Água desce da montanha
vem alagar a campina
na minha sede tamanha
meu coração de menina.
Fugiu o rio que era meu
esqueci o rumo do mar
água breve que perdeu
a vontade de cantar.
Era uma vez... uma estória
a estória de era uma vez...
escorre pranto na memória
dia-a-dia, mês a mês.
A água esqueceu a margem
em que sonho se estendia...
apenas segue viagem
por ser água e fugidia...
Quem lembra o que a água foi
ou se lembra do que era
na transparência que dói
à porta da primavera.
A montanha que se estende
desde o cimo à planície
ouve mas não compreende
longe, água sangue a esvair-se.
Marília Gonçalves
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