Poema a meus Pais e Avó materna que me deixaram tão só
Não torno a ouvir bater à porta
essa porta que abria à gargalhada
vossas vozes não as oiço nunca
aperta o meu sentir na mão gelada.
Tiritam meus olhos
gelam lágrimas
a casa que largaram
está vazia
a poesia vai enchendo páginas
na dor dilacerada
pelos dias.
O eco de meu grito
é invisível
só eu sei onde anda
aonde vai
a neve que me aperta
e agonia
oiço-a cair
como profundo ai.
Se vou a vossa casa
é vão meu passo
o lar outrora chamejante
hoje é tão frio
perdeu sentido
a voz daquele instante
ao longe o Sado azul
não é o mesmo rio.
A cidade velhinha
é toda pedra
o chão vestiu de negro a minha voz
o som que de mim escuto
não é meu
as andorinhas fugiram do frio
tal como eu
Palmela anoiteceu.
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