Se eu fosse aquela
que os livros diziam
ser a formosa
consagrada estrela
o teu poeta em pó se tornaria
cabeleira fulgente de cometa.
Se eu fosse aquela
cujos olhos d’oiro
viriam acender
os sons marinhos
cada poema seria
uma aguarela
abrindo o infinito
em mil caminhos.
Se eu fosse aquela
de lábios de rosa
a fronte ainda áurea de ilusões
se eu fosse aquela, amor
se fosse aquela
seria a vida ardente das canções.
M.G.
És tu homem o sonho que abraço
sem um raio d’esperança sequer.
Nem sorris ao meu seio de mulher
só a dor a tristeza o cansaço
nem um som flutua no espaço.
Só de ti me vem mágoa e tristeza
estes olhos inúteis sem ver
doce chama por ti sempre acesa
mesmo ténue não a vejo ser,
fogo-fátuo da minha incerteza.
Marilia Gonçalves
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