Monto cavalos de prata
Agarro crinas de vento
Minha égua desbravada
Salta barreiras de tempo
cascos a fender as nuvens
pássaro de fulgentes plumas
sobre seu dorso poisava.
Sobre a garupa de cinza
Meu corpo nu avançava
Como réplica da brisa
Ou nauta que mar levava.
Minha égua água marinha
Inebriante licor
Meu olhar nu te adivinha
Corolário aberto em flor.
Venci atalhos de frio
No teu valente arquejar
Meu cavalo corredio
Rio a procurar o mar.
O teu orgasmo de luz
Incendiou as estrelas
Numa explosão que seduz
Versos, pautas, aguarelas.
Contigo vôo e voando
Atinjo o êxtase enfim
Ó meu cavalo de prata
De asas abertas em mim.
Cavalgam pequenos potros
sem ânsia de bem ou mal
de tanto correr despertam
o instinto vegetal.
Uma poldra toda branca
na imensidão que é a noite
pariu aceso galope
entre águas, ervas, areias.
Era um vôo parecido
com um bibe de criança
erguido em nuvens azuis.
Na floresta adormecida
sobressaltaram-se breves
as folhas que pareciam
pequenas aves que leves
ao menor sopro do vento
mínimo silêncio triste
estremeciam no balanço
de braços mudos e verdes.
Mas em assomo surgido
lesto, inesperadamente
os potros foram partindo
filhos da luz e do vento
Marília Gonçalves
Dominique Stoenesco
Mais um maravilhoso poema escrito num ritmo e num tom bem característicos da poesia de Marília Gonçalves.
Luis Filipe Ferreira Rios
Muito bom Marília. Bom domingo. Abraço.
Admirado em todo o Mundo, o Cavalo Lusitano é um Sonho Vivo
Marília
Marilia Gonçalves
Adoro o Cavalo Lusitano, poder precorrer veredas e atalhos através dos campos...
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