Aos Poetas
Aves da noite gritai
esta um poeta a sofrer.
Vinde o espaço atravessai
vai ouvir-se mais um ai
vai o poeta morrer.
Elevou na sua voz
a fúria do oceano
semeando em todos nós
entre sentimento humano
a raiva de estarmos sós.
Cantai o aves nocturnas
escutai a fonte que chora
ouvem-se vozes soturnas
chegou a última hora
de quem por tanto bem querer
ainda a cantar vai morrer.
Apaga-te ó estrela d' alva
linda estrela do pastor
recorda como soava
a sua voz que elevava
a esperança a grito maior.
Lua rola pelos céus
cala tua cor de prata
lembra-te dos versos seus
na voz que ainda desata
os olhos mortos de um deus.
Rios, fontes, aves marinhas
cala a voz ó tempestade
mas lembra pelas tardinhas
a sua voz que ainda há-de
vir cantar com as avezinhas
ainda a chorar de saudade.
Marília Gonçalves
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