Levantei voo de ti
segui rumo outro ocidente
em pura água te vi
Atlântico incidente
oceano que aprendi
a esquecer,
esquecer somente.
Procurei-te em maré alta
tão cheia de água redonda
que morro à sede por falta
do teu corpo em que se exalta
o espraiar de cada onda.
Onda maré de desejo
desta vontade de ter
não analógico beijo.
Mais um elo que ao prender
seja estuário ou o Tejo
nascente e foz a arder.
Ardentia, tom da água
ardência de amor que é meu
vem a onda traz mais mágoa
a levar-me contra a frágua
onde o amor se perdeu.
Perdição, historia de amor
sentimento, vida, dia
a pouco e pouco maior
a lembrar-nos o sol-pôr
desfeito na maresia.
Maresia, maré-vaza
aqui fico ébria de mar...
não regresso mais a casa
derradeiro golpe de asa
levou-me pra não voltar.
Marília Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário