Febre
Quando a noite abisma meus sentidos
Levando-os além frestas de luar
O grito que se funde no silêncio
É urdido em sal estrelas mar
Atravesso desertos insuspeitos
Onde pairam asas por voar
troncos retorcidos e desfeitos
Lembram densos silvos de abafar
Trepida então a noite mais sombria
Adensam-se sombras e pavor
A noite ardente, de repente fria
Não tem ecos de amor
Incerta solidão invade o espaço
Saturada das vozes do silêncio
O ar é escuro e baço
o deserto e tudo quanto penso
Vai tendo a forma desse vulto imenso
Marília Gonçalves
( no hospital,,com a morte à espreita, foi por pouco,
muito pouco,nenhum médico acreditava que pudesse
salvar-me, a família foi chamada de urgência à minha
cabeceira, para a despedida, minha filha mais nova,
soluçava e contou-me depois, que nesse momento,
pensava: ainda bem que a mãe, não percebe
que vai partir, mas d’entre as minhas dores,
erguia-se o meu sorriso de ternura, o último grito
de amor que lhes queria deixar, mas...
estava a perceber tudo e bati-me pela vida
a ajudar médicos e enfermeiras.
Extraordinário pessoal clínico! )
e ainda aqui estou e a Vida é linda!!!
Marília
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