Se a cor do tempo me leva
onde nunca ninguém foi
luzinha a furar a treva
de quanto há tanto me dói
é que talvez me aperceba
nesse recanto de mim
do verso que de mim escreva
o segredo donde vim.
Se em palavras cambaleio
nas voltas que sempre dou
quando trago o olhar cheio
do mar que em mim se lavou
é que no som que procuro
há cutelos acerados
que esbracejam rente ao muro
dos versos silenciados.
Vou a caminhar na rima
sempre à procura de mim
sempre longe
e, mais acima
do que nunca chega ao fim.
Marília Gonçalves
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