À Humanidade
No ritual do riso
Despe-se o olhar de sombra
Acumulado e triste.
Paraíso? Não existe!
Apenas este esforço esta vontade
De transformar o mundo
O mundo que nós somos
Tão profundo
Que o passo conseguido
é do passado e é vencido.
Mas esta teimosia irreverente
Esta consciência aguda de ser gente
Vai-nos soltar a voz
até ao grito!
Ah! Glória a todos nós por tanto gesto aflito
Por este tropeçar e prosseguir
Por este querer andar mesmo a cair
E levantar o mundo de amanhã.
Glória a todos nós
à Humanidade
Que leva ao peito a ferida d'ansiedade
E grita ainda que a espera não é vã.
Glória a ti pois. A ti
ó Homem que te elevas
Monstro parindo as suas próprias trevas
E nelas chora e ri.
Marília Gonçalves
do livro "À Procura do Traço" Ediçoes ACAP 77-1991
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