Silêncio
Se eu tivesse que escrever a minha dor
O movimento universal parava
Não haveria mais um sol a pôr
A ovelhinha mansa que pastava
Fugiria a balir de tal horror
e minhas mãos em sangue se tornavam.
Se a minha dor contasse dias meses
Ao fundirem-se no correr dos anos
Com a minúcia com que os escrevesse
Secariam fontes, poços, oceanos.
Areais incandescentes de cristal
Geravam confusão entre ar e terra
a minha voz que é sempre Portugal
Ergueria um Evereste em cada guerra.
A abelha de luz que mel nos faz
Não saberia ver em cada flor
A suave harmonia que é a Paz
Nem distinguia o ódio do amor.
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