Nevoeiro no jardim
ostensivamente esconde
o perfume donde vim
que fala ainda de mim
mas só o eco responde.
Envolve a árvore a erva
a mais pequenina flor
acre perfume de esteva
sobe pelo ar e enleva
a névoa da minha dor.
Vejo erguerem-se fantasmas
sombra do que fui um dia
como antigas velhas falas
ainda da harmonia
evolando-se das falas
entre sons e poesia.
Presente em cada poema
em cada meu pensamento
aqueces a tarde amena...
vai esvoaçando no vento
minh’alma morta de pena.
Vem trazer-me minha vida
que entre tuas mãos deixei...
trata dela que está ferida
sem ela morro perdida!
Espero-te. Quando? Não sei.
Marilia Gonçalves
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