Teu corpo pede corpo de mulher
que nada peça, mas tudo saiba dar
corpo incendido no teu
veleiro de água e luar
que te leve pelas esteiras
das profunduras de amar
que saiba ser sangue e beijo
a saber de longe olhar
para em teu desejo ser
o incêndio a marulhar
ver teu olhar que desperta
entre sereias vogando
o teu desejo crescer
desnudos seios em bando
trilhando a espuma e saliva
desse vime que perdido
face ao corpo de mulher
sente febre de vencido
desse abismo sem igual
falésia sempre mais fome
sem que tua força dome
em teu desejo animal.
chegam de longe em seis véus
numa névoa oriental
mil sentidos que nos teus
vêm na fúria final
vencer febril o batel
que de velas enfunadas
vê assaltar em tropel
o mastro de horas salgadas
Marília Gonçalves
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