POEMA DE AGOSTO DE 1985 FARO
O NOME DA MALDADE
Eu não acredito na maldade
eu sei que há pessoas
que fazem mal
sei que há ódios e guerras
mesquinhez e incompreensão
sei que os dicionários
estão cheios de palavras
que sendo diferentes
se aproximam muito
umas das outras
todas elas redundam em falta de amor
mas é inacreditável
que o amor possa transformar-se em ódio
que o próprio amor
possa gerar incompreensão
era como se o sol
fosse fonte de escuridão
isso eu não compreendo
nao compreendo que o gesto
seja tomado por ausência de gesto
que o olhar seja cegueira
e que a voz que se levanta
seja insultada
não compreendo
o que vai dentro das pessoas
que acreditam na maldade
a maldade não existe
existe ignorância
que me importa
que me importa que falem
de lobos de cordeiros
eu não sou cordeiro
nem sou lobo
eu sou o ser humano
e vou pela vida fora
e na minha vida
há muitas vezes pedras
aonde eu tropeço
que me magoam me rasgam
mas continuo a ser
o Ser humano
nunca acreditarei na maldade
que me rasguem as pedras todas do mundo
eu continuarei a ser eu
o Ser Humano
não nasceu para a maldade
e ainda quadro a veja
quando a sinta
eu, para ela conheço
sempre o mesmo nome
ignorância.
Talvez por essas razões
ou por falta delas, não perdoo.
Marília Gonçalves
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