Onde moram os teus braços
Onde moram os teus braços longilíneos
como o rio que outrora não tinha margens,
contava as fugazes estrelas cadentes
e faziam ficar azul navegante os meus olhos.
Onde moram os teus braços estuário,
cansados de apanharem búzios na maré baixa,
só para ouvires canções de velhos marinheiros
engolidos pela bruma espessa das tormentas.
Onde moram os teus braços desassombro,
que navegavam todos os ventos agrestes
no meu corpo límpido e por vezes vadio,
quando as rosas eram rosas sem espinhos.
Onde moram os teus braços leito,
ramos de árvore, raíz, firme terra chão,
vida para além das Primaveras incumpridas,
baloiçar de carícias e equilíbrios feitos,
sexo no silêncio lento, dorido...interdito.
Onde moram os teus braços abrigo,
as madrugadas húmidas de esperança
onde cabiam as dores, as promessas, sorrisos,
agora que já só tenho o desejo incompleto
de saber teus braços na lonjura afagando
as ausências, sulcos de tristeza no meu rosto
.
Teresa Veludo
Livro Abraça-me em Maio
Almeida Júnior, Vénus de Milo
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