No antigo apara-louça
De casa se minha avó
Havia pratos azuis
Dessa cor que hoje não há
Não eram nítido azul
Era um roxo desbotado
Com um brilho de encerado
Num convite ao doce-arroz
Mimo desse tempo fasto
De carinho, de ventura
O nosso maior esplendor
De olhos a gritar amor
Dilatação de ternura.
A vida distanciou
Esse velho aparador
Do que então era calor
Gesto do tempo presente
Agora aqui na distância
Sorrio pra minha infância
Pra tudo o que recebi
E devolvo à sementeira
O amor que a vida inteira
Verteu aos poucos em mim.
Marilia Gonçalves
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