Nas mãos de meu irmão há um segredo
segredo terrível feito amor
das mãos donde voam andorinhas
e cantar um rouxinol em tom maior
essas mãos que abriram tanto livro
que leram tanta história e tal saber
fizeram o gesto inexprimível
que surge num instante e a doer
cada vez que um livro folhearam
evolaram-se pombas no azul
nessa noite sombria e malfadada
perdido o caminho para o sul
as mãos de meu irmão sem um protesto
num gesto respeitoso de ternura
fecharam os olhos de meu pai
e nessa noite de todas a mais escura
o trémulo gesto, porém tão necessário
ficou no meu olhar como pendor
de tão imenso amor.
Marilia Gonçalves
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