Estou triste
Neva em meus olhos
Nem sei se saudade é isto
O atropelar do sonho
Mas não desisto!
Lezírias, prado, cavalos
De mim mesmo os arranquei
Nesta fúria de beijá-los
Malfazejos e despóticos
Há quem os queira furtar
Mas estou do lado da Luta
Venham que lhes vou cantar
A cantar em cada verso
Cada folha de papel
Venham ver qual o reverso
Que trago dentro da pele.
Espoliada de menina
Fugindo da terra-mãe
Há no meu sangue essa mina
Que a Humanidade tem!
Meu grito soa baixinho
Como nave adormecida
Abro à mão cada caminho
Parado à beira da vida!
Por isso não há malandro
Com garra pra me assustar
Trago em mim contra o desmando
Palavra sempre a brilhar
O breu também não me assusta
Porque vou punho no ar
Explanar cada lei injusta
Que aos pobres saqueia o pão
Sou sensível mas robusta
Porque o Mundo é meu irmão
Marília Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário