uma época de provações e de privações que mesmo nesse momento não podia prever. A prisão embora curta, a tortura a perda do emprego que adveio e as suas consequências agravaram a saúde frágil de meu pai!
E tudo a dado momento se fechou à minha frente.
Até que com catorze anos depois de passarmos por muita falta, vim com minha mãe abrir caminho para a vinda de meu pai que começara com vómitos de sangue pouco tempo depois de ser libertado.
À chegada a França em 62 não era já a menina ingénua que chegava
Era uma mulher que a dor es privações haviam amadurecido prematuramente 
E deitei-me ao trabalho! Sempre com o mesmo olhar bem erguido!
Mas o que recordo mesmo de casa de mais familiares de casa de meu avô, o tal que era enfermeiro, avô emprestado de segundas “núpcias” de minha avó mas avô de coração era aquela frase que voltava sempre: isto já está por pouco Não tarda cai!
Pois mas os anos foram passando e o fascismo não caía, armado de pedra e cal parecia ser!
Até que foi Abril. (1)
Como duvidar de Abril? Como duvidar do futuro ridente de Portugal! Abril é uma conquista que nunca se perderá! poderá passar e atravessar trilhos tortuosos, mas há-de erguer –se sempre à luz do dia
Porque Abril foi a palavra justa que restituiu a voz a todos os que a dor tinha silenciado
Eu fui apenas uma entre casos e casos sem fim de crianças de quem conheço historias que só muita maldade podiam provocar.
Essa maldade que fechava os olhos ao povo de Portugal era o salazarismo o fascismo de uma hipocrisia ímpar, de falsos sorrisos, de palavras que se fingiam mansas para enganar incautos.
Os outros os que sabiam, e calaram e participaram, mesmo para a consciência própria que durante anos não tiveram, no momento da morte às vezes ela acorda de dedo acusador e não queria estar no lugar deles.
E isso amigos e Companheiros o povo de Portugal há-de sempre, porque é bom generoso e fraterno, vir lembrar a quem tente ofender ou ferir Abril, que Abril é para sempre a Voz da Liberdade a Voz de Portugal!
Até hoje nunca tinha querido escrever estes factos, (salvo em poema que escrevi para crianças da minha rua quando meus filhos eram pequenos).
pensei que a dor que mora nestes acontecimentos me faria estoirar de aflição.
Como vê resisti a esta primeira prova do fogo! Quem sabe talvez um dia venha contar mais alguma página da minha vida infantil
Até sempre Capitães!!!!
Marília Gonçalves


(1) um dia contarei como se viveu na família e à nossa volta o decorrer de amanhecer único
que nos devolvia às nossas próprias vidas, de história desviada e em muitos campos interrompida.


@[100003036645647:2048:Marilia Pimenta Gonçalves]





Capitão de Abril em Luta por Portugal.

@[100000073610814:2048:João Andrade da Silva]
    Caríssimo Companheiro de Abril Andrade e Silva

    Dirijo-me em especial a si, porque foi magoado após o 25 de Abril

    Que isso possa ter acontecido a um dos Homens da Liberdade dos que nos ofertaram a Luz há tanto negada, que nos deram a possibilidade de beber Ar de o sorver, como nunca dantes havíamos feito, parece-me de tal modo absurdo e ridículo, tão ingrato como falto do mais elementar sentido humano para quem tal fez

    Mas como no outro dia referi numa resposta a si também

    O 25 de Abril foi decerto a mais bela página de História que se escreveu em Portugal e até no Mundo
    Uma Revolução em que quem detinha as armas tudo fez para nunca ter que servir-se delas!
    Mas nem a melhor revolução pode operar milagres, as mentalidades foram parte da herança desse quarenta e oito anos de sofrimento do nosso País.
    Por isso pelo vosso humanismo exemplar é o meu coração de menina que foi magoado também e prematuramente que vos diz Obrigada!

    Por isso que mais uma vez vou escrever aqui mais um pedacinho de acontecimentos da minha vida de menina filha de antifascista ;
    O meu pai pertencia ao MUD. Se é certo que as simpatias políticas eram vermelho vivo
    era esse o Movimento a que estava ligado.
    Meu pai foi preso a 22 de Maio de 1958. Lembro-me de tudo como se fosse hoje e se não esqueci a data, é que na véspera 21 por conseguinte , tinha sido o aniversário de meu pai.
    De manhã nesse dia 22 fui para o Externato que frequentava . Vivíamos na Amadora
    Do que na classe se passou nessa manha não me lembro de nada de especial porque não havia razão para isso. Uma manhã em que a vida decorria como em todas as outras manhãs e tardes escolares.
    À hora de almoço fui a casa para cerca das 14 horas entrar nas aulas outra vez.
    Quando cheguei a casa , eu tinha então dez anos, minha mãe veio abrir-me a porta.
    Nada havia na expressão de minha mãe que me alertasse para o que quer que fosse.
    Foi por isso com espanto que ao ir entrando corredor adiante, comecei a ver a casa virada dos pés para a cabeça, tudo entornado no chão! Tudo fora do sítio habitual. Gavetas fora dos móveis roupas por todo o lado Dirigi-me à cozinha. O mesmo espanto! Tudo revirado e até a despensa tinha as prateleiras esvaziadas. Tudo, tudo espalhado por todo o lado
    Enquanto fui observando aquele estado de coisas não me lembro de mais uma vez ter notado algo de estranho no rosto de minha mãe. Mas as palavras que o espanto havia retido, acabaram por sair em forma de pergunta. O que é que aconteceu? E minha mãe o mais naturalmente do mundo respondeu-me:
    - Nada! Foi o papá que teve que teve que ir para o Porto de repente e não sabia de umas coisas importantes que tinha que levar e com a pressa foi isto que deu.
    - Lembro-me de um mutismo que me tomou, crédula mas estranha. Eu era uma criança sensível que já dizia poesia há alguns anos e em vários sítios. A própria directora do externato que era uma pessoa extraordinária de rectidão e justiça que fazia desabelhar as crianças assim que aparecia pela sua expressão que podia à primeira vista parecer dura, me chamava quando havia algum momento livre para ir declamar para ela. E quanto mais o poema apelasse para sentimentos humanos mais ela exultava. Pois mesmo essa sensibilidade não conseguiu captar senão aquela sensação de espanto que me invadiu.
    - É verdade que não muito antes, uma tarde, meu pai chegara a casa com o fato manchado de azul e algo ofegante. Ouvi-o a dizer a minha mãe que na manifestação em Lisboa a guarda republicana lançara os cavalos sobre a multidão e que lhe parecia que umas crianças que iam a passar não teriam ficado bem.
    - Mas a conversa não era comigo e nada mais fiquei a saber.
    Não percebia patavina de política nessa idade. O que me ensinavam era a proteger os mais fracos, os pobres a gostar das pessoas Mas política, daquilo que pensavam ou faziam até aí nada soube.
    Minha avó materna apareceu (para mim inopinadamente e levou-me para casa de familiares onde vivia a sua irmã Josefa, ( a viuva do Alfredo Dinis, mas isso na altura ainda sabia menos, nem que tal pessoa tinha existido. Nessa casa que era a da irmã do Alex, fui recebida com carinho muito mais intenso que o habitual. É possível que bem no fundo de mim começasse a germinar alguma sementinha de ideia, mas sem mais. Uma impressão, uma estranha impressão.
    Não voltei à escola até ao fim de semana. No Domingo seguinte minha mãe que estava grávida, tinha mandado fazer um vestido e um casaco comprido rosa velho, parece que o estou a ver...
    Disse-me:
    - vais ao casamento da prima mas assim que chegares dizes que o papá foi para o Porto e que por conseguinte nem sei se tenho que ir ter com ele, portanto não vou ao casamento, embora tenha muita pena.
    É claro que essa minha frase à chegada perto da família tinha a finalidade de os prevenir da minha ignorância dos factos. Assim aconteceu. Acabado o recado fizeram-me um sorriso meigo e nada mais.
    Na segunda-feira de manhã, minha mãe completamente tranquila quanto ao meu estado de desconhecimento preparou-me e lá fui para a escola. Externato ou não externato nunca me lembro de dizer senão vou para a escola.
    Acabada de sentar na minha carteira, entra a Isabelinha, neta dum amigo de meu pai, e rápida
    Lança-me;
    Então o teu pai foi preso? De repente num salto estava em pé, e sem hesitar, numa verdade luminosa que não sabia donde me surgia retorqui enérgica:
    - Está ! Mas não foi por matar nem roubar! Mas porque é bom!
    - Companheiro, nesse momento ergui alto a cabeça e os olhos num jeito que me ficou até hoje e nunca mais em nenhuma circunstância, alguém conseguiu vergar-me a cabeça nem fazer-me baixar os olhos.
    E era apenas o início de uma época de provações e de privações que mesmo nesse momento não podia prever. A prisão embora curta, a tortura a perda do emprego que adveio e as suas consequências agravaram a saúde frágil de meu pai!
    E tudo a dado momento se fechou à minha frente.
    Até que com catorze anos depois de passarmos por muita falta, vim com minha mãe abrir caminho para a vinda de meu pai que começara com vómitos de sangue pouco tempo depois de ser libertado.
    À chegada a França em 62 não era já a menina ingénua que chegava
    Era uma mulher que a dor es privações haviam amadurecido prematuramente
    E deitei-me ao trabalho! Sempre com o mesmo olhar bem erguido!
    Mas o que recordo mesmo de casa de mais familiares de casa de meu avô, o tal que era enfermeiro, avô emprestado de segundas “núpcias” de minha avó mas avô de coração era aquela frase que voltava sempre: isto já está por pouco Não tarda cai!
    Pois mas os anos foram passando e o fascismo não caía, armado de pedra e cal parecia ser!
    Até que foi Abril. (1)
    Como duvidar de Abril? Como duvidar do futuro ridente de Portugal! Abril é uma conquista que nunca se perderá! poderá passar e atravessar trilhos tortuosos, mas há-de erguer –se sempre à luz do dia
    Porque Abril foi a palavra justa que restituiu a voz a todos os que a dor tinha silenciado
    Eu fui apenas uma entre casos e casos sem fim de crianças de quem conheço historias que só muita maldade podiam provocar.
    Essa maldade que fechava os olhos ao povo de Portugal era o salazarismo o fascismo de uma hipocrisia ímpar, de falsos sorrisos, de palavras que se fingiam mansas para enganar incautos.
    Os outros os que sabiam, e calaram e participaram, mesmo para a consciência própria que durante anos não tiveram, no momento da morte às vezes ela acorda de dedo acusador e não queria estar no lugar deles.
    E isso amigos e Companheiros o povo de Portugal há-de sempre, porque é bom generoso e fraterno, vir lembrar a quem tente ofender ou ferir Abril, que Abril é para sempre a Voz da Liberdade a Voz de Portugal!
    Até hoje nunca tinha querido escrever estes factos, (salvo em poema que escrevi para crianças da minha rua quando meus filhos eram pequenos).
    pensei que a dor que mora nestes acontecimentos me faria estoirar de aflição.
    Como vê resisti a esta primeira prova do fogo! Quem sabe talvez um dia venha contar mais alguma página da minha vida infantil
    Até sempre Capitães!!!!
    Marília Gonçalves


    (1) um dia contarei como se viveu na família e à nossa volta o decorrer de amanhecer único
    que nos devolvia às nossas próprias vidas, de história desviada e em muitos campos interrompida.


    Marilia Pimenta Gonçalves





    Capitão de Abril em Luta por Portugal.

    João Andrade da Silva

Abril de Novo







segunda-feira, 11 de março de 2013

PORTUGAL QUE FUTURO?- pelo Capitão de Abril Andrade da Silva

PORTUGAL QUE FUTURO?


NOTA: NOTA: “O Portugal de que tenho falado e volto a falar , é o palco de um grande tragédia, e  é o nosso: dos jovens, nossos filhos; dos nossos parentes, amigos e familiares, e o meu e o teu, o  de todos os que vivem com base no trabalho, ou no rendimento pós trabalho,  desde o  operário ao médico do SNS,ou quadro superior do Estado.”


Espantosamente, apesar de andarem por aí a dizerem  que todos os diabos que provocam a guerra  rondam a Europa, e que a Europa  só ainda está tranquila,porque  transporta as múmias de duas guerras,e, por isto, mantém a guerra diferida e, nesta linha ,por cá o   imobilismo expectante,  leva a que muitos esperem por  2015,para esconjurarem   estes dias negros,e á frente deles todos encontra-se o Presidente da Republica que declarou o  que é, no prefácio da obra sobre os seus dois anos de  Presidente,  como  diz Marcelo Rebelo de Sousa,para concluir que dele só se pode esperar silêncio,ou os comentários do costume que o governo desconsidera: não ouvindo.

Neste ambiente e sem ter a presunção a despropósito e despropositada que nos batalhões e batalhões de descontentes   serei o único que vou com o passo certo, isso, seria reproduzir a anedota da mãe em relação ao filho recruta, que ele, sim,  ia com o passo errado,  quando a mãe julgou o contrário, só que  tenho dúvidas sobre as músicas, hinos e passos cruzados que nestas manifestações se  deparam.

Todavia, não sendo esta a questão,o que acontece  é que nestas marchas há vários toques de caixas, vários passos e nem todos os concidadãos, ou muitos   parecem  não estarem  a captar estas diferenças, o que, pode ser letal, e para que conste, para memória Futura, lá me exponho a estas considerações que não são muito queridas pelos optimistas do hoje, será, sobretudo, importante sobreviver hoje,para lutar amanhã -  o que se fizer ou não se fizer hoje pode comprometer, de um ou outro modo  trágico, a nossa vida colectiva por dezenas de anos, como em 9 de Março de 2013 foi referido  por Clara Ferreira Alves no programa eixo do mal, da SIC, de 9 de Março 2013.

Nos batalhões de descontentes de cujo grupo faço parte e lá marcho, vão todos com o passo certo no que toca ao PRESENTE, ou seja, manifestar o descontentamento por aquilo que está acontecer, que este governo deve ir embora e a governação da Europa se alterar, como diz Boaventura Santos,  (revista Visão de 7-13 Fevereiro 2013) as pessoas marcham pela DEMOCRACIA,  pela DIGNIDADE e por PATRIOTISMO, o que, também  venho a referir desta há muito, juntando uma outra dimensão fundamental: o DESENVOLVIMENTO.

 De facto as pessoas marcham, porque a economia do país está a ficar arrasada, e nós numa rota de empobrecimento que nos vai atirando para   os níveis de vida de 2004, até com o suposto desejo de diminuição  do salário mínimo que já é de pobreza grave, ( Terror e horror), contudo para os desempregados  é já o Inferno, já estão próximos do  ambiente social semelhante ao de Marrocos, para onde de acordo com as nossas riquezas exploradas e produção de riqueza interna, imoralidade e corrupção seremos atirados, irrevogavelmente, se não agirmos em todos os eixos acima referidos: DEMOCRACIA; DIGNIDADE; PATRIOTISMO, DESENVOLVIMENTO.

 E, como desde Ferreira Leite,  Santana Lopes,  Almirantes e Generais das Forças Armadas, Pacheco Pereira, Freitas do Amaral, Mário Soares, Pires de Lima ( que fala da escravatura fiscal) Jorge Coelho,  trabalhadores, classe média,  verdadeiros destruidores políticos do carácter de gente pobra que lutou pela democracia e pelo seu país, há o consenso de que a democracia, e o reerguer de Portugal já não é possível com este governo por um duplo motivo: não governa para além da escravatura fiscal e pela  sua completa submissão a Merkel/ FMI/BCE, pelo que deve ser demitido, mas não é, e, aqui, está a grande QUESTÃO:  QUE SOLUÇÃO PARA O FUTURO?

A questão é que o Presidente da República não demite este governo, porque é parte do problema e o PS NÃO QUER A DEMISSÃO DESTE GOVERNO, porque também é parte do problema, e, ambos PR e PS  esperam que PPC fique até 2015 e que tenha algum sucesso nestas politicas, sobretudo na área da reorganização da balburdia governativa, e que em 2015 parta e deixe a governação ao PS, com menos escolhos que actualmente, e, neste âmbito nem o PR, nem o PS farão algo que contrarie esta perspectiva calculista do PS e de inacção e imobilismo do PR, todavia este joguismo pode falhar, e, então temos 2 caminhos:

                                                            a.  A ALTERNÂNCIA

    O PR e o PS com o agravamento em espiral do  empobrecimento do país, e as contestações sociais verificam que é  insustentável o exercício da governação por este governo, se nem sequer  receber algum  prémio de Merkel e do sindicato dos países ricos do norte, e sobretudo quando se convenceram também que  a continuação de tão trágica governação tornará Portugal num país miserável por décadas, e, então, o PS juntar-se-à ao PCP e Bloco de Esquerda para o Presidente da República demitir este governo e convocar eleições, o que,  no limite e a muita dificuldade o PR fará, seguindo-se uma alternância de mais do mesmo, embora o PCP e o Bloco de Esquerda calculem que o governo que se seguirá não pode ser só do PS e muito menos do PS/PSD,  mesmo sem Passos Coelho, como necessariamente acontecerá.

 PPC não será mais candidato a 1º Ministro pelo PSD, nem ele quer.  Na actual conjuntura somente quer cumprir a  tarefa actual que lhe foi atribuída pelo DEUS TODO TENEBROSO DO CAPITAL FINANCEIRO   MUNDIAL, e depois espera sentir-se muito confortável com as recompensas a receber, mas também neste quadro de eleições antecipadas  a mão invisível e quase todos desejam  que  António Seguro, nada seguro, já não seja o timoneiro do PS, seria bom, mas o líder que se segue nunca deveria ser António Costa, mas, seja como for, esta é a solução com uma crise politica de baixa intensidade que poderá satisfazer as estratégia dos partidos, diferir as graves questões que enfrentamos, mas não as resolver. Contudo chegados a este patamar uma significativa parte do  movimento de contestação social tenderá a considerar significativamente alcançados os seus objectivos e  regressará à normalidade/ anormal da alternância, que  governará o país até à próxima crise, e haverá também uma enorme frustração e  cansaço dos que queriam  uma alternativa significativa  a estas politicas dos partidos. Quadro este que será  tão mais activado, quanto as eleições alemães o possam favorecer, isto é, uma derrota de Merkel, não provável, era oiro sobre azul.

 Contudo o governo pode cair pelos movimentos sociais, mas não de um modo  tão concordante com a visão do PCP que  se considera a força hegemónica e sobredeterminante do sentido e querer desses movimentos, o que, procurará garantir. Todavia se estes movimentos se radicalizarem e destituírem o governo, sem aceitarem a emergência de outro de alternância, temos então um verdadeiro e grande problema politico que poderia servir para o inicio da REVOLUÇÃO POLITICA deste Século, para PORTUGAL;

                                   b- A  REVOLUÇÃO POLÍTICA EM PORTUGAL.

 No caso dos movimentos sociais saírem ganhadores e quererem uma alternativa politica, então, no terreno organizada só existe a do  PCP, ou em resposta a uma eventual grave crise politica de caos ou queda do poder na rua, pode surgir uma solução musculada militar ou politica-militar com expressivo apoio da união europeia, e quanto a esta já todos conhecem o resultado, embora muitos a considerem impossível, mas não é, obviamente,   a história de Portugal  diz que é muito difícil, porque a juventude, actualmente  não a aceita,  como também pode não aceitar outras,e,aqui é que está o VERDADEIRO PASSO ERRADO DE MUITOS NESTES MOVIMENTOS SOCIAIS DE CONTESTAÇÃO  ou seja, MARCHAM, MARCHAM protestando mas não estão a criar o PROJECTO POLITICO DO FUTURO PARA O APROFUNDAMENTO DA DEMOCRACIA, naturalmente livre e participativa; A DEFESA DA DIGNIDADE HUMANA, do nascimento até à morte; O DESENVOLVIMENTO para evitar o empobrecimento forçado e a DEFESA DA SOBERANIA NACIONAL, e, de igual modo, o grupo de LIDERANÇA, e o certo, certo é que dentro e fora destes movimentos, não o representando,  há grupos, forças politicas com o passo certíssimo e que assaltarão o poder, se este perder o rumo, não tiver nem projecto, nem liderança, exactamente porque após a queda do governo, se for pela via  dos movimentos sociais, quem tiver unhas dentro ou fora destes movimentos, vai agarrar-se ao poder,  e  se estes vencedores   não forem os do  projecto nacional que a Nação precisa, podem instalar-se no poder de um modo musculado por muitas décadas.

                                            c-  A INACÇÃO PRESIDENCIAL

 Haveria sempre a hipótese de um governo de iniciativa presidencial, mas depois do que tem dito, e redito, o PR, tal expectativa sai gorada, e só será accionada se os DEUSES DA GUERRA  POR   À SOLTA  AMEAÇAREM PORTUGAL COM UM PROFUNDÍSSIMA CRISE SOCIAL COM CARÁCTER POLÍTICO E VIOLENTO, pois parece que  se nunca tomar esta dimensão, provocatoriamente nem Governo, nem a Troika parece querem ouvir o que Portugal diz.

Conclusão como as coisas vão: ou chegamos  a uma tragédia com este governo; ou  a mitigamos com uma alternância através de eleições, hipótese mais provável; ou num quadro de uma grave crise politica se não se constituir antes uma  sólida e mobilizadora alternativa nacional à tragédia, esta será inevitável  e inimaginável.

 Logo ACORDEMOS PARA UMA LUTA LONGA E TOTALMENTE DIFERENTE DAS LUTAS DO PASSADO. PORÉM A ACTUAL GOVERNAÇÃO QUER LEVAR-NOS PARA O PASSADO.

     Andrade da Silva-
 Capitão de Abril




Resposa a Andrade da Silva

Capitão, da tua Consciência Cidadã, sempre Alerta, do teu Amor Pátrio, do teu saber e do homem de terreno junto ao Povo, surge esta profunda constatação, duma realidade que nos pode efectivamente reservar surpresas. Que à tua clarividência se junte rápida a deste Povo, quando já muito pouco tem a perder e o desespero cresce por culpa agravada do Governo, cada dia que passa! Outras políticas se impõe, para podermos regressar à Dignidade dos Direitos para todos, iniciados em Abril de 74, e prematuramente interrompidos, com o dealbar do maléfico 25 de Novembro, cujas consequências, hoje, melhor que nunca, podemos medir! Para evitar o surgir dum Salvador da Pátria, que desgraçadamente já foi experimentado em Portugal e nos roubou 48 nos de História, é urgente uma tomada de Consciência do Povo que trabalha, ou deveria trabalhar, se esse Direito, lhe não fosse negado também, entre os mais direitos no Portugal espoliado. Uma acção, organizada e reflectida dum Colectivo Popular, seriam um inicio de Caminho, para i regresso duma Esperança que actia reerga Portugal. Apelo pois contigo, Capitão, aos filhos de Portugal, cansados de sofrer e de ver mirrar Portugal política e economicamente, para que façam o gesto Cidadão que os salvará, exigindo de imediato a demissão deste Governo, e exigindo um programa político coerente e claro, para futuros candidatos a possíveis eleições a curto prazo, para que nunca mais, o horror a que se assiste se posa repetir, numa perda da identidade Nacional, hoje enfeudada à Europa da Merkel e aos senhores do Mundo através da política de Mundialização, em que o primeiro a ser Mundializado pelas forças do Dinheiro, foi o sofrimento dos Povos!. Em pé Povo de Portugal! Forte e Digno para reconstruir o Futuro de Portugal e de seus filhos. O meu abraço amigo e a minha profunda admiração, por superares dores próprias, para te ergueres em filho Digno de Portugal.

                                                 Marília Gonçalves 

A poesia tem o dedo apontado



                                       A Praça, a Praça é do povo
                                       como o céu é do condor.
                                           CASTRO ALVES

Vem desce à rua
poeta meu irmão!
No mundo a plebe
continua
nua, vem
traz- lhe o teu poema-coração.

Lembra Castro Alves
verdadeiro!
Voz dorida, sincera.
Ele foi o primeiro!
Nós continuação
do que ele era!

São precisos versos d’emoção!
Versos pra despertar
a letargia de cada coração
vem prá rua cantar!
Recorda o menino que dizia
que a Praça era do Povo!
Tal como nesse dia
acordemos à voz da poesia
a Esperança, o Mundo Novo!

A nossa voz, irmãos de poesia
será circulação universal!
Românticos poetas, cada dia
terá de ser, semente triunfal!
Há senhores, escravatura
hoje diferente, agrilhoando a voz
o pensamento! A nossa gente!

Castro Alves virá à nossa frente
mostrar-nos a luta do presente!

Vem desce à rua
de braço dado    não temos medo
o sol ilumina-nos o dia
nos confins do degredo!

Escuta a voz
do poeta que em mim fala
espelho da tua voz!
Não é poeta aquele que se cala
poetas somos nós
que iremos avançando...
abrindo a noite
incendiá-la em luz!
Vencendo a lama atroz
que o mundo exala.
Para abrir céus azuis.

Vem! Vamos despertar a humanidade
em cada ser humano!
Atravessemos os campos a cidade
dia a dia, ano a ano!
Então nosso cantar terá sentido
Castro Alves condor
trás em versos o povo reerguido
saiamos do torpor.

Poetas:
nossos versos, o poema
tem seiva de vida secular
vamos quebrar aos povos a algema
que agrilhoa o pensar.
É chegado o tempo de outra luta
elevemos a Esperança
à certeza final que nos escuta
como atenta criança.
Unidos braço a braço, forte voz
faremos ecoar no infinito:
findou o reino do algoz
só ele é o proscrito!
Vamos abrir os cofres onde pão
sem serventia não tem outro valor.
Que repartido dê a cada irmão
a Dignidade, semente do Amor!

Voltemos a dar à poesia
a força da voz dos oprimidos!
Poetas saiamos para o dia
não queremos sofrimento nem gemidos!
Esse mundo fraterno que Jesus
ao mundo prometeu
será de Paz compreensão e luz
entre crente e ateu.

A poesia tem o dedo apontado
contra o usurpador.
Não queremos nunca mais o pão fechado
não queremos ver mais dor.

Poetas!
Castro  Alves está presente!
Vamos seguir-lhe o passo!
Nunca mais nos morra friamente
um irmão de fome, de cansaço.

É urgente mostrar à Juventude
a beleza do Mundo!
Acabando de vez com a torpitude
nós trazemos do fundo
humanos fraternos sentimentos
para cada criança!
o mundo pacifico criemos
fraterna luz de Esperança!

Então voltará a alegria
e o terceiro milénio
será enfim
o Mundo da harmonia
em nova transfusão de oxigénio!
Respiremos de paz!
Consciência justa
nada tem a temer
venha do mundo inteiro
a voz que faz
a nossa voz romper!

Do Grito Solidário e Futurista
o Mundo Vai Nascer.


                          Marília Gonçalves