Bucólico
Essa hora em que o sol tinge
A cal das velhas paredes
Da doçura de cor quente
Catedrais de densa sombra
As terras bebem na sede
Que lhes incendiou o dorso
No perfume das avencas
A trepar pedras do poço
Range a roldana se a corda
Furta a água em tom de zinco
Para vir depor na horta
Pérolas longas de vidro
As casas pobres sem trinco
Confiam a suas portas
À boa vinda a amigos
Que passam dentro da hora
Quando caminhos se ouvem
No voo das andorinhas
Ouvem-se bocas que entoam
O cantar verde das vinhas.
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