A luz divide multiplica na transparência liquefeita da areia. Desvendadores do aparente desprendem-se e mergulham na matéria. Similitude de nascente miniaturizada onde se cristaliza o acre dos dias. Espera perdida no vazio cúmplice, continuo. Perpetuar do mistério na velocidade cósmica do tempo. Mareante eterno em sumo luminoso espalhado desfeito em inquietação de movimento. Cadência intermitente do espaço percorrido por veias universais.
Bifurca a geminação contemplativa na acção transfigurada da luz. Célere o deslizar do vazio esconde a dimensão autentica de nós.
Tremeluzente objectiva propaga-se no ar à abertura incendiada.
M.G.
Tentei o voo. As asas que me acompanham adejam sobre meu sonho inquieto e buliçoso. Mais tarde o despedaçar da consciência encontra-me na ascensão rítmica das palavras. Água sobre caminho árido, esquecido. A mão persiste no gesto de desvendar o oculto. Floresce em palavras. Em tentativa imaterial estendo-me nos dias a atravessar a história. Mais longe o ar em movimento. O desbravar impreciso da ideia. Palavra apôs palavra, som apôs som levanto torre a furar o vindouro.
Desconhecido sol vaza os olhos em diâmetro articulado, descai das alturas, morde o deserto de pó. asas ignoraram sua interpretação, permaneceram no solo entre pensamentos por colher.
Encontro breve entre o instante e a poesia. Apaga-se paisagem em gesto descontînuo. Permanece em golpe no caminho, enquanto as asas na derradeira inspiração do voo
se incendeiam no ar.
Marilia Gonçalves
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