A Infância
Do pranto duma criança
cada lágrima caída
quer seja ao sul ou ao norte
é sempre um insulto à vida
tenha quatro anos ou dois
dez ou quinze, ou um lactante
porque lhe atentam à vida
se a vida é sempre um instante.
Porque lhe calam o rido
que era alegre e confiante
e a todos, nós preciso
como água rumorejante.
O sol que nos
dá em luz
todo o viver infantil
quer seja Novembro ou Junho
seja Natal ou Abril
Assim tal qual a criança
é-nos estação prometida
que no seu passo d’esperança
é a flor da própria vida.
Tirar vida a uma criança
é esvaziar mar e rio
ver ruir uma montanha
ou mudar calor em frio
avezinha colorida
que ilumina nosso olhar
e traz em cada momento
o vento brando a cantar
Tudo é voz e movimento
paisagem que nos enleva
nos alegra sempre mais
e desfaz até a treva
na vida que vós nos dais!
Não maculeis a infância
que vale poesia.
E muito mais.
Marília Gonçalves