AO MEU PAI
Testamento
Lança as cinzas ao mar
ao Oceano
que tem fronteiras
nÙs queremos viajar
livres as cinzas
por nossas vidas
dantes prisioneiras.
Lança ao mar o sonho a percorrer
Nós iremos espraiar em Portugal
nossas cinzas no mar, ainda a arder
hão-de voltar à praia de outro sal.
Sabem a lágrimas as cinzas em viagem
mas o sonho é sempre verdadeiro
se no exílio a voz foi de coragem
serà heróico voltar ao chão primeiro.
Lança no Atlântico o que resta
da força que nÙs fomos, mas vencida
veremos reflorir como giesta
em festões d’oiro a água conseguida.
Iremos semear o mar imenso
da esperança de não ter partido ainda
importante afinal é o começo
da sementeira agora pressentida.
Deixa ir sobre as águas azuis, verdes
a nossa fundura vertical
porque na água estão as nossas sedes
de nunca ter deixado Portugal.
Se a história se escreveu no que passou
nas cinzas nosso corpo está presente
o mar da Liberdade nos levou
no caminho sem fim da lusa gente.
Que as cinzas vão ardendo sobre o mar
em derradeiro grito à Liberdade
pois nós seremos livres de voltar
pela força do tempo e da vontade.
E se nossa viagem se prolonga
a abraçar países infinitos
há-de chegar o dia em que se alonga
a saudade da terrra dos proscritos.
Voltaremos então a Viriato
à Pátria Lusa, em bandeiras de sol
o vento gravará nosso retrato
na leve luz da tarde, ao arrebol,
seremos outra vez, voz portuguesa
a vir poisar numa canção sem fim
na noite ardente de cada rouxinol
nossas cinzas serão mais um jardim.
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