Museu do Aljube Resistência e Liberdade
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#Nestedia 21 de dezembro de 1946, a aldeia de Cambedo da Raia,
no concelho de Chaves, foi alvo de uma sangrenta e ignominiosa
GNR e PIDE. Assaltos e incidentes decorridos meses antes,
atribuídos a supostos guerrilheiros galegos, foram o pretexto.
Encostado à Galiza, Cambedo servia de apoio a vários
refugiados e guerrilheiros galegos que se opunham às
forças franquistas e procuravam escapar aos fuzilamentos,
ao terror e à repressão. No entanto, muitos deles eram
descritos pelas autoridades simplesmente como malfeitores,
criminosos ou contrabandistas.
A «Guerra do Cambedo», em que habitações são destruídas,
pessoas feridas e dois guerrilheiros mortos, foi encoberta
pela censura e diluída numa narrativa que apresentava os
acontecimentos que a espoletaram como meros episódios
de banditismo, sendo os resistentes galegos invariavelmente
descritos como «bandoleiros».
Depois do fogo, seguiu-se a repressão policial.
A GNR e a PIDE farão dezenas de detenções na região,
prendendo famílias inteiras, acusadas de acolher
«bandos de malfeitores».
Naquele dia 21 de dezembro de 1946 estavam refugiados
em Cambedo três guerrilheiros galegos:
Demetrio García Alvarez, Juan Salgado Ribero
e Bernardino Garcia y Garcia.
Bernardino e Demetrio estavam na casa da irmã e do cunhado
deste. Com o início do fogo procuram fugir da aldeia,
mas acabam por abrigar-se numa casa vizinha onde
são intercetados pela GNR. Seguir-se-á um tiroteio
em que são mortos dois soldados da GNR,
José Joaquim e José Teixeira Nunes e, depois, o bombardeamento da referida casa pelo Batalhão de Caçadora n.º 10 de Chaves.
Demetrio rendeu-se e Bernardino foi encontrado morto,
tudo indicando que se tenha suicidado com um tiro
na cabeça, aos 36 anos. O outro guerrilheiro,
Juan Salgado Ribero (ou Rivera) numa tentativa frustrada de fuga em direção à sua terra natal, acabará por ser morto pela GNR.
Teria, consoante as versões, 25 ou 35 anos.
Os cadáveres dos dois guerrilheiros foram
publicamente expostos no cemitério de Chaves.
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