Circula nos olhos
Imaginei-me sentada
na extraordinária esplanada
de todo o meu interior
ante mim iluminada
a que sou a que não sou.
é uma luz de crepúsculo
que mostra mas não define
cada contracção de músculo
que o pensamento redime.
Vejo e não vejo.
Sou eu sempre igual a mim
nesta estranha semelhança
do principio que há no fim.
Sou eu, mas talvez não seja
senão a renda desfeita
da onda a rolar na praia.
Nuvem, nave , maré-cheia
ideia que em mim desmaia
pra me trazer afinal
até à mulher que sou
a filha de Portugal.
Viajo rumo ao futuro
o voo que não entendo
e me circula nos olhos
para trazer afinal
essa luz rasgando o escuro
entre o que é bom ou é mal.
Marilia Gonçalves
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