PAI-30 ANOS SEM TI.
Tive que aprender a viver sem o teu braço, que sempre estava ao meu lado.
na véspera de partires, ainda subiste ao meu 4° andar, porque a mamã, te tinha dito
que eu estava a escrever Poesia, essa Deusa,num estilo diferente. Ouviste e gostaste, muito mesmo. Depois no Verão, quando cheguei a Faro, com os meninos.
o Algarve, estava vazio.Porque faltavas. Entre o teu voo sem regresso e o Verão, Tive muitos espetáculos que falando ao público te dedica em 1° a ti. Em FARO, que tanto amamos,disse Poesia num espetáculo desse génio do bem e Camarada, Carlos do Carmo. Mas entretanto, pai querido, a tua menina, a Liininha tinha enlouquecido.
Não se me consta que alguém endoideça de alegria.
Que caminhos a percorrer para me reencontrar. Mas os Camaradas, todos estiveram presentes e deram-me tanto carinho, tanta ternura, que alguns choraram.
Mas a minha inteligência esbarrava de encontro à tenrura e contra a dor. E por momentos percebia que estava doente. Dizia a Sandra, que durante a doença, fui mais humana que nunca. Filhos de Camaradas, adolescentes, visitavam-me em casa a levar recados de adultos.
Dizia que todos os Camaradas me adoravam, e que tinham ouvido alguém dizer, que eu tinha coração de pomba e a dor era forte demais, para que a tua morte passasse por mim, sem estragos. A Marília Morte, abraçava-me e soluçava abraçada a mim. O Zé Morte quando o fui ver à CGT--iN, passou o braço nos meus ombros e fez-me sentar num velho cadeirão estufado e trouxe-me um copo de água fresca e docemente pediu-me para descansar. Ali fiquei numa leve penumbra a tarde inteira. Depois agradeci-lhe as delicadas atenções, tão ternas, dessas que só os grandes Revolucionários sentem e partilham. Com eles estava em família.
e o Martins e a Zé, foram incensáveis em tanta estima que me deram. O Martins, passou uma noite de joelhos à minha frente a segurar-me as mãos. A Zé, todos os dias chorava abraçada a mim.
Num fim de tarde os dois levaram-me de carro a Loulé, a terra dos teus familiares maternos. Levaram-me à açoteia. Fechei os olhos e a levíssima aragem, na folhagem das árvores,escutava-a como um doce marulhar e serenou-me.
Dali, fomos para casa deles em Faro. A doce consequência do passeio a Loulé, como criança que embalam em inocentes canções, fez-me adormecer profundamente, até à manhã seguinte. Depois fui para casa.
A minha adorada Sandra Faro, pediu-me que assim que um pensamento triste ou que me amedrontasse, surgisse, que lho contasse logo, para que ela visse se não era fruto da minha imaginação. Minha querida filha, que com 17 anos foi incansável; no seu papel de mata-borrão do meu delírio.Tao novinha e tão grande peso sobre os seus jovens anos. Os meus outros filhos, (tinha quatro) a mais novinha com cinco anos, estreados de há pouco...Foi preciso estar mesmo muito doente, para os sacrificar de tal feito.. As peripécias que vivemos até chegar a França, ficam para um próximo dia, pois como devem calcular.cada linha escrita é por demais dolorosa.
Ma em França, assim que chegámos a casa, bebi água (nunca bebi tanta água na vida, como nessa época em que parecia morrer de sede) e pedi que me preparassem um banho de banheira bem cheia. Perfumaram a água do banho com suave perfume. E na água quente descontraí. Vesti de seguida uma clara camisa de dormir em algodão e deitei-me. Logo de imediato pedi que chamassem um médico com urgência.
O médico veio prontamente e contei-lhe tudo, pedindo-lhe que me marcasse consulta com um psiquiatra. Da primeira consulta com ele, receitou-me Dogmatil e Lexomil para para a angústia. Seis meses depois, estava curada, mas com 50 kg a mais.
Abraço-vos a todos.
Marília Gonçalves.
(so um aparte: a minha filha mais nova, ia quase seguindo o meu pai, o seu coraçãozinho de menina, foi-se abaixo e andou a tratar-se no cardiologista; o problerma foi resolvido.)
+1985/2024
30 ANOS SEM TI.
Tive que aprender a viver sem o teu braço, que sempre estava ao meu lado.
na véspera de partires, ainda subiste ao meu 4° andar, porque a mamã, te tinha dito
que eu estava a escrever Poesia, essa Deusa,num estilo diferente. Ouviste e gostaste, muito mesmo. Depois no Verão, quando cheguei a Faro, com os meninos.
o Algarve, estava vazio.Porque faltavas. Entre o teu voo sem regresso e o Verão, Tive muitos espetáculos que falando ao público te dedica em 1° a ti. Em FARO, que tanto amamos,disse Poesia num espetáculo desse génio do bem e Camarada, Carlos do Carmo. Mas entretanto, pai querido, a tua menina, a Liininha tinha enlouquecido.
Não se me consta que alguém endoideça de alegria.
Que caminhos a percorrer para me reencontrar. Mas os Camaradas, todos estiveram presentes e deram-me tanto carinho, tanta ternura, que alguns choraram.
Mas a minha inteligência esbarrava de encontro à tenrura e contra a dor. E por momentos percebia que estava doente. Dizia a Sandra, que durante a doença, fui mais humana que nunca. Filhos de Camaradas, adolescentes, visitavam-me em casa a levar recados de adultos.
Dizia que todos os Camaradas me adoravam, e que tinham ouvido alguém dizer, que eu tinha coração de pomba e a dor era forte demais, para que a tua morte passasse por mim, sem estragos. A Marília Morte, abraçava-me e soluçava abraçada a mim. O Zé Morte quando o fui ver à CGT--iN, passou o braço nos meus ombros e fez-me sentar num velho cadeirão estufado e trouxe-me um copo de água fresca e docemente pediu-me para descansar. Ali fiquei numa leve penumbra a tarde inteira. Depois agradeci-lhe as delicadas atenções, tão ternas, dessas que só os grandes Revolucionários sentem e partilham. Com eles estava em família.
e o Martins e a Zé, foram incensáveis em tanta estima que me deram. O Martins, passou uma noite de joelhos à minha frente a segurar-me as mãos. A Zé, todos os dias chorava abraçada a mim.
Num fim de tarde os dois levaram-me de carro a Loulé, a terra dos teus familiares maternos. Levaram-me à açoteia. Fechei os olhos e a levíssima aragem, na folhagem das árvores,escutava-a como um doce marulhar e serenou-me.
Dali, fomos para casa deles em Faro. A doce consequência do passeio a Loulé, como criança que embalam em inocentes canções, fez-me adormecer profundamente, até à manhã seguinte. Depois fui para casa.
A minha adorada Sandra Faro, pediu-me que assim que um pensamento triste ou que me amedrontasse, surgisse, que lho contasse logo, para que ela visse se não era fruto da minha imaginação. Minha querida filha, que com 17 anos foi incansável; no seu papel de mata-borrão do meu delírio.Tao novinha e tão grande peso sobre os seus jovens anos. Os meus outros filhos, (tinha quatro) a mais novinha com cinco anos, estreados de há pouco...Foi preciso estar mesmo muito doente, para os sacrificar de tal feito.. As peripécias que vivemos até chegar a França, ficam para um próximo dia, pois como devem calcular.cada linha escrita é por demais dolorosa.
Ma em França, assim que chegámos a casa, b+ebi água (nunca bebi tanta água na vida, como nessa época em que parecia morrer de sede) e pedi que me preparassem um banho de banheira bem cheia. Perfumaram a água do banho com suave perfume. E na água quente descontraí. Vesti de seguida uma clara camisa de dormir em algodão e deitei-me. Logo de imediato pedi que chamassem um médico com urgência.
O médico veio prontamente e contei-lhe tudo, pedindo-lhe que me marcasse consulta com um psiquiatra. Da primeira consulta com ele, receitou-me Dogmatil e Lexomil para para a angústia. Seis meses depois, estava curada, mas com 50 kg a mais.
Abraço-vos a todos.
Marília Gonçalves.
(so um aparte: a minha filha mais nova, ia quase seguindo o meu pai, o seu coraçãozinho de menina, foi-se abaixo e andou a tratar-se no cardiologista; o problerma foi resolvido.)
+1985/2024
Marília Gonçalves
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