COMPANHEIRO AMIGO
Há anos, muitos tinha então apenas os meus 29, via na Ilha de Faro,
a cada tardinha os pescadores que partiam
numa reminiscência de velas e brim, quando afinal era um motor que
os levava no bote mar adentro.
Por lá passavam a noite e de manhã eles aí vinham, com ou sem peixe,
se trazendo os prateados filhos do oceano, dirigiam-se proa para a lota,
caso contrario vinham rumo a casa com magra refeição para
uma família que disso vivia.
De tanto os ver partir e chegar, inevitavelmente imaginava-lhes
a solitária noite, largando aparelhos, e recolhendo-os pesados,
a força dos braços quando a força dos dedos lhes iluminava a
labuta e o esforço
quantas vezes vendo os poentes desfazendo-se nas águas em fios
de prata e oiro ou quando o amanhecer clareava o mar, t
ornando-o cor do chumbo escuro, às tonalidades diurnas e luminosas.
Marília Gonçalves
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