Nunca mais tornaremos ao prado verdejante
Onde o olhar se perdeu dia após dia
Nem veremos floresta profunda vicejante
Donde pendiam anéis de luz e poesia.
Nunca mais ouviremos as frautas de outra era
Das nuvens animais pascida Primavera.
Nem o som das cascatas do doce ribeirinho
Nem as distantes velas gemendo no moinho.
Nem o zagal vestido da lã das ovelhinhas
Que guiaram seus passos do vale ao alto monte
Como não ouviremos as notas musicais
A brotar transparentes ao descerem das fontes.
Nunca mais olharemos de velha chaminé
O rolo fumegante em indício de vida
Casa pintada a cal de sol posto vestida.
Nem estradas nem atalhos onde cavalos foram
Como passo de dança atravessando espaço
Nada mais será nosso, nem a recordação
Do Humano que gravou no solo o velho passo.
As ternas joviais cabeças de crianças
Não enchem nosso olhar
De versos e ternura
A vida vai passando
E o nosso regaço
Ao de leve desfaz-se
Sem mais tempo nem espaço.
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