Quietude de sons. Longínquo tic-tac murmura tempo, a sua duração. Tempo medida na continuidade das estações.
Dissiparam-se
apenas
há instantes sombras nocturnas voaram.
Na clareira onde mora o dia movem-se seres alados.
Desvanece-se a gruta para aonde sol poente se retira.
A claridade é a memória da luz distanciada. A memória germina, toma forma de horas de silêncio. Floresce. Alvorece a facetada luz do novo dia. Cânticos tingem o ar.
Tons azuis elevam a luz à água transparente. Diamantário estranho, esse, que cinzela as faces da manhã.
O belo a elevar-se na voz de pássaros. Árvores sacodem a fronde no pensamento das folhas. O vento é brando, leve. Ondulação na seara do dia.
É colheita. Será pão na mó da lógica.
As velas do moinho estão abertas em olhos de poeta. Giram na compreensão do lume da ideia.
Hora matinal a desconhecer a outra. A que obscurece
Marília Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário