ANOITECER NA RIA
Desfaz-se o luar a Ria
em fios de prata a boiar
mil estrelas a naufragar
quando chega o fim do dia.
Nessa pálida harmonia
bailados da luz poente
cintilam suavemente...
murmúrios d’água, segredos
falas antigas e medos
vogam também na corrente.
Este
poema foi dito por mim em 1984, num Encontro de Poetas, no Hotel Eva em
Faro, nos anos que seguiram, o Encontro de Poetas, teve lugar no Museu
de Arqueologia de Faro.
Num encontro em 85, presenciei a presenciei
a cena emocionante, de ver aparecer por detrás dos Poetas e da Mesa,
onde se encontravam os organizadores, o Doutor Emílio Campos Coroa,
Director do Grupo de Teatro Letes de Faro, que vinha amparado pela nora,
despedir-se dos Poetas, para sempre, como se impulsionada por mola,
levantei-me quase febril, a aclamar tão grande Homem da Cultura Farense.
Claro que os outros Poetas fizeram o mesmo.
O Doutor Coroa, faleceu pouco depois.
Quando
fiz parte da Direcção do Circulo Cultural do Algarve, um Amigo, já
desaparecido também, o Gilberto Santos, levou-nos ao Rui e a mim a Casa
do Doutor Coroa,fiquei sem voz, impressionada, muito bem impressionada,
estávamos ainda no fascismo, ao entrar, vi jovens, instalados por todo o
lado, e no chão ao lado dos jovens havia livros e discos sem fim.
Saí, feliz, se a noite estava fria, nem dei por isso. Era Inverno.
Marilia Gonçalves
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