Que importa se é Setembro
Que importa se é Setembro,
os dióspiros ainda estão verdes,
as romãs ainda não sangram,
Quando a chuva vier de mansinho
e for impossível ignorar o odor
a terra molhada das rosas tardias,
quando dos pássaros só restarem
voos de inesperada ausência,
quando as irmãs árvores despirem
as vestes matizadas de dias festivos,
as madrugadas se diluirem na noite,
talvez escreva um poema de neblina,
as palavras gotejem na vidraça fria,
a melancolia numa nuvem cinzenta,
a memória carregue na saudade
dos Estios que nunca soubemos.
Que importa se é Setembro,
nada mudou de ontem para hoje,
embora tudo mude a cada dia.
Teresa Veludo
De um dos meus livros
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